A luta a 6 pela manutenção
Contrariando os clubes que lutam sempre pelo título, os clubes que lutam pela manutenção são sempre diferentes. Estes nem sempre têm estabilidade, por vezes financeira, por vezes desportiva e por vezes até os 2. O FairPlay analisa aqui aqueles clubes que estarão na luta por não descer.
CD Aves
O Desportivo das Aves terminou, na época passada, no segundo lugar da Ledman LigaPro. A apenas 3 pontos do campeão Portimonense, a equipa de Vila das Aves conseguiu assim a desejada subida. Mas desde aí muito mudou nesta equipa recém promovida. José Mota foi trocado por Ricardo Soares no comando técnico e o ex-Chaves pretende afirmar-se finalmente na primeira divisão portuguesa. Depois de sucessos nas divisões inferiores com o Vizela, a passagem pelo Chaves não se mostrou bem conseguida e o Aves aparece como uma oportunidade interessante para o técnico de 42 anos, lutando pela manutenção.
Mas foi na contratação de jogadores que o Desportivo das Aves se destacou. 27 caras novas, 9 delas titulares no primeiro jogo da época frente ao Sporting Clube de Portugal. Mas não foi só na quantidade que o Aves trabalhou. Os reforços combinam experiência e irreverência, segurança e apostas de futuro. Diego Galo, Braga, Petrolina e Derley têm provas dadas na Liga NOS, Facchini, Washington Santana e Nélson Lenho são jogadores seguros e que acrescentam qualidade à equipa. E depois há a irreverência e juventude de Salvador Agra, Ryan Gauld, Ponck e Rodrigo, os três primeiros chegados por empréstimo.
No primeiro jogo na Liga NOS o Desportivo das Aves perdeu, por 2-0, com o Sporting CP. Apesar da derrota (contra um grande), a equipa mostrou bons apontamentos e, se Ricardo Soares pegar bem na equipa, o projeto tem tudo para atingir os seus objetivos. O conjunto de jogadores parece capaz de conseguir a manutenção mas conseguirão, como equipa, fazê-lo?
CD Tondela
O Tondela teve uma época atribulada. Fugiu à linha de água pela diferença de golos com o Arouca e apenas na última jornada. Pepa foi o salvador da pátria: quando assumiu o comando técnico o Todela encontrava-se no último lugar da Liga NOS. E é na capacidade do timoneiro de 36 anos que a direção do Tondela confia para alcançar a desejada manutenção.
O Tondela reforçou-se bem, com alguns jogadores interessantes e que podem fazer a diferença. A irreverência de Tyler Boyd e a experiência de Ricardo Costa (contratado diretamente para assumir a braçadeira) são exemplos disso. Para além disso Pepa conta ainda com 3 pilares a época passada: Cláudio Ramos, Claude Gonçalves e Hélder Tavares.
O sucesso desta equipa dependerá do que o seu jovem treinador conseguir criar com o grupo ao seu dispor. Pepa não tem o melhor plantel da luta pela manutenção mas tem um conjunto equilibrado e experiente.
O primeiro jogo da temporada terminou com um empate a uma bola no terreno do Feirense. Um jogo equilibrado, com um resultado justo e com boas indicações por parte do Tondela. A luta pela manutenção será feita jogo a jogo e, quem sabe, a estrelinha estará novamente do lado de Pepa.
FC Paços de Ferreira
Com um término de época mau e acabando a temporada com apenas 8 vitórias, o Paços parte para a nova época com algumas esperanças de ficar na 1ª Liga. Vasco Seabra continua no comando e a sua disputa será em manter o clube na principal liga portuguesa.
Os castores, com um plantel ainda grande, podem esperar possíveis saídas (há que referir que já houveram algumas as saídas assim como entradas), mas no geral manteve-se grande parte do plantel.
Tendo estado há alguns anos nas portas da Champions (!!), é quase inacreditável que os pacenses estejam agora a lutar por não descer. Seja por má gestão do clube em termos de treinadores, de jogadores ou até de incapacidade financeira, a verdade é que foi uma descida, seja de objetivos ou até de classificações em si, bastante má para os castores. A entrada de maior nome é a de André Leão, que será fundamental no meio-campo dos auriverdes na sua luta, contando ainda com os já versados, Mário Felgueiras, Marco Baixinho e Ricardo.
