Tiago Pelicano, Author at Fair Play

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Tiago PelicanoSetembro 28, 20256min0

Continuamos na demanda de contar a história das Pioneiras e da conquista do Europeu de futebol de praia, com esta parte a ficar reservado para os acontecimentos do ano de 2025, ano de grandes feitos e marcos históricos.

Iniciamos com o apuramento, a fase regular da WEBSL, onde participamos na etapa italiana, em Castellammare di Stabia, onde vencemos categoricamente a etapa, três jogos, três vitórias, bom futebol praia praticado, dominadoras, confiantes e a confirmarmos o estatuto de candidatas ao título.

Para esta fase final, Alan, proferiu estas palavras – “Como se diz em Portugal: não há duas sem três. Temos o objetivo de sermos campeãs” (Fonte: zerozero.pt) e foi com esta ambição que as 12 convocadas seguiram para Viareggio, Itália, onde calhamos no grupo A, juntamente com Suíça e Polónia.

A primeira convocatória de Alan foram:

GR: Jamila Marreiros (AD Pasteis da Bola) e Lara Silva (ACD Sótão)

Fixo: Ema Toscano (ACD Sótão) e Joana Flores (ACD Sótão)

Alas: Andreia Silva (AD Pasteis da Bola), Cristiana Costa (AD Pasteis da Bola), Inês Cruz (ACD Sótão) e Joana Meira (AD Pasteis da Bola)

Pivot: Beatriz Tristão (AD Pasteis da Bola), Carolina Ferreira (ACD Sótão), Joana Vasco (ACD Sótão) e Melissa Gomes (Rio Ave FC)

No entanto, antes do embarque, Alan Cavalcanti viu a sua convocatória ser alterada, com uma baixa de última hora, Melissa Gomes iria ficar em Portugal e no seu lugar iria a pivot, Marta Simões (Mr. Football Academy).

No primeiro jogo iriamos defrontar a Suíça, um jogo que inesperadamente, vencemos apenas nas grandes penalidades. Depois de empatarmos a três bolas, com golos de Joana Meira, Joana Flores e Inês Cruz, venceríamos nos penáltis por 4×3. Uma seleção que na etapa da fase regular, tínhamos vencido por 8×3, acabaria por se apresentar muito melhor e levar ambas as finalistas do ano anterior a penáltis, pois a Polónia também iria vencer o seu duelo com as helvéticas em penáltis, levando assim a decisão do primeiro lugar para a última jornada do grupo.

No jogo da decisão do grupo, frente às polacas, acabaríamos por mais uma vez levar a melhor, vencendo por 2×1 com golos de Carolina Ferreira e Inês Cruz. Foi novamente um jogo pautado pelo equilíbrio e que até nos obrigou a uma remontada, depois de estarmos a perder por 1×0.

As meias-finais iram opor-nos a outra seleção bem conhecida das nossas “Pioneiras” – as ucranianas – seleção com qualidade e que nos testa sempre e que também nos iria obrigar a nova remontada, depois de voltarmos a estar a perder por 1×0, acabaríamos por vencer com mérito por 3×1, com golos de Marta Simões e Inês Cruz (x2). Esta seleção lusitana já nos habituou que estar a perder não é demasiado preocupante, porque nestes anos todos algo que sempre esteve presente neste grupo de incríveis jogadores, é o espírito de superação, o espírito guerreiro e o espírito de nunca desistir e poderíamos caracterizar esta seleção de seleção das remontadas, porque de facto, fazemo-lo muitas vezes.

