A revolução/renovação de Rúben Amorim com mais alguns pormenores
O Sporting não podia estar a aproveitar muito melhor o reinício do campeonato e o calendário favorável. Com o Tondela sem grande pressão o Sporting construiu uma vitória tranquila na primeira meia-hora, gerindo depois o jogo até ao seu final.
Aos poucos a equipa vai conseguindo sacudir um pouco do peso de um começo catastrófico de campeonato e da profunda instabilidade que se gerou em torno da equipa. Essa é uma das notas mais importantes a retirar do jogo de ontem e que torna inevitável a pergunta: a gestão do esforço e controlo do jogo ontem efectuada seria possível com o ambiente que se vivia há meses em Alvalade, ainda por cima com uma equipa menos de 23 anos de média de idades?
A resposta é evidente o que torna também inevitável a reflexão que todos nós adeptos estamos obrigados a fazer relativamente ao nosso papel. Também não é menos verdade que o que se vê hoje em Alvalade está muito longe do pesadelo e do mal que fazia à saúde que era ver qualquer jogo nesse período e isso deve-se obviamente ao trabalho de Rúben Amorim com um plantel ainda por cima desequilibrado e reconhecidamente deficitário em qualidade.
Quanto ao jogo propriamente dito serviu para aclarar uma das dúvidas lançadas aqui no post sobre a partida anterior. Como reagiria o Sporting a uma equipa a jogar de forma mais conservadora, com um bloco baixo? O facto de os 2 golos terem nascido de bola parada ajuda a perceber as dificuldades que esta equipa sente em jogar dentro do bloco compacto do adversário. A primeira vez que o fez, numa excelente iniciativa de Plata, conseguiu a necessária injecção de tranquilidade com um golo monumental do homem do momento: Jovane.
Poucas mais vezes o conseguiu, o que não será certamente alheio ao facto de o jogador melhor talhado para ligar o jogo entre os médios e Sporar – Vieto – estar ausente. Aproveitar apenas a largura e utilizar os cruzamentos como meio de aproximação há área torna a tarefa defensiva mais facilitada ao adversário e introduz ainda mais aleatoriedade ao nosso ataque. Pede-se igualmente maior afoito aos médios – neste caso Wendel e Matheus – embora também parece evidente que há preocupação em não inventar e privilegiar a simplicidade de processos.
E que melhor contexto poderia ter Nuno Mendes para a sua estreia que um jogo tranquilo, um adversário pouco ambicioso e ter Mathieu à ilharga? Ainda assim fez um jogo muito competente, personalizado escondendo de forma competente a data de nascimento constante no bilhete de identidade. Forte a defender, está no lance que dá origem ao penalty e com a sua passada larga fez do corredor esquerdo a sua quinta. A exibição promissora foi premiada com um contrato até 2025, altura em que terá apenas 23 anos!
Ou seja, os três jogos pós-paragem forçada trouxeram novidades interessantes e promissoras que podem vir a surtir efeitos num projecto a longo-prazo, como terá sido o propósito da vinda de Rúben Amorim para Alvalade. As estreias de jogadores como Eduardo Quaresma ou Nuno Mendes, a recuperação de Jovane Cabral e o conseguir valorizar Wendell, Camacho e não só são pormenores que podem devolver alguma paz de espírito aos adeptos sportinguistas, que desejam ultrapassar a fase tumultuosa vivida nos dois dos últimos anos e o momento é ideal para que Rúben Amorim consiga ter espaço para fazer as alterações necessárias para devolver qualidade competitiva ao clube.
Detalhe para o facto que o plantel actualmente apresenta 10 jogadores portugueses, para além de 10 que ascenderam directamente das “escolas” – conta-se Rafael Camacho, que passou pela Academia entre 2008 e 2013 -, sendo dados relativamente importantes para perceber qual é a visão e a aposta da direcção técnica e staff do Sporting CP.