As jogadoras chave da época dourada do SL Benfica
Quatro títulos internos, e uma caminhada histórica na Liga dos Campeões fizeram desta época, a melhor temporada da história da secção feminina do Benfica. As tetracampeãs juntaram o campeonato, a supertaça, a Taça de Portugal e a Taça da Liga, um quádruplo inédito e histórico no futebol feminino português. Numa época que iniciou com duas saídas de peso: a avançada Cloé Lacasse e a média Ana Vitória, o Benfica soube reforçar-se com várias jogadoras conhecidas seja do futebol nacional, seja do futebol internacional: Marie Alidou, Andrea Falcón, Laís Araújo, Lena Pauls e Chandra Davidson (chegada em janeiro) assumiram um maior protagonismo. Marie-Yasmine Alidou, vinda do Famalicão, assumiu-se como uma das protagonistas, da temporada.
Não só subiu os números da época anterior para o dobro, de 12 para 26 golos, como se tornou fundamental para Filipa Patão. Bisou contra o FC Barcelona, no histórico empate das encarnadas frente às bicampeãs da europa; marcou ao Lyon, Frankfurt e FC Rosengård. Foi protagonista na Liga dos Campeões, e ajudou o Benfica a fazer história, com o apuramento inédito para os quartos de final da Women’s Champions League.
Não se pode falar desta época encarnada sem Lúcia Alves, para mim a melhor jogadora deste campeonato. Os números falam por si: 11 golos, 17 assistências, aos 26 anos a internacional portuguesa protagonizou a melhor temporada da carreira; essencial a atacar, a lateral foi uma autêntica arma a desbloquear jogos, com a sua velocidade e imprevisibilidade.
Na seleção tem vindo a ganhar protagonismo também, tendo-se estreado a marcar nesta paragem internacional, com um bis frente à Irlanda. Com a saída de Cloé Lacasse, Kika Nazareth assumiu-se como figura de cartaz do Benfica. Melhor marcadora do campeonato com 28 golos, tendo somado sete assistências. Assumiu a camisola 10 no início da temporada, e foi uma autêntica criadora do jogo: muitas das jogadas criativas passaram por ela; e juntou a isso a veia mais goleadora da carreira. Golo, último passe, Kika Nazareth assumiu sem medo a responsabilidade e tornou-se invariavelmente a estrela da equipa. Andreia Faria é outro nome que tem de ser associado à época histórica das encarnadas, depois de um período onde passou mais despercebida, Andreia Faria assumiu o protagonismo no meio campo.
Cerca de 3500 minutos disputados, quatro golos apontados (um deles o histórico golo nos quartos de final da Liga dos Campeões perante o Lyon) e seis assistências. Foi um autêntico pêndulo do meio campo, importante quer no momento ofensivo, quer no momento defensivo. Intensa, mas com velocidade e assertividade no passe, aos 24 anos Andreia Faria é uma das certezas do futebol feminino português.
De desconhecida do futebol português a uma peça fulcral, frase que descreve perfeitamente a época de Lena Pauls. Chegou ao Benfica com algumas reticências fruto dos poucos minutos jogados no Werder Bermen, nas últimas temporadas, muito devido à ACL sofrida, a guarda redes alemã cedo dissipou as dúvidas que houvessem. Começou a época a “ajudar o Benfica” a conquistar a Supertaça, ao defender três penaltis, no derby com o Sporting; seguiram-se depois várias defesas decisivas na Liga dos Campeões, à cabeça vem aquele penalti defendido na Alemanha, de Laura Freigang, no último lance do jogo, e que praticamente selou a classificação histórica do Benfica para os quartos de final da competição. A guarda-redes alemã foi uma peça vital neste quádruplo do Benfica, com muitas defesas importantes nas várias competições. Assumiu-se como uma das melhores guarda-redes da liga, e cobriu uma das lacunas, da equipa. Uma menção honrosa para Carole Costa. A central internacional portuguesa e uma das capitãs das águias, assumiu a responsabilidade de marcar vários penaltis decisivos esta temporada, nomeadamente os três golos nos últimos dois jogos da temporada frente ao Racing Power; onde os primeiros dois foram decisivos para a conquista do campeonato, e o outro na final da Taça de Portugal, importante na conquista do troféu. Chamada nos momentos decisivos a experiente central disse presente, e demonstrou a sua mais valia à equipa.
Para terminar uma palavra para o trabalho de Filipa Patão. Na sua quarta temporada como treinadora principal do Benfica, a treinadora demonstrou a sua qualidade, e sobretudo a sua fibra como líder. Nem sempre bem-amada pelos adeptos, a treinadora conseguiu implementar a sua tática e tirar o melhor rendimento do plantel que tinha à sua disposição. Na fase de grupos da Liga dos Campeões, soube ler o que os jogos pediam e anular as vantagens competitivas dos adversários (recordo a segunda parte do Benfica x Barcelona, no seixal); ou os dois confrontos com o Eintrackt Frankfurt. À imagem da equipa, também Filipa Patão tem-se tornado uma treinadora mais madura, e consciente daquilo que o jogo precisa nos seus vários momentos.
REEEEEMOOONTADAAAAAA
⚽ Kika Nazareth pic.twitter.com/dMOb8GCFnE
— SL Benfica Futebol Feminino (Apoio) (@BenficaFem) March 23, 2024