VAR no Brasileirão e Supercopa do Brasil, as novidades de 2019
Após polêmicas envolvendo o VAR em 2018, desta vez CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e equipas da Série A do Brasileirão entraram em acordo para implantar a melhoria tecnológica da vez e retificar o erro ocorrido na edição anterior. Com os custos divididos entre as partes, além de outras votações feitas neste início de ano, o Fair Play detalha quais foram as decisões que permearão a época de 2019, a iniciar pela criação de uma nova Copa que, ainda que interfira no abarrotado calendário brasileiro, é mais uma atração do país do futebol.
Habemus VAR
Se em 2018 a inovação tecnológica foi rejeitada em votação das equipas (12 votos contra 7, e 1 abstenção), em 2019 o panorama foi outro, e o VAR foi aprovado por unanimidade. Explica-se: em 2018, a proposta da CBF era de aplicar o assistente de vídeo com 100% dos custos bancados pelas equipas. E o valor médio era de 20 milhões de reais, algo em torno de 4,6 milhões de euros na cotação atual, o que foi recusado pela maioria naquele ano. Desta vez, CBF e clubes irão dividir os custos, sendo que a CBF ficará responsável por bancar todo o aparato tecnológico e infraestrutura, enquanto as equipas pagarão a parte de custos humanos, em todos os 380 jogos em 38 jornadas do Brasileirão.
A empresa que vai operar o assistente de vídeo é a mesma que atuou no Mundial da Rússia em 2018. A Hawk-Eye venceu a concorrência da Ernst & Young, o que também fez o custo diminuir um pouco. Fato é que, futebolisticamente falando, o campeonato só tende a crescer, se levarmos em considerações alguns itens que também precisam ser implementados junto com o simples ecrã ao lado do relvado. Mesmo já sendo utilizado, por exemplo, na Copa do Brasil e no Campeonato Paulista (ambos a partir dos quartos de final), também aplicado em mais oito campeonatos estaduais pelo Brasil nas fases finais (Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Ceará, Paraíba e Bahia).
É necessário que acompanhemos a evolução do treinamento e conhecimento do uso por parte dos árbitros e até mesmo de jogadores e comissão técnica. Todas essas partes precisam se aprofundar no conhecimento das regras, de como o VAR pode ser usado, e quando/como aproveitar-se da tecnologia. O mesmo vale para os adeptos, mesmo que estes tenham porções de emoção muito mais envolvidas para criticar o uso (ou a falta do) quando uma jogada duvidosa se apresentar.
A Supercopa do Brasil vem aí
Novidade também foi a criação de uma nova Copa para abrir o Brasileirão. Após os campeonatos estaduais, e mesmo com competições continentais já em andamento, a CBF e as equipas aprovaram a Supercopa do Brasil, jogo do atual Campeão Brasileiro contra o campeão da Copa do Brasil. O jogo seria único, em local neutro previamente definido, porém para início apenas em 2020, o que significa que ainda saberemos quem serão as equipas. Se o jogo já ocorresse este ano, Palmeiras (campeão brasileiro em 2018) e Cruzeiro (campeão da Copa do Brasil em 2018) seriam os competidores.
A ideia de um embate entre os dois campeões nacionais é muito interessante do ponto de vista esportivo e até mercadológico. As equipas poderiam explorar de forma mais profunda a Copa, como também já fazem diversos outros países. A única atenção seria ao calendário de jogos. Ele já é extremamente recheado, com dificuldades inclusive de serem encaixadas outras competições nacionais e continentais, e esta copa só reforça o pensamento em diminuir ou mudar o formato dos campeonatos estaduais. Para 2019, ficaria ainda mais complicado devido ao tempo em que as equipes ficarão paradas por conta da Copa América, a ser realizada inclusive no Brasil.
Limite de troca de treinadores: reprovada
Outra medida, esta mais controversa, foi limitar a troca de técnicos durante o Brasileirão. A proposta foi de que cada equipa poderia ter, no máximo, dois treinadores ao longo da competição (o que daria direito de apenas uma troca durante o ano). Esta medida visa a diminuição da quantidade de demissões de treinadores no Brasil, o que acaba por ser uma marca do campeonato. Em votação, apenas o Atlético Mineiro votou a favor da medida. O Flamengo liderou a contraproposta, de manter a troca ilimitada de treinadores, de acordo com a vontade de cada gestão, e as demais 18 equipas da Série A apoiaram o Fla.
É comum que a maioria das equipas não terminem o Brasileirão com o mesmo treinador que começaram, salvas algumas exceções. Mas isso não quer dizer que as trocas sejam pensadas ou benéficas. O simples fato de culpar o treinador pelo mal momento das equipas não é exclusividade do Brasil, mas aqui há um estigma de que gerar um fator novo, um choque no elenco, pode saltar a performance, mas nem sempre isso ocorre. O Brasil passa por diferentes ondas, seja de treinadores estrangeiros, ou treinadores novos de categorias de base ou auxiliares sendo alçados ao posto principal, mas a onda de permanecer com o mesmo treinador para construir uma identidade não parece estar próxima.