O mercado agitado da Liga BPI 23/24: os efeitos dos reforços

Cristiana PinaOutubro 17, 20237min0

O mercado agitado da Liga BPI 23/24: os efeitos dos reforços

Cristiana PinaOutubro 17, 20237min0
Cristiana Pina analisa o impacto do mercado agitado da Liga BPI 2023/2024 e como estes reforços têm influenciado o arranque da liga

O mercado da liga BPI fechou oficialmente no passado dia 22 de setembro, e chegou a altura de fazer um breve resumo dos principais movimentos. Desde a saída de estrelas como Clóe Lacasse ou Ana Vitória do Benfica, às revoluções no Braga, FC Famalicão ou Racing Power; os meses de julho, agosto e setembro foram muito agitados para os clubes da Liga BPI.

Comecemos por falar do Benfica, atual tricampeão nacional, que neste mercado de transferências viu sair duas das jogadoras mais influentes nos últimos anos nomeadamente a Clóe Lacasse e a Ana Vitória, para Arsenal e PSG, respetivamente. No sentido inverso, a turma encarnada protagonizou uma janela de transferências bastante agitada com vários nomes conhecidos: comecemos pela Andrea Falcón, a avançada espanhola tem um currículo que fala por si: é campeã europeia pelo Barcelona, e vencedora de todos os títulos nacionais em Espanha; e internacional por Espanha em dez ocasiões; outra jogadora bem conhecida foi Marie Alidou, a internacional pelo Canadá foi uma das melhores jogadoras da temporada anterior, com o FC Famalicão, premiado com um salto qualitativo.

Do Famalicão chegaram também as médias Laís Araújo e Letícia Almeida; enquanto do Braga chegou a lateral Paige Almendariz; Fora de portas chegou a guarda-redes alemã Lena Pauls, que imediatamente assumiu a titularidade da baliza encarnada, tendo sido decisiva na conquista da supertaça; para o ataque chegou Svava Gudmundsdóttir, avançada islandesa, que teve a infelicidade de se lesionar gravemente na primeira titularidade, diante do Atlético Ouriense. Decorridas quatro jornadas, o Benfica é já líder isolado da liga feminina com 12 pontos, mais dois que o segundo classificado, o Sporting de Braga.

Andre Falcon (Foto: SL Benfica)
Andre Falcon (Foto: SL Benfica)

Após o afastamento precoce da luta pelo título nacional na última temporada, o Braga protagonizou um verão bastante agitado com onze entradas, e várias saídas. A primeira novidade em terras bracarenses inicia com a contratação do técnico Tomás Tengarrinha, proveniente do Damaiense; seguida de um “assalto” ao vizinho Famalicão com seis jogadoras provenientes de Vila Nova, e outra ao vizinho de Vila Verde. Mylena, Sissi, Vânia Duarte, Aline Lima e Maria Miller trocaram o Famalicão pelo Sporting de Braga, após uma época histórica onde conquistaram uma Taça de Portugal; Madalena Marau também assinou pela equipa bracarense, ela que foi uma das melhores laterais na temporada passada; um prémio merecido para uma das melhores jogadoras do campeonato.

Reforçou a defesa proveniente do Sporting. Íris Esgueirão e Ana Carolina, provenientes do Albergaria, são também reforços, mas a pensar no futuro. Como mencionado acima, o Famalicão promoveu uma autêntica revolução na composição do plantel, para se ter uma noção apenas três jogadoras transitaram da equipa que venceu a Taça de Portugal, nomeadamente as capitãs Regina Pereira e Raquel Infante, e a jovem Maria Negrão, esta última por empréstimo do Benfica, De entre as várias caras novas o destaque recai sobre as internacionais portuguesas Vanessa Marques e Matilde Fidalgo, provenientes de Braga e Bétis, respetivamente; e de nomes como Sara Brasil, Andrea Mirón, Érica Bispo ou Sara Monteiro, jogadoras que regressaram a Vila Nova, após vivenciarem outras experiencias desportivas. Lexy Smith, Sara Pavlovic ou Maria Rodrigues são outras jogadoras que vieram adicionar experiência internacional ou irreverência e juventude. Outra novidade foi a contratação do experiente técnico Miguel Santos, campeão nacional com o Braga em 2018/2019.

O Sporting, ao contrário de outros anos, manteve o núcleo duro do seu plantel tendo apenas a registar a saída de Chandra Davidson, Melisa Hasanbegovic e das jovens Joana Dantas e Carolina Beckert. No registo de entradas destaque para o regresso da internacional portuguesa Fátima Pinta, após uma época na Liga Espanhola, e para a internacional canadiana Olivia Smith; Jacynta Gala proveniente do Celtic da Escócia, e Andrea Norheim, do HB KØGE, da liga dinamarquesa. Vinda do Famalicão, Gabriela Vinhas, defesa central, internacional pelas camadas jovens de Portugal, também reforçou a equipa leonina, que vai continuar a ser treinada por Mariana Cabral, que renovou no verão com as leoas até 2025.

Como disse anteriormente, esta mercado da liga feminina, foi dos mais movimentados dos últimos anos registando várias saídas e entradas nos 12 clubes da liga. O Valadares Gaia, atual terceiro classificado e até agora uma das equipas surpresas da liga, promoveu vários regressos ao clube contratando nomes como Malu Schmidt, Rita Dias, Maria Baleia ou Cristiana Vieira. Erica Parkinson, avançada de 15 anos, que já é internacional pelas camadas jovens inglesas é o nome que devemos manter debaixo de olho. Após ter-se destacado pelos escalões jovens do Leixões, a jovem está a conquistar o seu espaço no patamar mais alto do futebol feminino português. Após uma época abaixo do esperado, onde lutou pela manutenção, o Marítimo manteve a sua estrela maior, a avançada Telma Encarnação, e procurou criar um núcleo forte com base assente na jogadora portuguesa. Contratou jogadoras experientes como Mariana Jaleca, Laura Luís e jovens como Sofia Silva, Telma Pereira ou Clara Nóbrega; e aposta na prata da casa como a lateral Joana Silva ou a média Lara Costa.

Racing Power, equipa que se estreia na Liga BPI após se sagrar campeão da segunda divisão e que promete ser um dos projetos a seguir nos próximos anos, pela aposta no futebol feminino. De recordar que são um clube criado recente, criado em 2019, e que se dedica em exclusivo ao futebol feminino. Vindos da segunda divisão reformularam o plantel quase na totalidade, transitando apenas cinco jogadoras da temporada anterior: Dulce Quintana, Michaely Bihina, Solange Carvalhas, Evy Pereira e a jovem Joana Pinheiro; e uma avalanche de reforços vindos de várias partes do mundo; desde os Estados Unidos com a chegada de Kala McDaniel ou Jenny Vetter; Canadá com a presença de Holly O’Neill; Nigéria com a contratação de Mrcy Idoko ou Doly Wabeua da seleção dos Camarões.

A liga portuguesa feminina atrai cada vez mais jogadoras de todo o mundo, e a prova disso são as várias nacionalidades presentes. Uma prova de que o futebol feminino português é cada vez mais reconhecido fora de portas. No que diz respeito a jogadoras lusas, a equipa do Seixal contratou várias caras conhecidas da Liga BPI como Babi, Carolina Pocinho, Matildes Figueiras ou Neuza Besugo.


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