A renovação tática de Piero Gasperini na Atalanta Calcio

Gonçalo FariaNovembro 22, 20195min0

A renovação tática de Piero Gasperini na Atalanta Calcio

Gonçalo FariaNovembro 22, 20195min0
O treinador Italiano Gian Piero Gasperini chegou à Atalanta na época 2016/2017 e desde então surpreendeu tudo e todos ao qualificar o clube para a Champions League na época passada. Mas, com as saídas de Bryan Cristante, Franck Kessiê e Andrea Petagna até onde irá a Atalanta na atual época?

O treinador Italiano Gian Piero Gasperini chegou à Atalanta Calcio proveniente do Génova na época de 2016/2017, e desta forma elevou rapidamente o nível competitivo da equipa. Como tal, durante as quatro temporadas que já comandou obteve classificações entre o sétimo e terceiro lugar na tabela. De maneira que na época passada conquistou o terceiro lugar da Serie A, qualificando-se assim para a Champions League.

O técnico de 61 anos utiliza características impressionantes quer na organização defensiva, quer na organização ofensiva, tendo por isso um dos melhores ataques da liga Italiana. Nos momentos ofensivos, utiliza preferencialmente o jogo exterior e procura explorar constantemente a profundidade, não obstante, detém de algumas peças-chave nos corredores, quer central, quer lateral. Além disso, apresenta características específicas também visíveis nos momentos defensivos tais como: a marcação individual, obrigando os seus jogadores a acompanhar os adversários cerradamente, bem como, na pressão ao portador da bola nas saídas de jogo.

Fonte de imagem: Forbes

Mas, afinal como atua a equipa surpresa da Serie A?

De acordo com as ideias do técnico, a formação Atalanta Bergamasca Calcio varia o esquema tático consoante os momentos de jogo, isto é, nos momentos de organização ofensiva enquadra-se num 3x5x2, em contrapartida, na organização defensiva atua num 5x3x2.

Posto isto, analisando primeiramente a organização defensiva, podemos verificar traços permanentes em todos os jogos disputados. Particularmente, os alas da equipa Bergamasca recuam no terreno para compensar a ausência de jogadores, formando assim, uma linha defensiva composta por cinco atletas, sendo três deles defesas centrais. Além disso, a marcação é feita individualmente utilizando maioritariamente duelos fortes, tendo por isso, referências na marcação em todo o jogo. Em terrenos intermédios, observámos algumas lacunas e descompensações por causa de existir apenas três jogadores no meio campo, visto que a dificuldade torna-se elevada para fechar os dois corredores ao mesmo tempo, ora o central, ora o lateral. Como tal, para colmatar essa escassez, os avançados recuam ligeiramente, por consequente, realizam pressão na fase de construção do adversário de modo a forçar o erro.

De seguida, quando recuperam a posse de bola transitam rapidamente para o ataque com duas formas possíveis, ou seja, num primeiro momento tentam preferencialmente lançar os avançados em profundidade, tendo como referências de grande qualidade Duván Zapata e o jovem Musa Barrow, caso não seja possível, optam num segundo momento, por manter a posse de bola e avançar num ataque posicional.

Porém, e visto que atuam no sistema de jogo ofensivo de 3x5x2, na fase de construção são os centrais que detém a posse de bola, posto isto, os laterais projetam-se rapidamente pelos corredores, de modo a procurar e explorar a profundidade. No setor intermédio constituído por três médios e com várias opções de grande nível, isto é, quer Mario Pasalic ou Maten de Roon, quer Remo Freuler ou Alejandro Gomez agem de uma forma especifica, ou seja, dois deles atuam preferencialmente a cobrir as alas, para que os laterais avancem. Em contrapartida, o restante médio sendo maioritariamente Alejandro Gomez, que acarreta características bastante ofensivas, colabora tanto na construção do jogo como na criação dele, aparecendo assim com mais frequência na zona de finalização.

No último terço do terreno, e com atletas não só de grande qualidade técnica e experiência, como também de enorme potencial tais como: Musa Barrow, Luis Muriel, Duván Zapata e Josip Ilicic, o técnico utiliza uma estratégia inerente ás características deles, isto é, enquanto Musa Barrow ou Duván Zapata atacam e exploram não só a profundidade como também o espaço, o atleta Josip Ilicic baixa estrategicamente nas linhas, de maneira que colabora nas tarefas construtivas. Deste modo, o experiente treinador utiliza tanto o posicionamento defensivo, como o ofensivo de forma estruturada e organizada, tendo por isso uma equipa bem constituída em todos os setores do campo, assim sendo, a capacidade de causar grandes surpresas na Serie A torna-se elevada.

Conclusivamente, a chegada de Piero Gasperini trouxe consigo algumas ideias e características que mudaram radicalmente não só a forma de jogar da equipa, bem como os objetivos do clube. Mas, será que a simbiose que o técnico impôs de congregar o seu experiente conhecimento técnico-tático com os atletas de grande competitividade e potencial podem levar a Atalanta Calcio a pisar novamente palcos europeus na próxima temporada?


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