O Estranho Caso do AC Milan na Serie A: Conseguirá Reerguer-se?

José Nuno QueirósNovembro 20, 20194min0

O Estranho Caso do AC Milan na Serie A: Conseguirá Reerguer-se?

José Nuno QueirósNovembro 20, 20194min0
O AC Milan é o segundo clube com mais Ligas dos Campeões, é um dos maiores nomes do futebol italiano, apresentou-nos equipas memoráveis que apaixonaram gerações anos a fio, mas hoje parece um clube banal em Itália. Mas afinal o que aconteceu?

Em tempos (não muito longínquos) falar de AC Milan era o suficiente para deixar toda a gente com um “arrepio na espinha” se soubesse que o seu clube ia defrontar o gigante italiano. O respeito pelo clube de lendas como os Maldini (pai e filho) ou Baresi sempre foi enorme, mas isso parece hoje em dia completamente invertido.

Convém antes de mais relembrar que o AC Milan foi o último clube a ser campeão em Itália antes do domínio da Juventus que partiu para 8 títulos seguidos, no entanto, na nossa cabeça a época de 2010-2011 parece bem mais longe do que o é na realidade, tudo porque até custa a crer que um clube possa cair tanto em apenas 8 anos…

E é precisamente de um Milan completamente destruído que vamos falar mais à frente. O clube de Milão é neste momento o 14º! classificado da Serie A italiana apenas 4 pontos acima da linha de água e a 6 pontos do último classificado (Milan com mais um jogo disputado que o Brescia), algo que contrasta com os 19 pontos a que está da líder Juventus ou dos 9 pontos que os separam do último lugar europeu.

Quem ou como se poderá salvar o AC Milan? (Fonte: Bleacher Report)

Mas para percebemos o que se passa hoje em dia, vamos ver qual o fator que ditou o afastamento da elite do futebol italiano.

Olhando para o último plantel campeão do AC Milan é possível ver que são muito poucos os atletas que continuam no ativo, sendo que apenas Thiago Silva e Sokratis continuam a jogar ao mais alto nível. Isto acabou por trazer um enorme problema ao clube, a falta de retorno financeiro! A maior parte deste jogadores custou bastante dinheiro ao clube (tendo em conta os valores pagos à época) e acabaram por sair a custo zero, por terminar a carreira no clube de Milão o por sair a preços simbólicos fruto da sua idade avançada.

Esta perda quase instantânea de toda uma geração obrigou a um desafio impossível: Reformular uma equipa inteira sem qualquer entrada de financiamento proveniente do mercado. Isto implicaria uma capacidade negocial e estratégica na escolha de jogadores brutal, algo que falhou redondamente como era esperado.

E esta bola de neve de tentar compensar ano após ano os fracassos de anos anteriores, com cada vez menos poder negocial e de investimento e com o acumular de mais “flops” tornou infelizmente o histórico clube num adversário banal e acessível, apenas agigantado por aquilo que é o seu passado no futebol italiano e europeu.

O clube mesmo tendo um dos melhores guarda-redes do campeonato, Donnarumma, e um dos melhores avançados da liga, Piatek, consegue apresentar este ano uma diferença de golos negativa (-5) e marcou menos de 1 golo por jornada (11 golos em 12 jogos), manteve apenas 3 vezes a baliza inviolável (2 delas em jogos frente aos 2 últimos classificados) e perdeu todos os duelos com os rivais (Lazio, Fiorentina, Roma, Inter e Juventus). Nem se consegue imaginar onde estaria esta equipa sem as suas duas maiores estrelas…

Chegou a hora dos dirigentes do AC Milan “acordarem” e perceberem que o problema vai muito além do treinador que escolhem para a sua equipa, pois sem apresentarem um projeto sólido, com um bom plantel e com ambições maiores, nenhum treinador competente e bem sucedido vai arriscar a sua carreira num clube apenas por amor ou pelo que foi no passado.

Donnarumma é neste momento o maior ativo do clube, mas já esteve perto de sair… a custo zero (Fonte: Getty Images)

É importante que o AC Milan não cometa os erros do passado e rentabilize os seus principais ativos antes que seja tarde de mais (A novela Donnarumma que esteve quase a sair a custo zero deve servir como um BOM exemplo), porque por mais bonito que seja mantermos Gattusso, Ambrosini, Pirlo, Seedorf, Ronaldinho ou Inzaghi por muitos anos não podemos perder a lucidez e achar que os mesmos vão ser eternos ou que o seu valor não diminui apesar de já terem 34, 35 ou 36 anos.


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