Independiente Avellaneda: Voltar a ser o Rei de Copas
O Club Atlético Independiente é apelidado pela generalidade dos adeptos como o Rey de Copas pelo seu vasto historial na Copa dos Libertadores da América. O Diablo Rojo conquistou-a por 7 ocasiões, tendo-a vencido por quatro vezes consecutivas entre 1972 e 1975. A última vez que levantaram o maior troféu continental sul-americano foi já no longínquo ano de 1984. À data Ricardo Bochini – considerado por muitos como um dos maiores talentos argentinos – era a grande figura do Independiente.
O clube que lançou “Kun” Aguero para a ribalta do futebol tenta agora voltar a conquistar títulos nacionais – que foge desde 2002 – e voltar a levantar uma taça continental, neste caso a Copa Sul-Americana, prova que venceram pela primeira vez em 2010. Têm pela frente nos oitavos-de-final, os também argentinos, Atlético de Tucuman. Um rival complicado que venceu na 1ª mão do encontro por 1-0.
Após a conquista da Sul-Americana em 2010, seguiu-se duas épocas de algum brilhantismo na mesma competição, ainda que sem a vencer, mas a nível interno o Rojo, teve o episódio mais infeliz da sua história: desceram à II Divisão. A derrota a 15 de Junho de 2013, por 1-0, com o San Lorenzo ditou a descida de escalão. A soma das três últimas épocas não dava para que o Independiente conseguisse a salvação. Além da descida de divisão o clube passou também por uma grave crise financeira que só se resolveu com a subida de divisão (logo no ano seguinte a ter descido) e com a chegada de Hugo Moyano – actual presidente – que resolveu a situação financeira do clube.
Em 2015 voltaram a competir no principal escalão do futebol argentino e desde então têm feito sempre campanhas muito boas. Além de que têm lançado alguns treinadores e jogadores para o continente europeu, desde logo Mauricio Pellegrino, o actual técnico dos ingleses do Southampton foi o obreiro do 5º lugar conseguido em 2015 do Rojo. Saiu para regressar a Espanha onde orientou por uma temporada o Alavés. Gabriel Milito foi o seu sucessor, mas ainda que com uma ideia de jogo atractiva, jogavam bem mas não materializava o bom futebol em vitórias, e por isso acabou despedido em finais de 2016.
Ariel Holan
Ariel Holan foi o elegido, era o homem do momento na Argentina, de quem toda a crítica desportiva falava e elogiava pelo futebol atractivo com que pôs o humilde Defensa y Justicia a praticar. À data estava sem clube, tinha cessado funções com o Defensa há umas semanas e estava ali à mão de semear um treinador de muita qualidade.
Com 56 anos, Ariel Holan, argentino da grande cidade de Buenos Aires só tem 4 épocas como treinador principal, foi precisamente no seu anterior clube que deixou de ser treinador-adjunto e passou a liderar o projecto ambicioso do Defensa Y Justicia. Foi adjunto de Jorge Borruchaga (curiosamente com passagem pelo Independiente) e de Matias Almeyda por uma temporada no River Plate.
No entanto, Ariel Holan não tem um passado como jogador de futebol profissional, muito menos iniciou a sua carreira desportiva ao mais alto nível no futebol. Começou pelo Hóquei em Campo e dirigiu durante dez temporadas várias equipas argentinas e fechou a sua carreira – antes de mudar-se para o futebol – ao serviço da selecção feminina do Uruguai, tendo conseguido um 3º lugar nos Jogos Panamericanos de 2003. Seguiu-se então o futebol e encontrou-se com o já citado Jorge Borruchaga e daí em diante foi seu adjunto.
Modificar para ganhar
Chegado ao clube, Ariel Holan teve de mudar muitas coisas que estavam mal no clube. Passavam por tempos muito complicados a nível de resultados e havia jogadores em baixo rendimento, para piorar, esses intérpretes eram vaiados pelas suas gentes que perdiam a paciência com a falta de resultados e não viam melhorias.
A primeira modificação foi em implementar uma identidade à sua equipa e exterminar com anarquia que vinha a ser evidente há meses. Chamou os adeptos para que fizessem parte deste processo, o apoio ia ser fundamental. E pediu alguma paciência, eram tempos de mudanças, e, como qualquer mudança exige tempo, tempo esse que no fundo é os “resultados”.
