O raio-X ao Olympique de Marselha de André Villas-Boas
O treinador André Villas-Boas estreou-se na atual temporada em terreno Francês, assumindo assim o comando técnico do Olympique de Marselha. O técnico de 42 anos, abandonou o futebol em 2016 e posto isto, dedicou-se ao Automobilismo. Desta forma, o coração esteve sempre ligado ao desporto-Rei e envergou recentemente este projeto ambicioso. Deste modo, é fácil relembrar o seu enorme percurso onde esteve no comando técnico de clubes tais como: FC Porto (campeão da Europa League e competições internas), Chelsea, Tottenham, Zenit, e por último em terreno Chinês no Shanghai SIPG.
O técnico Português entrou no projeto com o objetivo de “acordar” o enorme Olympique de Marselha, e desta forma, lutar pelo título da Ligue 1 bem como, garantir a qualificação para a UEFA Champions League. Posto isto, podemos analisar que o campeonato Francês é uma competição conhecida pelas grandes batalhas físicas, transições e ainda a grande qualidade individual.
Subordinadamente à experiência e qualidade deste treinador, concilia-se algumas características que estão inerentes nos sistemas táticos tais como: a pressão alta que impõe à perda da bola, bem como, na primeira fase de construção do adversário, e por último, a consistência do núcleo no meio campo de forma aos jogadores estarem o mais juntos possível dentro das quatros linhas.
Mas, afinal como se organiza a equipa de André Villas-Boas ?
Tendo por base a organização ofensiva, a formação utilizada é preferencialmente o 4x3x3, tendo como aspeto principal as construções apoiadas. De acordo com as ideias do líder, a formação do Olympique varia nas transições ofensivas, ora sai pelos defesas com posse de bola, ora tende a sair pela transição direta de jogo, colocando a bola diretamente para as alas ou para o meio-campo. Desta forma, a visão de jogo e qualidade técnica dos médios Morgan Sanson, Valentin Rogier e Maxime Lopez encaixam perfeitamente nas ideologias da zona intermédia.
Analisando a formação de Marselha, existe algumas especificidades interessantes que o técnico coloca jogo-após-jogo tais como: a variação de posição entre os jogadores, a presença constante do lateral Jordan Amavi em zonas interiores, e por consequência, o extremo esquerdo Dimitri Payet atua pela zona exterior do mesmo lado. O médio centro Morgan Sanson, ataca preferencialmente a profundidade realizando assim, movimentos verticais com ou sem bola, dando largura ao lateral. Da mesma forma, mas do lado oposto do campo a mesma situação repete-se, diferenciando apenas o atleta pois atua Valentin Rogier, um médio muito evoluído tecnicamente e taticamente.
Tendo por base a organização defensiva, o técnico André Villas-Boas impôs na equipa uma enorme agressividade na saída de bola do adversário. Atuando num esquema tático de 4x3x3, os médios interiores realizam uma pressão alta, sendo novamente os médios Morgan Sanson e Valentin Rogier. Deste modo, ambos os médios são muito fortes fisicamente e desta forma, atuam com o objetivo de fechar as linhas de passe obrigando assim o adversário a jogar por dentro. Ainda assim, quer jogue Kevin Strootman ou Boubacar Kamara o papel que interpretam nesta posição é de certa forma crucial na equipa do Olympique de Marselha, pois desta forma, cobrem os espaços vazios dando assim, a possibilidade de os interiores avançarem no terreno, formando o típico 4x3x3.
Relativamente à organização defensiva, existe algumas especificidades que o técnico colocou tais como: o controlo da profundidade defensiva, isto é, com a agressividade dos jogadores e ainda a pressão alta ao portador da bola. Posto isto, e feita a recuperação do esférico, procuram rapidamente a verticalidade em transição, e para isso, o papel de Dimitri Payet é fundamental devido a capacidade de progressão no terreno e qualidade no 1×1 que o extremo possui.
Em suma, as modificações táticas que o treinador André Villas-Boas realizou teve efeito imediato e desta forma, o Olympique de Marselha ocupa o segundo lugar da tabela classificativa da Ligue 1, estando numa diferença de oito pontos do líder PSG. Mas, será que a simbiose entre o conhecimento tático do líder com a qualidade técnico-tático dos jogadores podem transportar o clube para o palco da Champions League?