La Liga Scouting #8 – Javi Ontiveros (Villarreal CF)
Foi já perto do final do mercado que o Villarreal avançou para a contratação de Javi Ontiveros ao Málaga. O extremo espanhol, de 22 anos, regressou assim à La Liga, com o “Submarino amarillo” a pagar cerca de 7,5M€ pelos seus serviços.
Nascido em Marbella, cidade costeira da província de Málaga, na Andaluzia, Ontiveros cumpriu todo o seu percurso futebolístico no clube malaguenho. Cogitado como um dos maiores talentos da formação do clube nos últimos largos anos, estreou-se no principal campeonato espanhol com apenas 18 anos, mas acompanhou o seu clube de sempre para a 2ª Liga espanhola, aquando da descida do Málaga, em 2018. Regressa agora pela “porta grande”, para tentar ajudar o Villarreal a recuperar o seu estatuto de equipa da metade superior da tabela, que parece ter-se desvanecido nas mais recentes temporadas.
A nível internacional, talvez por alguma falta de exposição no contexto clubístico, Javi ficou-se pelos sub-19 espanhóis, não tendo actuado mais pela selecção desde então. Um dado que poderá eventualmente alterar-se no futuro, caso o jogador mantenha a assinalável evolução que tem tido nos últimos dois anos da sua carreira.
O futebol de Ontiveros
É a mistura de criatividade e objectividade que definem Javi Ontiveros enquanto jogador. Apesar de possuir uma estampa física comum (1,75m), o espanhol aparenta sempre ser mais “baixinho” do que aquilo que realmente é, pela forma como o seu estilo de jogo se assemelha ao dos típicos desequilibradores com baixo centro de gravidade.
Constantemente em movimento, sente-se confortável a jogar em ambos os flancos, sendo que oferece qualidades distintas à equipa em função do corredor onde actua. Na direita, Javi é muito mais um jogador que procura a linha de fundo e que desequilibra no 1×1, com vista a fornecer os companheiros mais adiantados. Já na esquerda, por outro lado, transforma-se num jogador com uma maior variabilidade de recursos, atacando com regularidade o espaço central e promovendo combinações curtas com os seus colegas, de forma a poder dar uso à sua visão de jogo e a uma capacidade de remate acima da média.
Defensivamente, apesar de não se destacar em nenhum aspecto em particular, demonstra-se participativo e capaz de auxiliar o lateral do seu corredor em tarefas defensivas. Para além disso, é hoje um jogador bem mais consistente do que aquele que surgiu pela primeira vez na La Liga, e esse factor tem certamente grande preponderância no seu rendimento, não só defensivo como no jogo em geral.
Tecnicamente bem acima da média no drible e no passe, é no entanto o remate que merece maior destaque, quando falamos deste jogador. A sua meia distância é uma maravilha, e não raras vezes, dá origem a golos “de levantar o estádio” e a lances espectaculares e de grande “nota artística”. No entanto, e de forma algo paradoxal, isto leva-nos também à maior lacuna de Javi e ao aspecto que o separa de outros patamares: as suas qualidades não se traduzem ainda em números de “encher o olho”.
Mesmo na temporada passada, onde assumiu claro protagonismo numa fase final, Ontiveros apontou apenas 5 golos e 4 assistências em 34 jogos. Números que não se coadunam com os do principal desequilibrador de uma equipa. Sendo verdade que estes são, muitas vezes, fruto do contexto, é também verdade que o extremo espanhol deve continuar a evoluir no último terço do terreno, de forma a materializar o talento que tem em resultados efectivos para si próprio e para a sua equipa.
Porém, com apenas 22 anos, com larga margem de progressão e com o crescimento sustentado exibido em tempos recentes, Javi Ontiveros promete dar ainda muito que falar no futebol espanhol.