Matt Le Tissier, o genial “Saint” de Guernsey

Pedro PereiraAgosto 24, 20183min0

Matt Le Tissier, o genial “Saint” de Guernsey

Pedro PereiraAgosto 24, 20183min0
Um cromo especial que foi "Saint" a sua vida inteira e marcou uma era no futebol inglês: Matt Le Tissier. Conheces o virtuoso médio?

Hoje a Caderneta cola um cromo sem títulos (nem perto), sem presenças em competições internacionais, sem troféus individuais, nunca jogou num clube considerado grande mas… com muitos golos, com muita magia e com história feita no futebol inglês. No fundo, é um dos maiores talentos que a sua terra produziu, caracterizado pela sua capacidade técnica apurada e pela capacidade de remate que parecia que o impedia de chutar para outro lado senão para os ângulos superiores das balizas. Seu nome_ Matt Le Tissier.

Nasceu em Guernsey e jogou futebol juvenil na equipa Vale Recreation até aos seus 16 anos. O talento era tanto para aquela pequena cidade que acabou por ir para Oxford em 1984 para fazer uns testes na equipa mas acabou por sentir saudades da família e voltou. Rapaz tímido e introspectivo, sempre privilegiou as relações e o carinho que daí provinha. Este desejo de ficar perto dos que mais amava era um prenúncio do que seria a carreira deste cromo de um só clube.

Em 1985, Le Tissier assina pelo Southampton, aquele que viria a ser o seu ÚNICO clube em toda a carreira. Os anos passaram-se e algumas trutas do futebol inglês tentaram contratá-lo mas ele manteve-se fiel ao clube que o tratava bem e que o permitia ser um jogador livre e não preso dos seus próprios sonhos de ser jogador. No final da sua carreira pelo Southampton, ele tinha um ordenado de 3,500 pounds por semana, coisa que os cromos de hoje em dia ganham por minuto.

Quando questionado se gostaria de ter nascido uns anos mais tarde para poder vencer um pouco mais ele afirma categoricamente que não. Ele teve oportunidade de ganhar mais dinheiro com o futebol. Ele simplesmente não aceitou contratos chorudos porque quis aproveitar o futebol à sua maneira, ao seu estilo, com uma cervejinha a mais (mesmo que ele diga que só bebe Malibu Cola), um hambúrguer em exagero e uma corridinha a menos. E essencialmente porque se manteve fiel à sua gente, aos seus adeptos, àqueles que o apelidaram de “Le God”.

“A principal razão que me fez ficar no Southampton era a minha felicidade e a minha satisfação pessoal, algo que eu sempre coloquei à frente de todas as coisas. Isso e um sentimento de lealdade que eu devia devolver à equipa por dar-me a oportunidade de perseguir os meus sonhos. O Mundo do futebol enlouqueceu com o dinheiro e isso não foi uma mudança positiva.”

Para a história ficam os golos assombrosos que ele marcou (ele diz que contra o Blackburn foi o melhor da sua carreira – sim, está no Youtube), o facto de ter falhado apenas um penalty em 48 na sua carreira (falhou um contra o Nottingham Forest, Mark Crossley defendeu-o e diz que é a defesa de que mais se orgulha), mas essencialmente pela lealdade ao clube do seu coração.

Foto: Old Panini

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