E agora, qual o futuro para o Futebol Feminino em Portugal?
Este artigo é escrito como um paradigma de como perspetivar o futuro do futebol feminino em Portugal, tendo em conta a pandemia que afetou o mundo, recentemente.
A Federação Portuguesa de Futebol já suspendeu todas as provas não-profissionais, referindo ainda que não haverá subidas nem descidas e não irá consagrar nenhum campeão nessas provas.
No que ao futebol feminino diz respeito, os 2 campeonatos foram cancelados. O SL Benfica, que podia no espaço de um ano vencer todas as competições que disputou, já não vai levantar o troféu. E no espetro oposto, A-dos-Francos, Cadima e Ovarense que estavam a fazer um campeonato muito fraco, conseguem manter-se na Liga BPI.
A fase de campeão da II Divisão já estava bem encaminhada, já com 2 jornadas disputadas em cada Série, seguindo na frente o Famalicão e o Torreense. A luta seria intensa, até ao fim, ainda com Amora, Paio Pires e Condeixa a disputar a subida com a equipa de Torres Vedras.
Não obstante, ao que parece, o sonho acabou. O comunicado da FPF é claro quanto ao términus destas 2 competições e não havendo subidas nem descidas, já não há qualquer hipótese. Alguns clubes já se manifestaram contra esta decisão e referem que qualquer outra decisão seria a mais viável.
Há que perceber a posição dos clubes. Houve um grande investimento por parte de alguns e ver que não podem concretizar esse investimento, nem na secretaria nem em campo, é naturalmente injusto e frustrante.
O primeiro problema que encontramos é claramente o investimento feito e a falta de retorno sem grande opção. Mas o grande problema pode vir ainda mais à frente.
Uma das grandes consequências desta pandemia para todos os clubes são as dificuldades financeiras e com isso, algumas modalidades pode ser extintas; é com enorme desgosto que acredito que o futebol feminino pode ser um dos primeiros a acabar nos clubes.
O futebol masculino é a haste de praticamente todos os clubes em Portugal e se alguns clubes tiverem que acabar com outras modalidades para continuarem com o futebol feminino, é muito provável que o façam; e mais uma vez, o futebol feminino irá ser um dos sacrificados.
E a partir daqui partimos para o grande problema e que a FPF tem que refletir sobre. Se os clubes acabarem com o futebol feminino a modalidade cai a pique. Uma modalidade que estava a crescer a olhos vistos pode, agora, cair por terra num piscar de olhos.
Há que pensar e refletir sobre isso. Naturalmente que as decisões têm que ser tomadas e que qualquer uma que fosse tomada, não iria agradar a todos. Mas é necessário, acima de tudo, pensar na modalidade em si, a longo prazo.
São estas as questões que deixamos, mas também um alerta para que se reflita sobre o que realmente queremos para o futebol feminino e as consequências que podem advir destas decisões.
Não querendo trazer uma perspetiva demasiado dramática e pessimista para este tema, a verdade é que a realidade pode ser mais negra do que pensamos.
Os votos são de força e confiança para todos os clubes e que continuem a acreditar no futebol feminino em Portugal.