“Cromos” especiais de corrida: Baggio e Kanu

Pedro PereiraNovembro 25, 20233min0

“Cromos” especiais de corrida: Baggio e Kanu

Pedro PereiraNovembro 25, 20233min0
Pedro Pereira traz dois "cromos" muito especiais pela sua irreverência e classe: Roberto Baggio e Nwankwo Kanu

BAGGIO E UM AMOR ETERNO

Baggio viveu em Florença dias maravilhosos. Aos tiffosi Viola, entregou todo o seu perfume que se espalhava pelas bancadas do Artemio Franchi. Mas Itália (e Florença em especial) tem uma tendência para ser dominado por famílias. De Medici a Pontello. Estes últimos eram os presidentes da @acffiorentina na altura. É difícil encontrar alguém em Florença que simpatize com a Juventus. Só mesmo Pontello para vender o seu cromo mais raro aos poderosos de Turim.

Contra a sua vontade, Baggio é transferido para a Juventus em 1990 por liras atípicas. Em Abril de 1991, Baggio voltava a Firenze, agora como adversário. Baggio foi muito marcado por Dunga e pressionado pelos adeptos que não lhe perdoaram a troca de emblema. Com um Baggio em marca de água, a Fiorentina faz o 1-0 na primeira parte. Na segunda parte, num lance de luta e drible, Baggio ganha um penalty. É chamado para bater mas recusa-se. Ele não aceita marcar um penalty contra a sua antiga equipa. De Agostini assume mas permite a excelente defesa do guarda redes Mareggini.

Passado pouco tempo, a placa de substituição chama Baggio. Ele sai, dirige-se ao banco da Juve e começam a chover objectos. Uns com raiva, outros com enxovalho mas um, quero acreditar, com amor. Cai um cachecol da Fiorentina mesmo na frente do pé direito de Baggio. Ele apanha, mete-o ao pescoço e avança orgulhosamente com ele em direção aos balneários. Os mais românticos, dizem que ele dá um beijo no cachecol. A verdade é que os assobios dos adeptos Viola transformaram-se em aplausos. Baggio responde com os braços ao alto, palmas e agradecimentos para a bancada. Mesmo de riscas pretas e brancas vestidas, Il Codino Divino é roxo por dentro.

A Fiorentina venceu aquele jogo por 1-0. E Baggio, calado no ambiente tenso do balneário derrotado da Juventus, festejou de alegria na sua alma.

KANU E UMA BARRIGA SENSÍVEL

Kanu foi contratado pelo Portsmouth em 2006 enquanto Redknapp era o treinador. Falámos sobre ele na Conversa de Cromos com Ricardo Rocha e sobre a sua tremenda qualidade. Kanu assinou com um estatuto de vedeta. E de facto era. Brilhou enquanto jogava pelo Arsenal e pelo Portsmouth. Porém, o seu compromisso não era o mais exemplar.

Redknapp contou uma história muito boa na sua autobiografia sobre o craque nigeriano: “O mais comum em Kanu era uma mensagem de telemóvel todas as segundas feiras de manhã com exactamente as mesmas palavras. Em alguns momentos até pensei que ele já tinha aquela mensagem gravada. ‘Chefe, o King não pode ir para o treino. Estou com problemas de estomago’.” Há reis e reis.


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