Moreirense FC
A equipa de Moreira de Cónegos teve, em 2016/2017, uma época de altos e baixos. Apesar da vitória histórica na Taça da Liga (eliminando o Benfica nas meias-finais), o 15º lugar do campeonato foi desapontante. Apenas um ponto acima da linha de água e com 3 treinadores diferentes durante a temporada, a instabilidade foi o grande problema do Moreirense.
Esta nova época começa com múltiplas mudanças: Manuel Machado no banco e mais de uma dezena de jogadores. O técnico de 61 ano chega ao Moreirense com largos anos de experiência de primeira Liga. Promete levar para Moreira ideias consolidadas e lições para o plantel jovem que os minhotos apresentam.
Mas era preciso compensar as saídas (por fim do empréstimo) de Podence e Francisco Geraldes. Assim, o Moreirense contratou Jhonatan, Rúben Lima, Abarhoun, Kouao, Bruno Ramires, Alfa Semedo, Rafael Costa, Arsénio e Fati, todos titulares no primeiro jogo. São 9 estreias que mostram a vontade de mudar que o clube tem. A manutenção não será fácil e a falta de experiência e juventude do plantel serão limitações a ultrapassar. Sem a principal figura da época passada (Podence) não será um caminho tranquilo até à ambicionada manutenção.
O primeiro jogo trouxe um empate contra um Vitória de Setúbal reduzido a 10 unidades. Empate esse que mostrou dificuldades da equipa na construção e finalização. Cabe ao experiente Manuel Machado levar este jovem plantel a bom porto e dar mais uma alegria aos seus adeptos.
Os Belenenses
Após algumas divergências entre a SAD e o clube no final da temporada passada, os ânimos parecem ter acalmado. Apesar disso, o Belém parte para a nova época com imensas mexidas no plantel e já começou o campeonato com uma derrota fora de portas frente ao Rio Ave. Ainda com um plantel relativamente grande e, por conseguinte, ainda em aberto, são esperadas algumas saídas do plantel.
Com Domingos Paciência ao leme desde o final da temporada passada, é possível que o Belenenses possa sentir várias dificuldades para se manter na 1ª Liga. Não esquecendo as instáveis quezílias entre Rui Pedro Soares e Patrick de Carvalho, que afetam sempre a equipa e ainda a má gestão por parte da SAD presidida pelo mesmo Rui Pedro Soares – artigo sobre a má gestão da SAD para ver no Fair Play – que acaba quase sempre com um treinador despedido.
Mantendo apenas algumas das suas pedras basilares como João Diogo, Gonçalo Silva, Florent, Miguel Rosa e André Sousa, o Belenenses precisa de estabilidade, ou seja, que o seu treinador tenha tempo para organizar os seus homens, não sendo pressionado para ter resultados imediatos. O ideal seria, então, fazer uma temporada serena, sem objetivos de pontos e lutar jogo a jogo, para que se vá construindo uma equipa forte e coesa, fazendo com que todas as entidades remem para o mesmo lado.
Portimonense
O recém-promovido Portimonense arrancou da 1ª jornada uma vitória frente ao Boavista em casa, no entanto, é plausível afirmar que estarão na luta pela manutenção. Com algumas saídas, foi necessário colmatar as mesmas com algumas entradas e assim foi. Os alvinegros chegam ao início do campeonato com o plantel já praticamente definido, estando perto daquele que é o número ideal de jogadores no plantel.
O mestre da 2ª Liga quis, desta vez, ficar com o clube com que subiu, sendo que em 5 temporadas, subiu 5 clubes diferentes tendo mudado de clube, época após época. Contudo, continuou no comando dos algarvios nesta época 2017/2018, a fim de manter e estabilizar o clube na 1ª Liga.
E a estrelinha deste Portimonense será mesmo o seu treinador. O experiente, Vítor Oliveira tentará comandar as suas tropas para fugir à despromoção. Contando com alguns jogadores já da época passada e também eles experientes, como Ricardo Pessoa, Ewerton, Paulinho e o goleador Pires, será interessante assistir à época dos algarvios. Não obstante, poderão não ter a capacidade de se superar em momentos mais adversos, não sendo uma equipa habituada a grandes palcos. Terão a vantagem de conseguirem ir buscar forças onde, por vezes, elas não existem quando jogam em casa, mas nos jogos fora, poderão ainda não ter a capacidade de dominar o adversário e impor o seu jogo.