Sofia Nobre. “Cheguei ao rugby quando nasci”
Sofia Osório Nobre Ferreira Goes, é designer e Benfiquista! Filha de Carlos Nobre, um ímpar na modalidade e mãe de Matilde Goes, uma jovem promessa nos três-quartos. Carlos Nobre (falecido em 2014 com 74 anos) foi jogador (predominantemente como asa), dirigente, treinador da primeira equipa do Sport Lisboa e Benfica feminina e ainda Vice-presidente da FPR entre 92 e 97. Tem um palmarés invejável e ainda 21 internacionalizações por Portugal.
A influência do pai foi determinante, pois quando perguntamos a Sofia como chegou ao rugby, diz-nos que,
“Cheguei ao rugby quando nasci, pois, o meu pai era jogador e com ele fiz o percurso de criança apaixonada pela modalidade. Ia ao rugby todos os fins de semana ver o meu pai jogar e também sempre assisti aos jogos de clubes e seleção.”
Em 2001, quando surgem os primeiros campeonatos femininos, Sofia representa o GD Pescadores da Costa, o Almada, chegando finalmente ao Benfica. Joga na avançada e no ano passado, conseguiu, juntamente com a sua filha (com 20 anos na altura), tornar-se campeã pelo SLB, depois de 7 anos seguidos de domínio Sportinguista.
Com tanta experiência “genética”, tantos jogos vistos e jogados, é inevitável saber o que pensa sobre o rugby nacional a nível de clubes,
“O rugby nacional tem crescido e, felizmente para todos os amantes da modalidade, exemplo disso é a recente participação de Portugal no Mundial de 2023, em França. Temos o problema de ainda sermos um desporto amador e todos os nossos melhores jogadores procuram uma carreira profissional fora de Portugal, o que é normal. Isso faz com que o nível dos jogos de clubes tenha caído um bocadinho, mas penso que a alteração constante no modelo competitivo do nosso campeonato também não tem ajudado. E continuamos a ter muita falta de campos para a prática da modalidade, assim como de treinadores e árbitros.”
A sua análise é acima de tudo, pragmática e enfatiza os elementos-chave para um rugby melhor em Portugal.
“Começa por uma proposta mais séria da parte do Estado e dos patrocinadores em quererem ajudar e apoiar. Também passa por uma federação toda ela profissional e com uma gestão empresarial, pois sem isso o nosso rugby não vai crescer. A carolice de outros tempos não se coaduna com as exigências do momento. A urgente construção de mais campos e espaços para a prática da modalidade, pois, para além de campos também os ginásios são neste momento essenciais para qualquer atleta, em que desporto for.”
Ser jogadora e dirigente permite que tenha uma visão muito concreta da realidade da oval no feminino.
“O rugby feminino em Portugal tem crescido bastante nos últimos 3 anos e, principalmente, nas camadas de formação. As nossas sub18 têm sido fundamentais para o aumento do número de atletas! É notória a evolução técnica e tática do jogo, o que torna o campeonato português tem sido cada vez mais equilibrado e faz com que os jogos sejam competitivos até ao final. O panorama que anteriormente se baseava em duas ou três equipas, tem vindo a mudar.
As jogadoras são cada vez mais preocupadas com os treinos de ginásio em complemento com os de campo. Muita dessa vontade de trabalhar, mais e melhor, veio com a aposta desta FPR em ter uma seleção nacional de XV, dando, assim, a possibilidade a um maior número de atletas em ter uma experiência diferente da realidade portuguesa.”
A Sofia tem entrevistas publicadas no Fair Play, na Linha de Ensaio, na Bola , na BTV e quem a segue nas redes sociais, não fica com a menor dúvida da paixão pela modalidade e pela humildade com que está no jogo! É sempre um gosto poder falar com alguém assim!
Foto de Destaque de Luís Cabelo Fotografia.