Nem tudo está bem, quando acaba bem!

Luís MouraJulho 2, 20243min0

Nem tudo está bem, quando acaba bem!

Luís MouraJulho 2, 20243min0
Luís Moura argumenta que nem tudo está bem com a selecção nacional portuguesa, e apresenta a sua visão sobre os problemas internos

Começo pelo fim. Diogo Costa escreveu a mais bela página da sua carreira, tal como Ricardo em 2004 (atual treinador de guarda-redes da seleção nacional), ao defender pela primeira vez na história de um Europeu três penaltis, ainda para mais seguidos no derradeiro momento do jogo. Mas não só nos penaltis salvou Portugal. Defendeu com a ponta do pé uma bola inacreditável, depois do deslize de Pepe. Se não fosse Diogo, é certo, o discurso que agora tenho não seria o mesmo.

A seleção nacional iniciou o encontro com o regresso ao 4-3-3. Uma mudança que deve ser aplaudida e que, verdade seja dita, resultou ao longo do primeiro tempo. No entanto, no desenrolar da segunda parte, tudo descambou. Tudo mudou, porque o selecionador nacional decidiu fraturar o jogo. Ao tirar Vitinha, Roberto Martínez, deliberadamente retirou o motor da seleção nacional. Portugal estava a chegar sem dificuldade à grande área, não estava a conseguir concretizar, é verdade, mas sempre conseguiu colocar em sentido a Eslovénia. Vitinha saiu (com 100% de eficácia de passe, sim! 100%)  Ronaldo, Bernardo Silva e Bruno Fernandes ficaram. Jota entrou para ocupar um espaço que já estava preenchido, foi totalmente ineficaz, não por culpa própria. Quando a equipa perdeu performance, saiu Leão. Os mesmo de sempre ficaram, entrou Francisco Conceição para um lado que não o beneficia. Para quê? Para não mexer com Bernardo Silva que continuava a passar ao lado do jogo. Esta é a maior prova de que há uma máxima maior no balneário de Martínez: o estatuto. Que quase saiu caro à seleção nacional. Hoje, Martínez não só partiu o jogo como desmotivou um balneário repleto de jogadores que merecem um oportunidade, mas que não tem estatuto para tal.

Nem sempre as coisas estão bem, quando acabam bem. A nossa seleção não é candidata a vencer o Europeu. Porquê? Porque temos um balneário repleto de egos que se sobrepõe à equipa, até nos momentos mais negros do jogo. O selecionador recusa-se a tirar quem não cumpre o que é necessário. Para os portugueses o que conta não é cantar o hino nacional antes do início de cada jogo, não é adaptar-se à nossa cultura, é ter a coragem de mudar, de fazer, em todos os momentos, o melhor pela seleção.

Segue-se a França. Um adversário que não vive o melhor momento possível, mas que eliminou a Bélgica no tempo regulamentar. Tem um coletivo forte e uma ideia de jogo bastante definida. Não tem o caudal ofensivo de outros tempos,  mas mantêm a coesão defensiva que lhe reconhecemos. Hoje como no inicio do Europeu, ganhamos porque os deuses do futebol iluminaram o nosso caminho. Como não há duas sem três, espero que contra a França o mesmo aconteça. Mas que não se desengane, estamos muito aquém do esperado. Muito aquém do que estamos obrigados a fazer. Se conseguirmos derrotar a França, iremos defrontar nas meias Espanha ou Alemanha. As perspetivas não são as melhores, muito menos quando se avizinham seleções que são mais equipa do que Portugal.

Nem tudo está bem, quando acaba bem.

Foto de Destaque da Federação Portuguesa de Futebol.


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