Os “papás” e as “mamãs” que estão a estragar a formação dos “filhotes”
É no rescaldo de um torneio juvenil internacional que este artigo é escrito. É mais uma vez, uma opinião sobre a formação, mas onde o tema são os pais. Não num tom autoritário, sobranceiro e crítico, mas sim num tom meramente opinativo.
Este é um tema que já foi muito dissecado. Porém, as situações continuam a repetir-se, as atitudes continuam a ser deploráveis e algo tem que mudar. O discurso será mais objetivo.
É natural que na formação, em qualquer desporto que seja, os pais acompanhem os filhos para as competições. Não só é natural, como também o será importante para que o jovem saiba que os seus pais interessam-se por ele. E esse tem que ser o principal objetivo dos pais!
A todos os pais que acompanham os seus filhos e lhes fazem sentir queridos e apoiados, os meus parabéns! Esse é o caminho!
Não obstante, a questão passa quando esse acompanhamento passa a ser feito de forma exagerada (e desviam-se do caminho), no sentido em que os parentes exaltam-se – seja com árbitros, treinadores ou até o próprio filho – e a competição toma um rumo diferente.
Algo tem que mudar quando, num jogo com jovens de 11, 12 anos, a bancada insulta o árbitro, o treinador e a polícia é chamada ao local. E para muitos isto pode parecer estranho. Porque já está normalizado. O paradigma já está instalado nesse sentido e já não se sabe estar de outra maneira.
Se olharmos para o contexto português, é normal que haja um enfoque maior no futebol. E ao pensarmos nisso, é indispensável falarmos em Cristiano Ronaldo. Porque com esse exemplo, todos os pais querem que os seus filhos sejam o próximo “CR7”. No fundo, querem sempre o melhor para os filhos.
O problema, mais uma vez, é quando se desviam desse caminho e ficam cegos. Quando exacerbam as suas atitudes. Quando passam “de o melhor para o seu filho” para “o seu filho ser o melhor”.
É aí que reside o problema. É quando o apoio e as atitudes de bancada são de uma final de Liga dos Campeões. Quando, muitas vezes, estamos ainda em escalões lúdicos. Onde o objetivo principal é mesmo que os atletas se divirtam com a modalidade que estão a praticar.
Estão, na verdade, a pregar o contrário daquilo que são os objetivos do futebol de formação. Os miúdos, em vez de pensarem que têm que se divertir com os amigos, aplicar aquilo que o treinador lhes ensina, desviam a atenção para os pais e para os maus exemplos que lhes dão.
E digo mau exemplo sem qualquer pudor pois é assim mesmo que estas atitudes têm que ser tratadas. Os parentes, ao pensarem que estão a fazer o melhor para o filho, só estão a dar-lhe um mau exemplo!
Porque quando reclamam com as decisões do árbitro de maneira obscena e exacerbada, os filhos tomam isso como o correto e numa situação idêntica já são eles a reclamar com o árbitro com a mesma atitude.
O artigo não pretende educar o filho de ninguém. Muito menos acusar o pai de alguém. Pretende, sim expor uma erva daninha (de muitas) que existem no desporto de formação. Que tem que acabar, o mais cedo possível.
Os 3 vídeos que se apresentam a baixo, pretendem alertar ainda mais. Sejam responsáveis. Deixem os miúdos jogarem.