Da distrital para o topo: 4 jogadores que irão voar outros ares
Não é segredo para ninguém que Portugal é uma mina de ouro no que a talento futebolístico diz respeito. O jogador português está presente de forma regular e constante nos melhores campeonatos, nas melhores equipas e nas melhores competições internacionais. Contudo, existe outro “mundo” futebolístico português longe desses grandes holofotes. Um “mundo” onde também existem grandes competições, grandes equipas e consequentemente grandes jogadores, apenas não têm a visibilidade que merecem. Quando falo nesse outro “mundo” estou a referir-me ao futebol amador ou distrital.
Os campeonatos da distrital escondem talentos à espera de uma grande oportunidade para demonstrar o seu real valor, lembremo-nos de Matheus Nunes que há cinco épocas atuava nos distritais ao serviço do Ericeirense ou então mais recentemente Tiago Lopes, ponta de lança da B-SAD, que há duas épocas defendia as cores do Sporting Lourel, de Sintra.
Neste artigo, vou enumerar atletas dos distritais de Lisboa mas sem dúvida com talento e potencial para os nacionais:
1. Ricardo Delgado, Extremo, Estoril Praia B
Com a sua formação entre CD. Belas, Real SC ou Rio de Mouro, Ricardo Delgado de 24 anos atua preferencialmente pelo corredor direito do ataque apesar de também poder jogar sobre a esquerda. Extremo rápido e de facilidade no drible, ganha a maior parte das situações de um contra um graças à sua velocidade. Acrescenta ainda a essas mais valias características físicas interessantes para um extremo (1,78cm), o que lhe concede um outro recurso caso não consiga ganhar os lances através da velocidade ou do drible. Conta ainda com 5 golos e 2 assistências em 6 jogos na 2ª Divisão de Lisboa, números que fazem dele um jogador claramente a acompanhar no futuro;
2. João Pedro Costa (Jota), Avançado, Tires
Atualmente ao serviço do Tires da 1ª Divisão de Lisboa, Jota passou por Sporting Lourel e 1º Dezembro na sua formação onde se estreou no Campeonato de Portugal ao serviço deste último. Com uma polivalência que lhe permite jogar em diferentes posições do campo e em diferentes esquemas táticos, Jota destaca-se pela sua inteligência de movimentos de leitura de jogo. Pode jogar como extremo, médio ou ponta de lança mas é sobretudo como 2º avançado que utiliza a sua grande arma: capacidade de jogar entrelinhas e receção orientada para a próxima ação que vá ter, seja ela uma tabela, um passe ou mesmo o remate. Apesar da sua baixa estatura (1,72 cm), Jota revela um bom poder de impulsão, o que lhe permite atacar a baliza adversária para responder a cruzamentos;
3. Christian Mate, Extremo, Alta de Lisboa
A cumprir a segunda temporada ao serviço do Alta de Lisboa, Christian tem sido um dos principais responsáveis pelo bom início de campeonato do Alta na 1ª Divisão distrital de Lisboa. Formado no Linda a Velha e no Damaiense, é através do corredor esquerdo do ataque que mostra todas as suas valências: muito forte no ataque à profundidade graças à sua velocidade, embala bem a partir de trás e torna-se muito difícil travá-lo devido ao seu poderio físico concebido pelo seu 1,80 de altura. Não é um extremo de procurar zonas interiores e tentar receber entrelinhas, é sobretudo um extremo de linha, joga sempre bem aberto e procura receber a maior parte das vezes a bola no espaço. Quando não recebe no espaço rapidamente se enquadra com a marcação e procura ganhar a frente do lance, seja através da velocidade ou da capacidade física;
4. Kevin Steinert, Médio Centro, União Mucifalense
Claramente um jogador para outros voos, tendo em conta que atualmente está ao serviço da União Mucifalense da 3ª Divisão distrital de Lisboa. Fez toda a sua formação ao serviço do Sporting Lourel, desde os petizes até aos seniores e conta ainda com duas épocas ao serviço do Negrais, onde rapidamente se assumiu como peça chave na equipa. Kevin, luso-alemão, é um autêntico box-to-box, um jogador que faz tudo em campo. Intenso, pressionante, bom tecnicamente, forte no jogo aéreo, boa chegada à área e capacidade de finalização, potência física, velocidade e desarme. Com as devidas comparações, faz lembrar Milinković-Savić da Lazio pelas suas características e forma de jogar. É estranho ver um jogador deste calibre na mais baixa divisão de Lisboa, contudo é sabido que a escolha do jogador pelo Mucifalense se deveu ao facto de estar perto de casa e de poder assim terminar a faculdade, foi por isso que o atleta rejeitou alguns convites oriundos do Campeonato de Portugal. Mesmo assim, não deixa de ser um caso estranho devido à qualidade do jogador, contudo, aos 22 anos, Kevin ainda está claramente a tempo de alcançar outros patamares.