O Mês em que se nasce é sinónimo de talento?

Futsal, como sabemos, tem ganho uma enorme visibilidade e popularidade a nível mundial, devido à sua natureza de espetacularidade e destreza técnica dos seus praticantes. Um dos aspetos que me intrigam no futsal é o efeito de idade relativa, que é um estudo que refere o impacto da idade que um atleta tem na sua capacidade de desenvolvimento e performance.

Iremos falar um bocado deste dito efeito, as implicações e como isto pode moldar um futuro de um atleta.

Efeito idade relativa é um “fenómeno” observado em vários desportos, inclusive no futsal, onde a data de nascimento do atleta influencia a decisão, desenvolvimento e a longo prazo a evolução deste atleta na modalidade. Resumindo, o efeito refere que, atletas nascidos nos primeiros meses do ano (primeiros 6 meses) tem uma certa vantagem comparando com atletas do mesmo ano nascidos mais perto do ano terminar (últimos 6 meses). Estas vantagens podem manifestar-se em variadas maneiras, tais como na confiança, atributos físicos e a níveis técnicos também podem estar mais evoluídos.

O efeito idade relativa pode ter um impacto profundo no percurso desportivo de um atleta, jovens praticantes da modalidade que nascem num período mais avançado do período de seleção podem ter pela frente mais desafios em termos de oportunidades para crescer e fazerem-se notar no respetivo período de seleção. Muitas vezes, treinadores e recrutadores preferem jogadores que demonstram sinais precoces de desenvoltura física ou a nível técnico e também cultura tática, por isso, jogadores que nasçam mais cedo no ano podem ter uma certa vantagem em termos de atenção e recursos, potenciando o seu progresso na carreira em vez dos colegas que nascem mais tardiamente no ano.

Para percebermos melhor os desafios impostos por este efeito, treinadores, diretores, gente envolvida no recrutamento de jovens talentos tem de tentar ao máximo criar um ambiente inclusivo que promova a igualdade de oportunidades para todos os jogadores, independentemente de sua data de nascimento. Isto pode ser alcançado através de iniciativas como programas de identificação de talento, treinos de idades especificas, e criar regulamentos para assegurar uma evolução e seleção justa.

Certos estudos (estudo feito em seleção nacional e distrital) mostram que jogadores nascidos nos primeiros meses do ano estão mais representados do que os jogadores que nascem mais “tardiamente” no ano. Esta tendência sugere que o jogador nascido nos primeiros meses tem uma vantagem no que toca ao acesso de treino ao mais alto nível (seleções nacionais e distritais) e melhores oportunidades em competições com maior competitividade.

No entanto é crucial reconhecer que o talento pode emergir a qualquer idade ou patamar de desenvolvimento e para isso adotar uma abordagem mais inclusiva no que toca à avaliação e seleção, as diversas entidades do futsal podem abranger uma piscina maior, onde o talento e a potencialidade de talento estará muito mais presente.

Em jeito de conclusão, o efeito de idade relativa é um fenómeno completo, que merece atenção dentro da família do futsal. Por um lado, apresenta desafios para o caminho de desenvolvimento de um atleta, também gera oportunidade para crescimento e evolução, sobretudo se abraçarmos a inclusividade e adotando boas práticas necessárias para essa mesma inclusão, as partes interessadas da família do futsal podem criar um ambiente propicio para a aparição de talento em todas as idades, independentemente do mês quando o atleta nasce.

O futuro do futsal passa pelo reconhecimento e aproveitamento do potencial de todos os jogadores sem olhar à data de nascimento.

E o que acham deste efeito de idade relativa? Como pode ser mitigado no futsal? Comenta e expõe o teu comentário!