Onde é que anda o Flop: o Angulo “torto” em Alvalade
A época de 2009/2010 não estava a correr de feição ao Sporting Clube de Portugal. A instabilidade na equipa técnica era grande, tendo terminado em novembro de 2009, Paulo Bento o vínculo contratual com o clube, apresentando a sua demissão.
Recorde-se que o treinador deixou a equipa em oitavo lugar a onze pontos do líder, Sporting Clube de Braga. Porém, resta sermos fiel ao passado, e assumirmos que Paulo Bento teve momentos felizes pelos “verdes-e-brancos”. Tendo, aliás, ficado icónica a frase “Paulo Bento forever” proferido por José Eduardo Bettencourt, na altura, Presidente da SAD.
O treinador foi rendido por Leonel Pontes (treinador interino), tendo sido Carlos Carvalhal assumido o comando da equipa técnica. O actual treinador do Sheffield Wednesday tinha muita experiência enquanto treinador no Campeonato Português, tendo sido o Marítimo a sua última equipa.
No inicio da época, Paulo Bento contrata Matias Fernandez, um jogador chileno com enorme qualidade que marcou muitos adeptos até aos dias hoje. Consegue o empréstimo do possante ponta-de-lança Filipe Caicedo proveniente do Manchester City, tendo tido grandes dificuldades em encontrar as redes da baliza. E, o último dos reforços, que recebe a categoria de um dos maiores “flops” do Sporting Clube de Portugal, Miguel Ángel Angulo.
O espanhol chega ao clube de Alvalade aos 32 anos. Era, sem dúvida, um veterano, porém um jogador com muita experiência. Recorde-se que este fora internacional A pela sua seleção 11 vezes. Além disso tinha um palmarés invejável.
A nível internacional de clubes tinha uma Liga Europa (2003/2004), uma Taça Intertoto (2003) e, por último, uma Supertaça Europeia (2004). Além disso, Angulo colecionou muitos títulos nacionais. Venceu por duas vezes o campeonato espanhol (2001/02 e 2003/04), duas vezes a Copa del Rei (1998/1999 e 2007/08) e uma Supercopa Espanhola em 1999.
É importante recordar que o Valência como se pode reparar pelo palmarés era uma equipa bastante mais competitiva no Campeonato Espanhol, visto que a diferença do Barcelona e Real Madrid (por variadíssimos aspetos) não era tão grande face às restantes equipas.
Recorde-se que Angulo durante a sua carreira compartilhou o balneário com muitas “estrelas” da época como o (mítico) guarda Redes Cañizares, Claudio “Piojo” Lopez, Baraja, Carbone, Ayala, Daniel Alves e, até mesmo, David Villa.
Angulo, antes de chegar ao clube de Alvalade, tinha realizado 492 jogos enquanto jogador profissional. Tinha 15 jogos pelo Valencia B, 37 jogos pelo Vilarreal e uns míticos 429 jogos pelo Valencia, o que lhe valeu o estatuto de “lenda”. Durante esses 492 Angulo assinou 77 golos. Paulo Bento por isso acreditou que podia reabilitar este experiente jogador, visto que em 2008/2009 (época anterior à da sua transferência) apenas jogou 16 jogos pelo Valencia, sendo que apenas 11 para o Campeonato Espanhol.
Enquanto jogador Angulo era um jogador com uma inesgotável capacidade física e que podia jogar em todo o meio campo, destacando-se sobretudo pela sua capacidade de passe.
Angulo no Sporting
Angulo chega ao Sporting a 1 de Agosto de 2009 vindo do Villareal por 2 milhões de euros. Jogou por oito vezes, sendo que apenas quatro a titular. Dos quatro jogos a titular é substituído em todos (que nota que a nível físico não estava bem), sendo que num deles é rendido à meia hora de jogo.
Analisar o percurso de Angulo em Alvalade não é fácil, visto que ao todo teve 304 minutos de jogo, o que não chega a cinco jogos inteiros. Porém, é certo que é um jogador que não ficou no coração dos Sportinguistas. É justo concluir que fora uma transferência mais do que falhada.
Mas no pouco que se pôde observar do espanhol no Estádio de Alvalade foi muito abaixo do que todos esperavam… Angulo demonstrava ainda algum excelente toque de bola, mas as pernas já não aguentavam com a intensidade física imposta na Primeira Liga.
Mal compreendido pelos colegas no apoio às saídas para o ataque, Angulo nunca se encaixou em nenhum dos esquemas da equipa, complicando lances fáceis e, parecendo que não, acabou por claudicar perante a pressão de ser uma referência em Lisboa, mas que não resultava de forma alguma.
Carlos Carvalhal no mercado de Inverno contrata João Pereira, Pedro Mendes e o francês Sinema Pongolle. Tanto Angulo como Caicedo não aguentaram o mercado de Inverno visto terem sido dispensados.
Após a dispensa o ex-internacional reconhece que era tempo de “pendurar as botas” reformando-se, assim, do futebol enquanto jogador. A carreira de Angulo foi brilhante, porém terminou mal e ficando na história de uma das piores classificações do Sporting CP.
Um Angulo diferente…
Após ter decidido terminar a sua carreira enquanto jogador profissional de futebol decidiu envergar pela carreira de Treinador, porém também foi uma passagem efémera. Na época 2015/2016 assume o comando técnico do Valência sub-19 A, tendo apenas inscrito seis vezes na ficha de jogo, dos quais apenas ganhou quatro jogos.
Segue-se uma experiência no banco de suplentes junto a Gary Neville, como assistente mas, como a carreira do inglês, Angulo rapidamente arrepende-se de ter assumido este risco. Sai do clube e parece que a sua relação com os Che volta a entrar num modo “frio” e distante.
Porém, Angulo no Verão de 2017 voltou a ser chamado pela estrutura do Valência, trabalhando inicialmente como apoio às equipas técnicas juvenis assim como olheiro no clube.
O antigo avançado espanhol tem um objectivo defenido para esta sua 2ª passagem pelo Valência: devolver os Che às glórias do passado, como afirmou numa entrevista à Marca “Queremos e temos de levar o Valência ao patamar que merece estar!”, dando uma nova perspetiva o futuro do Valência que até ao ano passado parecia “negro”.
Miguel Angel Angulo é por isso ainda muito “tenro” no que toca ao pós vida como profissional de futebol, assumindo o seu papel de referência de um clube no qual se dedicou (quase) a vida inteira demonstrando uma intensa paixão que nunca esqueceu, mesmo quando esteve “exilado” em Lisboa.
Para já, houve novidades em relação ao seu ofício de técnico no Valência, assumindo o papel de treinador da equipa de juvenis “B”, algo que pode reabrir as portas do mais altos palcos no futuro
Angulo teve talvez azar na sua passagem pelo Sporting CP, numa altura em que o clube de Alvalade decidiu fazer contratações sem olhar para a equipa ou para os objectivos desta, a maioria a dar-se mal e a resultarem em experiências complicadas naquilo que foi uma época