Os treinos foram modificados, novas regras, novos exercícios e tudo feito ao detalhe e carregado de novas tecnologias. Drones, GPS de rendimento e levou consigo analistas tácticos (ele nos inícios da sua carreira no hóquei em campo foi analista). Tudo ao detalhe feito por um detalhista.
Ricardo Bochini, máxima estrela do clube, não quis perder pitada e lá estava o argentino de 63 anos, campeão do Mundo ao lado de Maradona em 86 (Maradona tem uma enorme admiração pelo compatriota e antigo companheiro da “celeste”), em todos os treinos e não faltava a um jogo do “seu” Independiente.
Aposta na juventude
O plantel tem muita juventude entre os quais se destaca o jovem Ezequiel Barco de apenas 18 anos de idade. Mas também Bustos, Tagliafico, Emiliano Rigoni e Benítez. Alguns dos nomes próprios que eram bastante criticados nas bancadas pelos rendimentos menos conseguidos nos meses anteriores. Sobretudo Rigoni (agora no Zenit) e Benítez.
A Tagliafico deu-lhe a braçadeira de capitão, além das responsabilidades dentro das quatro linhas, Holan achou por bem que o jovem de 24 anos ficasse com a braçadeira. E não Erviti que seria o mais normal, uma vez que é um dos jogadores mais experientes do plantel. Tagliafico que é um dos jogadores mais promissores do plantel. O baixinho de 1,71m já foi chamado à selecção por Jorge Sampaoli e pode jogar como defesa-central e lateral-esquerdo.
Criou condições para que Emiliano Rigoni, Benítez e Ezequiel Barco jogassem os três em simultâneo sendo eles os protagonistas dos ataques velozes e assertivos do Independiente. Armou um 4-2-3-1 com Barco, Rigoni e Benítez a deambular entre eles no apoio a Albertengo ou Emanuel Giglioti. Na retaguarda deste trio joga habitualmente Erviti e Nery Dominguez ou Nicolas Domingo (recente contratação).
Nos corredores laterais Bustos (direita) e Sanchez Miño (jogador que antes estava quase a ser vendido) voam sobre os flancos com bastante facilidade. Garantem um bom apoio no terço ofensivo e dão sempre bastante amplitude ao jogo posicional do Independiente. Habitualmente os centrais são Tagliafico e o jovem Franco (20 anos). Esta época chegou vindo da Europa Amorebieta e Gastón Silva, com estas duas incorporações, o clube ganhou experiência no sector defensivo, além de que ganham mais opções de qualidade. Na baliza Martin Campaña leva a melhor sobre Damián Albil.
Substituir Emiliano Rigoni
O Zenit de Saint Petesburgo este verão virou-se com muita atenção para os jogadores argentinos, e além de Driussi, Paredes e Kranevitter, a equipa de Roberto Mancini também contratou ao Indepeniente. Emiliano Rigoni foi o elegido. O jovem extremo mudou-se para a cidade russa a troca e 9M€, deixando assim os de Holan desfalcados, perdendo um elemento do trio BBR (Barco-Benítez-Rigoni).
Esquerdino por natureza actuava a partir do flanco direito para poder em diagonais invadir zonas onde pudesse finalizar. Tendo conseguido apontar 13 golos e 7 assistências num total de 47 partidas pelos diablos rojos. É também mais um talento vindo de Córdoba (cidade de Paulo Dybala) a chegar à Europa e com formação no Belgrano.
Ariel Holan tem agora a árdua tarefa de encontrar o substituto ideal para a posição onde actuava o cordovês. Uma das variantes foi colocar Benítez sobre o corredor direito e apostar em Meza como médio-ofensivo e assim não abdicar do seu 4-2-3-1.
Mantendo a estrutura base o substituto que está na calha para suceder a Rigoni é Gastón Togni. Produto das escolas do Independiente o jovem extremo de somente 19 anos foi a grande aposta de Holan no primeiro jogo sem Rigoni, em Tucumán a contar para a Taça Sul-Americana. O melhor marcador das inferiores do Independiente em 2015 assume-se como a futura jóia da coroa e poderá assim ser o substituto ideal do agora jogador do Zenit, Emiliano Rigoni.