Pirataria em Portugal perto do fim?

Luís MouraNovembro 2, 20253min0

Pirataria em Portugal perto do fim?

Luís MouraNovembro 2, 20253min0
Qual é o impacto da pirataria no desporto e futebol português? Luís Moura analisa a situação e a posição oficial de várias entidades em relação ao tema

Recentemente, em declarações à comunicação social, o CEO da Sport TV teceu duras críticas aos utilizadores de pirataria, em Portugal. Nuno Ferreira Pires considera que “o futebol não pode continuar a ser roubado por piratas”, o que desprovido de contexto e no génese da questão podem-se considerar declarações assertivas. A pirataria é um problema. A utilização de métodos alternativos e ilegais tem aumentado exponencialmente no nosso país. De acordo com a Polícia Judiciária e a própria Sport TV, ao dia de hoje, cerca de 300 mil famílias assistem a jogos através de sites ou boxes piratas, o que perfaz um prejuízo a rondar os 250 milhões anuais, no caso da detentora dos direitos televisivos da liga portuguesa. De forma simplificada pode dizer-se que a cada 14 famílias, uma utiliza métodos piratas.

Ainda assim, o problema não pode apenas ser pensado na ótica do consumidor, isto é, responsabiliza-lo unicamente pela forma como assiste, antes, colocar quem vende o produto como único ativo capaz de alterar a premissa que hoje vivemos.

Num país no qual o salário médio ronda os 1100 euros líquido, com dificuldade a aceder à habitação (preços sufocantes), e com um custo de vida desajustado do salário recebido é inconcebível imaginar que qualquer família é capaz de suportar os custos praticados pelo acesso aos conteúdos desportivos. Neste cenário a pirataria é das escassas soluções para os portugueses assistirem ao clube do seu coração. Reitero que a pirataria não é uma solução e deve ser combatida.

Nesse sentido, urge trabalhar-se com o objetivo de encontrar soluções criativas. Foquemo-nos, por exemplo, no caso inglês onde não existe um monopólio de transmissão exclusiva da Premier League. A nível nacional, a liga é transmitida pela Sky Sports, a BT Sports e a Amazon, com o recurso a pacotes divididos para garantir tipos de jogos e horários às três transmissoras. Por um lado, prejudica o consumidor, uma vez que obriga a aquisição de três pacotes diferentes para assistir à totalidade da competição. No entanto, aumenta a atratividade do produto e obriga (consequentemente) os detentores dos direitos televisivos a trabalhar de forma a prestar um serviço satisfatório e a  níveis suportáveis.

Se em Portugal assistimos a duas televisões que dominam a posse dos direitos televisivos, não seria descabido pensar em repartir as licenças de transmissão pelos dois canais- como já acontece com as competições europeias. Reduzir os preços, aumentar a competitividade no serviço e como consequência aumentar o número de assinantes, roubando-os à pirataria.

A pirataria é um crime e tem de ser combatida, mas enquanto não se democratizar o acesso aos canais de desporto premium os meios iligais continuarão a crescer, em Portugal.

Foto de destaque de Portugal Foobtall Summit.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS