“Cromos” quase esquecidos: Ali Bennaceur e Sérgio Silva
Costumamos falar de “cromos” que normalmente têm o esférico nos pés, mas nesta entrada falamos dois que não tendo dominado a bola no relvado, tiveram um peso grande/pequeno dependendo de como cada adepto vê… hoje sobem ao palanque Ali Bennaceur, árbitro do Argentina-Inglaterra de 1986, e o falso investidor do Boavista Sérgio Silva.
UM NÃO-GOLO E UM POSTAL DE NATAL
Estes são os árbitros do Mundial 86 que apitaram o Argentina x Inglaterra. O da mão de Deus. Ali Bennaceur, o do centro, árbitro principal do jogo, no momento do lance e com algumas dúvidas vai em direção do fiscal daquele meio campo, Bogdan Dotchev (o da direita) para questionar se tinha visto alguma irregularidade. Dotchev diz que estava tudo legal: golo!
Sendo Bennaceur tunisino e Dotchev búlgaro, Bennaceur queria ter a certeza se tinha entendido bem a informação do seu auxiliar durante o jogo e, no final do mesmo, pergunta novamente ao fiscal (agora com intérprete) se tinha havido alguma irregularidade. Dotchev garante: golo! Ao sair do estádio, ao ver as imagens, era claro. Tinha sido mão. Mesmo assim, todos os fins de ano, Bennaceur recebe em sua casa um cartão que diz: “Não foi com a mão. Feliz ano novo. Bogdan Dotchev”
UM INVESTIDOR QUE NÃO PASSAVA DE UMA FRAUDE
começo este texto por dizer que as últimas pessoas que merecem a situação actual do Boavista são os seus adeptos. Esta semana, os atletas do Boavista fizeram greve para reclamar ordenados em atraso. A direção do Boavista já se comprometeu a pagar os ordenados em breve. Esperemos. Mas, por favor, não repitam o que aconteceu em 2008 quando a direção do Boavista era liderada por Joaquim Teixeira. Acontece que, nessa altura, os boavisteiros passavam por uma situação similar com uma série de dívidas em cima da mesa. Eis que surge um salvador: Sérgio Silva, um empresário de sucesso luso-americano na área de construção civil. Tudo mentira. Sérgio Silva era apenas pintor na construção civil. Mas Joaquim Teixeira descobriu isso tarde demais.
Certo dia, o Boavista marca uma conferência de imprensa para apresentar o salvador Sérgio. Ia injetar 38,5 milhões de euros. Parecia que estava tudo certo. Só faltava o dinheiro. Os dias passavam e nada. Mas a certa altura, como todo o bom burlão, Sérgio Silva aparece para dizer que os cheques com esse valor estavam sua posse. Celebrizou a frase: «Os cheques estão aqui, mas não são para ninguém ver», mostrando uma pasta fechada. A Polícia Judiciária achou tudo muito estranho e no dia seguinte dirigiu-se ao Bessa para levar Sérgio Silva detido para interrogatório.
O suposto investidor era procurado por falsificação de documentos e burla: tinha falsificado assinaturas em cheques roubados e numa garantia bancária para pagar os carros que comprava para o stand em Viana do Castelo. Antes disso, em 2005, já tinha sido arguido num caso de notas falsas. Um dos pontos altos desta história: os cheques tinham escrito “balor” em vez de “valor”. Priceless. O Boavista sobreviveu. Esperemos que continue a respirar saudavelmente em 2023.