La Liga: que futuro?
Este é, sem dúvida, um artigo diferente de todos os outros, e certamente um que nunca esperamos escrever. Mas a verdade é que a “La Liga” – tal como todos os outros grandes campeonatos e eventos desportivos do globo – se encontra neste momento “em pausa”. Suspensa, sem prazo expectável de regresso, devido à ameaça causada pelo COVID-19, um coronavírus que já se constituiu como a grande pandemia do planeta no século XXI.
Espanha tem sido, de resto, um dos países europeus mais afectados pelo vírus, e a decisão de suspender todas as competições – para o bem de toda a população – surge naturalmente e no seguimento de cancelamentos similares prévios (a Serie A foi o primeiro grande campeonato europeu a ser suspenso, muito em parte devido à especial agressividade e propagação do vírus em Itália). À data deste artigo, há já vários casos de jogadores da La Liga que testaram positivo para o vírus (sendo que Valencia e Espanyol são os clubes mais afectados por esta pandemia, com inúmeros casos de jogadores e elementos técnicos contagiados) e este continua a espalhar-se pelos quatro cantos do globo.
Um drama de proporções quase surreais, que levou a medidas inéditas e que, bem recentemente, seriam absolutamente impensáveis. Medidas essas que, por sua vez, levantam outra questão: e agora? Qual será o futuro da época 2019/20, para o futebol espanhol?
As possibilidades
Em cima da mesa existem, obviamente, vários caminhos viáveis e passíveis de serem seguidos pelas federações europeias. Isto numa altura em que a UEFA já anunciou, oficialmente, que as finais da UEFA Champions League e da Europa League estão marcadas para o final de Junho e que o Europeu de Futebol foi adiado para 2021. Sinal claro de que a prioridade é terminar as competições nacionais e europeias de clubes.
Desde logo, a primeira possibilidade avança com a ideia de… acabar tudo tal como está agora. Ou seja: o campeão seria o actual líder do campeonato, as qualificações para as competições europeias seriam determinadas pelas actuais classificações dos clubes e as despromoções seriam também uma realidade para os clubes que se encontram neste momento abaixo da “linha de água”. Uma proposta que levanta, obviamente (e como todas as possibilidades, diria), várias questões e problemas de mérito e justiça desportiva.
A segunda possibilidade seria a de terminar as contas da época no final da primeira volta. Um cenário ainda mais polémico do que o anterior, dado que Barcelona e Real Madrid, por exemplo, estavam empatados (!) no topo da classificação aquando do fim da jornada 19. Para além disso, existiam diferenças entre a classificação “europeia” e os lugares à data, relativamente à classificação actual. Numa nota pessoal, penso que esta será talvez a possibilidade mais irrealista (dentro daquilo que se poderá considerar realista, no contexto actual).
Para além disso, várias outras possibilidades têm também surgido nos últimos dias, desde uma espécie de “playoff” para apurar o campeão e os classificados para as competições europeias, até à simples – e brutal – anulação da época, iniciando-se assim 2020/21 exactamente com as mesmas equipas na La Liga. Resta saber como se evitaria o tremendo prejuízo que seria impedir a promoção das equipas presentes na La Liga 1|2|3, por exemplo. Eventualmente, um alargamento temporário do campeonato, de forma a acomodar essas equipas, poderia estar também em cima da mesa.
Com tantas possibilidades, e face às intenções claramente demonstradas pela UEFA nos últimos dias, a melhor solução passaria sempre pelo terminar da época no seu formato normal, com os restantes jogos internos e externos a realizarem-se em “tempo recorde”. Tendo em conta que o Europeu foi já adiado, alargar os limites habitualmente determinados para o fim das competições – estendendo-as até ao pico do Verão, em Agosto – poderia permitir uma normalização do futebol mundial num curto espaço de tempo, sem prejudicar em demasia o calendário das próximas temporadas e das respectivas equipas. Algo que, seguindo as melhores previsões das entidades governamentais e de saúde, poderá ser mesmo a opção a seguir por parte de todas as federações nacionais.
Seja qual for o caminho a seguir, uma coisa é certa: estamos em terreno desconhecido, e tudo aquilo que vier daqui para a frente será inédito também no panorama futebolístico. Resta confiar no futuro e acreditar que tudo vai ficar bem, e que em breve voltaremos a ter Messi, Benzema, Piqué ou Sergio Ramos nos relvados, a fazer aquilo que melhor sabem fazer.