Mudanças no Futebol Feminino… A Solução Perfeita?
Com a suspensão de todos os campeonatos não profissionais, o futebol feminino sofreu. A Liga BPI terminou e não foi declarado campeão ou qualquer subidas e descidas. Consequentemente, a Fase de Campeão da II Divisão também terminou e ninguém subiu.
E aqui estava o maior problema a ser resolvido. O grande investimento que as várias equipas da II Divisão fizeram, não iria ser retornado. Não iriam subir ao principal escalão e em termos financeiros teriam que continuar a suportar custos de I Divisão.
No dia 16 de abril o SCU Torreense, o Fiães SC e o Amora já tinham feito um pedido à FPF para exporem uma “posição conjunta sobre a decisão da FPF em terminar os campeonatos sobre sua jurisdição”.
No entanto, no dia 6 de maio, a FPF decidiu fazer um “Plano de Relançamento do Feminino” onde ajustou os quadros competitivos da Liga BPI.
O que muda?
Afinal, ainda há esperança para o Futebol Feminino. Como descrito em 2 artigos anteriores, urgia uma decisão sobre o futuro do futebol das mulheres. E foi isso que aconteceu. Vamos então entender as mudanças.
A grande diferença é que a Liga BPI vai ser alargada de 12 para 20 equipas e que as 8 equipas que sobem são aquelas que ficaram em 1º em cada Série. Essa é a grande mudança. Na impossibilidade de se jogar e de se comprovar a justiça de quem são as 2 que merecem subir, sobem aquelas que melhor estiveram na 1ª fase.
Para além disso, fica ainda a ideia de que esta decisão trará mais competitividade à Liga BPI. Há que diga o contrário – Domingos Estanislau, presidente do CF Benfica afirma que a decisão foi uma “encomenda de alto quilate” e que só vai diminuir a competitividade – mas a verdade é que o formato da competição mudou e não vão ser 20 clubes todos contra todos.
A Liga BPI fica assim disposta: 20 equipas, 10 na Série Norte e 10 na Série Sul. As 4 primeiras equipas de cada Série vão para a fase de campeão a ser jogada entre 8 equipas. As outras 12 vão para a fase de manutenção, onde 6 dessas equipas, descem à II Divisão. Na temporada 21/22 sobem apenas 2 ao 1º escalão e fazem-se 2 séries de 8 equipas.
Terá sido a opção mais justa, dentro das possibilidades. Supõe-se que a federação não queria mais ninguém a jogar, então colocou de fora a possibilidade de se fazer algum tipo de playoff ou continuação da Liga. Não quis subir aquelas que estavam em 1º neste momento, já que ainda só estavam decorridos 2 jogos da fase de campeão.
Optou então por aumentar o número de clubes da Liga BPI e fazer subir aqueles que melhor estiveram na 1ª fase. Foi a melhor solução? Foi a solução perfeita? Nunca iriam ficar todos satisfeitos e uma decisão teria que ser tomada. Ficam os parabéns à FPF, no nome de Mónica Jorge, Diretora da FPF para o Futebol Feminino, pelo esforço em garantir estas mudanças.
Quem sobe afinal?
8 equipas a subir à Liga BPI e muitas delas com investimento para isso.
Das séries A, B, C e D sobem Gil Vicente, Famalicão, Boavista e Fiães. São os representantes da Série Norte. Destaque para o Famalicão orientado por João Marques, ex-Benfica, que desde cedo afirmou que era o grande candidato à subida.
Das séries E, F, G e H sobem Condeixa, Torreense, Atlético CP e Amora. A série Sul era onde as decisões iriam ficar mais quentes. Condeixa, Torreense, Amora e até Paio Pires tinham o objetivo de subir de divisão (imagine-se que só um destes é que iria subir) e acabaram mesmo por ver o seu desejo concretizado.
Condeixa já estava para subir há 2 anos, chegou agora a sorte grande. Torreense e Amora fizeram um grande investimento e eram os únicos da Série Sul com 2 vitórias nos 2 jogos. Falta apenas o Paio Pires que fez também um grande investimento mas ficou pelo caminho, tendo terminado em 2º na Série H.
Fica assim definido o quadro competitivo da Liga BPI, para a temporada 2020/2021, faltando ainda perceber como se vai realizar a II Divisão e tal III Divisão que se esperava ver criada.
Uma última nota para o esforço da FPF em validar o investimento dos clubes da II Divisão, em prol do futuro do Futebol Feminino em Portugal.