Stranger Rules: Quando um árbitro não sabe lançar a bola ao ar…

Rui MesquitaJaneiro 17, 20224min0

Stranger Rules: Quando um árbitro não sabe lançar a bola ao ar…

Rui MesquitaJaneiro 17, 20224min0
O que fazer quando um árbitro atira mal a bola ao ar, beneficiando uma equipa? Será que isto pode causar problemas num jogo?

Todos estamos familiarizados com o termo “bola ao ar”. É literalmente o árbitro atirar a bola ao ar e é uma raridade no mundo do desporto. Existe no futebol mas apenas para dar posse de bola a uma equipa, não há propriamente uma disputa pela bola nesses casos.

No basquetebol, particularmente na NBA, é uma ação muito utilizada. É aliás assim que começa o jogo, com o árbitro a lançar a bola ao ar e um jogador de cada equipa a disputá-la no ar. Esta ação é repetida quando, por algum motivo, a posse de bola não é clara (como quando 2 jogadores se agarram à bola, por exemplo). É, portanto, uma parte importante do jogo e por isso deve estar bem regulamentada, certo?

Regras e mais regras… menos uma

A resposta curta é: sim. Existem muitas regras sobre este tópico: quando deve acontecer, em que local da quadra, que jogadores devem disputar a bola, quando podem saltar, onde podem ter os pés e as mãos. Muitas regras e, na generalidade, bem claras e definidas. Então qual o problema? Porque estamos a falar disto numa rubrica de regras estranhas? Como já aconteceu noutros artigos, falamos de uma ausência de regra.

Há um aspeto do lançamento da bola ao ar que não está regulamentado. O que acontece quando o árbitro lança mal a bola? Quando favorece claramente um jogador em detrimento de outro? Facilmente o árbitro pode lançar a bola erradamente, sem ser num movimento vertical no meio dos dois jogadores. O que as regras dizem sobre isso? Nada.

Segundo as regras, é impossível ou irrelevante o facto de um árbitro ter um mau lançamento da bola ao ar. Bem, sabemos que não é impossível por isso assumimos que é irrelevante. A NBA assume esse erro e não faz nada quanto a ele. Não há direito a repetição do lançamento, nada. Segue o jogo como se o lançamento tivesse sido feito na perfeição. Os árbitros por vezes arranjam forma de corrigir, no momento, este buraco na lei. Alegam que houve alguma irregularidade de um dos jogadores e repetem a bola ao ar.

Quando a bola ao ar corre mal

A verdade é que há casos em que os árbitros se seguem mesmo pelo que a regra diz. Ou melhor, pelo que a regra não diz. O lançamento foi mal feito? Segue jogo! Uma equipa foi beneficiada num ato que devia ser equilibrado? Irrelevante! Está a bola jogo, está o jogo a andar.

Neste artigo podem ver 2 vídeos em que vemos isso acontecer. O primeiro é absolutamente hilariante e não faço ideia o que terá passada na cabeça daquele árbitro. Um lançamento estranho, totalmente fora de tempo e injusto para o jogo. É um lançamento tão estranho que acaba por beneficiar a equipa que inicialmente prejudica. Amare Stoudemire fica tão confuso com o lançamento vir na sua direção que acaba por colocar a bola num adversário. Tudo isto seria engraçado se não tivesse acontecido num jogo 6 nos playoffs.

O segundo vídeo é mais subtil mas também mais problemático. Com poucos segundos para o fim do segundo prolongamento num jogo entre Blazers e Nuggets nas meias finais da Conferência Oeste em 2019 há uma bola ao ar. O lançamento não tão desastrado como o primeiro, mas beneficia claramente uma equipa. O lance acabou por não ter muito efeito porque o jogo só acabou depois de 4 prolongamentos (só esse jogo dá um artigo por si só), mas podia ter corrido muito mal.

São 2 lançamento mal feitos e que as regras permitem que beneficie uma equipa, às vezes em momentos críticos do jogo. Seria fácil de resolver e permitir que o árbitro anule o lançamento e repita a bola ao ar. O problema é que caberia aos árbitros assumir que erraram, o que provavelmente não aconteceria muitas vezes.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS