Miguel Sousa. “É necessário o Rugby ser modalidade de desporto escolar”

Helena AmorimJunho 5, 20206min0

Miguel Sousa. “É necessário o Rugby ser modalidade de desporto escolar”

Helena AmorimJunho 5, 20206min0
Antigo atleta do CRAV e agora árbitro no rugby português, Miguel Sousa falou com o Fair Play sobre o seu passado e presente na modalidade. Fica a conhece-lo melhor nesta entrevista em exclusivo
Miguel “Aveleiras” Sousa, árbitro, antigo jogador e um apaixonado pela modalidade teve a gentiliza de nos responder a umas questões, que permitam conhecê-lo um pouco melhor.

Miguel de Carvalho Sousa, nascido em Nov 1977 no lugar de Aveleiras, Freguesia de Rio Frio, concelho de Arcos de Valdevez, fez o ensino primário nos Arcos de Valdevez, do 5º ao 8ª anos em Monção e fiz o 9º ano em Braga, tendo voltado aos Arcos para o 10º ano ao 12ºanos.

“Como não entrei para o Ensino Superior, fui cumprir o Serviço Militar Obrigatório em 1998. Como me identifiquei com os valores e a vida militar concorri e ingressei no Curso de Formação de Sargentos do Quadro Permanente em 2000, para a área de Recursos Humanos.

Estive colocado em Mafra (Set1998 a Jan2000), (Jan2000 a Set2000)Chaves, (Set2000 a Set2002)Caldas da Rainha, (Set2002 a Out2003)Lisboa,(Out2003 a Out2006) Tancos e Braga (Out2006 a Fev2016) e (Out2017 a Out2019)Porto(Fev2016 a Set2017) e (Out2019 até hoje)

Em 2007, ingressei na Licenciatura em Direito da Universidade do Minho, que conclui em 2011.

O Miguel é actualmente árbitro de rugby. (só primeira divisão ou faz outras arbitragens?)

Os árbitros de Rugby vão fazendo o seu percurso na arbitragem, fazendo vários escalões, sendo lançados para jogos de maior dificuldade, à medida que o Conselho de Arbitragem (CA) e o Diretor Técnico de Arbitragem (DTA) e o Grupo de Observadores, vão entendendo que estão prontos para esses desafios.Iniciei o percurso na Arbitragem oficialmente em 2012, tendo feito o primeiro jogo da Divisão de Honra em 2015, continuando a arbitrar todos os outros escalões em todas as épocas.

Como foi fazer a transição de jogador para árbitro e porque decidiu abraçar esse novo desafio? Em que ano se deu essa transição.

A transição foi sendo gradual desde 2008, por indicação do Nuno Vaz (o culpado!!!) fui fazendo arbitragens de jogos da pré-época do CRAV (vários com AAC e com o CR Vigo) e depois enquanto treinador da Equipa feminina do CRAV (por falta de árbitros) os treinadores tinham que arbitrar meia parte dos jogos, mas eu fazia sempre ambas dos nossos jogos (Bi-Campeãs da II Div em 2009 e 2010).

Como começou a jogar rugby. Em que equipas jogou e em que posições. Qual o seu último jogo como jogador?

Comecei a jogar rugby no CRAV em finais 1995, por influência do Luis Fernandes (dos melhores Nº2 que jogou em Portugal) que sendo meu vizinho e tendo regressado para Arcos de Valdevez me convidou a experimentar.

Sempre joguei no CRAV e participei nos CN Universitário pela UM,  tendo interrompido de jogar em 1998 até 2006. Voltei a jogar em Out2006 nos seniores até 2010, em que deixei de jogar com a vitória na I Div  e subida a DH num CRAV-CREvora no Jamor.

Quais são na sua opinião, os maiores problemas no rugby em Portugal e como se poderiam atacar esses problemas?

Os maiores problemas do Rugby são a falta de implementação territorial ao longo do País (tem vindo a melhorar com o aparecimento de várias escolinhas em muitos locais fora dos grandes centros urbanos) e o baixo número de praticantes (jogadores, treinadores e árbitros)

Para combater estas falhas é necessário apostar no Rugby como modalidade do desporto escolar e os clubes apostam em dinamizar parcerias conjuntas para elevar os números de participantes no Jogo. Recrutamento e cativação mais activa dos clubes com apoio das Associações Regionais e da Federação Portuguesa de Rugby. A aposta nas Seleções Regionais( revitalizada esta época pela FPR) com a excelente iniciativa de a Final ter-se realizado em Paris antes do jogo Portugal- Geórgia.

Este jogo poderia ter sido transmitido em canal aberto lembro-me de um Portugal-Alemanha na RTP2 nos Arcos de Valdevez, seria uma demonstração que com vontade e organização se pode abrir o rugby a comunidade, aumentando a exposição e captação de intervenientes.

Quais são as suas referências a nível nacional e internacional, em termos de jogadores, equipas e arbitragem? Tem algum mentor na arbitragem?

A nível nacional como referência de jogadores tive o Luis Fernandes (podia ter chegado a profissional  nos dias de hoje) e a nível internacional o sósia dele, o francês Raphael Ibanez.

Como equipa gosto e sigo o Union Bordeaux Bégles (UBB) que tive o prazer de visitar e conhecer através dos meus amigos Alex Dias e Fernando Manso, que estavam a realizar uma excelente época 2019/2020.

Como árbitro em Portugal tenho referencias o Paulo Duarte e o João Costa com quem posso trocar ideias e dúvidas, e a nível internacional a minha referência é o Jerome Garces (árbitro da final do Campeonato do Mundo 2019) pela sua capacidade de gestão do jogo e comunicação com os jogadores.

Infelizmente não é possível um grande acompanhamento a todos os árbitros em Portugal, mas tenho que salientar o grande trabalho do DTA Ferdinando de Sousa em trabalhar com o maior número de árbitros ao nível do coaching.

Consegue imaginar um futuro onde um árbitro português consiga arbitrar regularmente jogos internacionais de rugby XV?

Consigo imaginar e vou conseguir ver o João Costa a arbitrar vários jogos do Rugby Europe Championship, tendo agora no início de março arbitrou o Holanda – Lituânia do Rugby Europe Trophy, com o Paulo Duarte e Pedro Mendes Silva como Árbitros Auxiliares.

Vejo o Paulo Duarte e Pedro Mendes Silva com as mesmas possibilidades, atuando em qualquer posição do Trio de Arbitragem conjuntamente com o João Costa.

Espero conseguir cativar mais gente para a arbitragem, assim como todos os árbitros. Os jogadores, treinadores e os clubes para serem melhores, devem todos ter uma iniciação na arbitragem, cada vez mais cedo. Assim poderemos aproveitar todos para o jogo. Existem muitos árbitros que não foram exímios jogadores, mas são bons árbitros.

O conhecimento das leis do jogo é fundamental para todos os intervenientes, até para o público… que muitas vezes não percebe as decisões do árbitro!


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