Winning Time da HBO: Os Lakers como nunca (ninguém) os viu
Winning Time: The Rise of the Lakers Dinasty é a nova série do momento e, claro, a nova polémica do momento. A série da HBO é um retrato ficcional da ascensão dos Los Angeles Lakers na década de 80. Tudo começa com a compra da equipa pelo empresário Jerry Buss e o draft de Magic Johnson, uma futura lenda da equipa e da NBA.
A série está a atingir um público muito diverso que vai para além dos fãs de basquetebol. Aliás, pode conseguir, à semelhança de “The Last Dance”, atrair mais pessoas para o desporto, curiosamente como fizeram as equipas retratadas em ambas as séries.
A série tem prestações incríveis dos atores principais, conta a história num ritmo acelerado que deve corresponder ao ritmo da realidade daquela época em Los Angeles. E aí começam os problemas. A série é, como mencionado acima, ficcional e não documental. É uma adaptação da história real, mudando algumas (ou muitas) coisas da realidade para tornar a narrativa… interessante.
Kareem e West: uma dupla de críticas
Duas das pessoas representadas na série já apresentaram a sua opinião quanto à série e, por isso, não faz sentido fazer esta análise sem as analisar.
Kareem Abdul-Jabbar é, para além de um dos melhores jogadores da história da NBA, um pensador inacreditável e uma das pessoas mais inteligentes que o mundo do desporto já viu. A sua análise a Winning Time? Uma série aborrecida e muito muito longe da verdade daquela história.
Vamos por partes. Sobre a veracidade de alguns (vários) factos apresentados, vou confiar na palavra de Kareem, um dos envolvidos em toda a história. Que a série é aborrecida não podia estar mais em desacordo. O ritmo é rápido, a história inacreditável, as personagens todas bem construídas, a imagem da série perfeita. Tudo no sítio, tudo divertido e bem escrito.
Jerry West é retratado como agressivo, impulsivo, inseguro e uma pessoa extremamente difícil de lidar. A realidade pode estar exacerbada e West já pediu que as pessoas envolvidas na série peçam desculpa pela forma como ele é retratado. Também Kareem referiu que achava as personagens da série uma caricatura uni-dimensional, sem a profundidade que aquelas pessoas reais têm.
Mais uma vez discordo. Apesar de nenhum personagem numa série com 10 episódios conseguir espelhar a complexidade de uma pessoa real, a série faz um bom trabalho nisso. Jerry West não é só apresentado como um “treinador maluco”, é um competidor incansável e um apaixonado pelos Lakers e pelo basquete. Magic Johnson não é só apresentado como um “tolo sexual”, é uma estrela em ascensão a tentar afirmar-se numa equipa e numa cidade. Jerry Buss não é apresentado apenas como “empresário egocêntrico”, é um visionário e talentoso homem de negócios com uma paixão pelo basquetebol. Personagens complexas e que acrescentam bem mais à história do que apenas uma caraterística.
Os problemas e o veredicto
A série não é perfeita, claro. Por vezes exagera nas falas das personagens diretamente para o espetador, sem grande utilidade para a história (aqui concordo plenamente com Kareem). A dramatização é, por vezes, exagerada e altera coisas demasiado importantes da realidade, como o papel de Jeanie Buss nos Lakers nessa altura que foi, inexistente já que a filha de Jerry Buss só se juntou à organização mais tarde.
Outro dos problemas é… o pouco basquetebol que se vê. Sim, a série é sobre bem mais do que basquetebol, mas um fã quer ver bola e não “apenas” a vida louca dos anos 80 em LA.
O veredicto final é simples. Winning Time é uma série muito divertida e bem feita, é entretenimento do melhor que há. Não é um documentário, mas não é isso que se pede dela. O que se pede são horas de diversão em frente ao ecrã e que as grandes conclusões e mensagens da história real passem para quem as vê. E isso acho que Winning Time faz na perfeição.