Morrer na praia, no caminho para o Campeonato da Europa 2022
Portugal começou a caminhada para este Campeonato da Europa a 4 de Outubro de 2019 com uma vitória sobre a Albânia por 1-0. O grupo não era fácil com Escócia e Finlândia a mostrarem-se (e depois a confirmarem) ser os adversários mais ferozes. Albânia e Chipre ainda muito distantes das outras seleções.
Em 8 jogos a seleção das quinas, que se encontra em 30º do ranking FIFA, totalizou 6 vitórias, 1 empate e 1 derrota. De uma forma geral venceu as escocesas, as albanesas e as cipriotas e apenas perdeu pontos com as finlandesas. Um empate e uma derrota ditaram o caminho de Portugal para o play-off e o sucesso da Finlândia – atual 25º no ranking FIFA – apurando-se diretamente para a fase final do Euro 2022.
À entrada para os últimos 2 jogos (frente a Finlândia e Escócia) a equipa comandada por Francisco Neto poderia ter praticamente garantido o acesso direto se vencesse as finlandesas, jogo que perdeu por 1-0, golo sofrido nos instantes finais da partida.
As guerreiras portuguesas enfrentaram e deram luta a 2 seleções com expectativas e aspirações mais altas que a sua e acabaram por bater-se e “morrer na praia”. Este acesso à fase final seria fundamental para o crescimento e visibilidade do futebol feminino em Portugal. Mas o sonho teria sido adiado.
Chegando ao play-off, a tarefa não se avizinhava fácil. A Rússia, 23ª no ranking FIFA, trazia mais experiência em fases finais (5 participações em Campeonatos da Europa passados) e mais coesão (nos 2 jogos realizados, do 11 titular, 7 jogam no mesmo clube). Não obstante, a recente mudança no comando técnico – Yuriy Krasnozhan chegou há cerca de um mês – trazia alguma esperança para as portuguesas.
O núcleo duro das convocatórias manteve-se praticamente intacto, apenas com as exceções de Jéssica Silva (apenas pôde jogar a 2ª mão), Diana Silva (Aston Villa) e Vanessa Marques (Ferencváros). Ana Dias (Zenit) e Ana Rute (Condeixa) foram as chamadas a substituir as jogadoras.
Na 1ª mão, no Estádio do Restelo, a infelicidade caiu sobre a guarda-redes leonina, Patrícia Morais, quando ao minuto 51 deixou-se ficar mal na fotografia ao não segurar uma bola que se parecia fácil. Na 2ª mão, em Moscovo, Portugal necessitava de marcar, mas a consistência defensiva das russas levou a melhor, deixando as portuguesas pelo caminho.
No conjunto das 2 mãos, a seleção nacional perdeu apenas por 1-0, não conseguindo marcar qualquer golo e ficando a eliminatória marcada por um erro individual.
Em suma, Portugal teve mais bola, atacou e conseguiu criar perigo várias vezes, mas não conseguiu marcar. Apesar de Francisco Neto afirmar que “disputamos jogos com todas as seleções sem medo de nenhum” e que “tudo fizemos e tudo trabalhámos” para alcançar a fase final do Campeonato da Europa, a verdade é que a Seleção Nacional Feminina falhou nos pormenores e nos momentos cruciais.
Depois da histórica qualificação para o Europeu 2017, nos Países Baixos, certamente que todo o grupo quereria repetir a proeza. Porém, parece ainda faltar algo à equipa das quinas. A competitividade na Liga BPI ainda não é a desejada (mas está a aumentar), a chegada de jovens jogadoras parece vir aumentar a qualidade e algumas jogadoras até conseguem trazer a experiência do estrangeiro, mas parece ainda ser pouco, para Portugal dar um passo em frente no Futebol Feminino europeu e mundial.
Portugal, não morreu na praia, mas sim na gélida metrópole da capital russa. Que o futuro traga mais alegrias para o futebol feminino português