Chegaríamos então, mais uma vez à final, tal como o “Chato” tinha previsto, não há duas sem três e pelo terceiro ano consecutivo, Portugal estava na final da WEBSL, quem era a outra seleção finalista? As “nuestra hermanas”, sim a Espanha, aquela seleção que tínhamos vencido no ano anterior para ir à final, aquela seleção que tem das melhores jogadoras do mundo. Mas lembram-se do que aconteceu no ano anterior? Vencemos e quebramos uma barreira, aquela barreira de que estas são difíceis, de que são invencíveis, nós quebramos isso, metemos duvida na cabeça delas, as espanholas é que foram para jogo a pensar se nos conseguiriam derrotar e nós? Como fomos nós? Humildes, confiantes e com a certeza de que não há duas sem três e que em bom português à terceira é de vez! Sim, desta vez, iriamos escrever uma epopeia, desta vez tinha de ser nossa, desta vez não haveria outro resultado senão a vitória, desse por onde desse!

O dia D estava aí, 14/09/2025, passaria a ser conhecido por dia P, dia em que Portugal iria à conquista do tão desejado trofeu que fugia há dois anos consecutivos.

Entramos no jogo e desta vez não queríamos dar espaço para remontadas, entramos fortes e a faltar 5’ para o fim do 1º período, Inês Cruz inaugurou o marcador, indo Portugal a vencer por 1×0 para o primeiro intervalo, no 2º período com 10’ para jogar, Joana Flores voltava a balançar as redes e aumentar a vantagem lusa para 2×0, no entanto com 2’ para terminar o 2º período a Espanha reduzia para 2×1 com Adriana Gimenez a fazer o gosto ao pé, no 3º período com 1’ jogado, Andrea Mirón iria empatar a partida e fez soar os alarmes das “Pioneiras”, sabíamos o que queríamos, sabíamos que as espanholas queriam voltar a erguer o trofeu, sabíamos que já fugia há dois anos seguidos e com tudo isso em mente, colocamos novamente o jogo no nosso controle, a faltar 7’ para jogar, Joana Flores bisa na partida e coloca Portugal a liderar o jogo por 3×2 e estancava o ímpeto espanhol e para a machadada final, a faltar 1’ para terminar, Carolina Ferreira carimbou o resultado em 4×2, confirmando o sonho, confirmando o objetivo definido em 2021 pelo “Chato”, SER CAMPEÃS!

Após o jogo, Alan Cavalcanti lançou o mote com estas palavras – “Como disse desde o primeiro dia, este era o objetivo: ser campeão. Como dizem que sou muito chato, não ficamos por aqui. A partir de agora tem de ser sempre assim: campeões em todas as provas. O trabalho terá de continuar, temos de dar seguimento. Espero que o futebol de praia feminino continue a crescer, as coisas estão a ser bem executadas.” (Fonte: zerozero.pt)

O mote foi dado, o objetivo foi alcançado, a história das “Pioneiras” foi contada, o futuro a nós pertence. Agora existe a responsabilidade de seguir a conquistar, de não parar, de continuar a provar que não foi engano, que foi trabalho, que foi capacidade, que foi sacrifício e muita vontade de vencer, que somos Portugal e que nos fazemos grandes frente aos grandes, que queremos ser os melhores entre os melhores e que jamais deixaremos de marchar contra os canhões!

Vocês são o orgulho de uma nação! Obrigado meninas “Pioneiras”, obrigado Alan, obrigado a toda a comitiva que fez Portugal chegar mais uma vez ao topo.

Obrigado!

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Tiago PelicanoDezembro 29, 20243min0

2024 está a terminar e neste artigo irei escolher, os que para mim, foram os 3 melhores portugueses em futebol praia de 2024.

É sempre tarefa árdua para quem resolve escolher nomes e nunca será consensual para todos, até porque felizmente temos uma seleção e jogadores com muita qualidade técnica e tática, que faz com que escolher apenas 3 num possível lote de habituais 15 pareça tarefa impossível, mas irei fazê-lo.

Relembrar que em 2024, Portugal participou na EBSL fase regular e Superfinal, onde alcançou em ambos o segundo posto.

Escolhendo então o primeiro nome, INÊS CRUZ, a ala de 33 anos, jogadora da ACD Sótão, é a motor da seleção comandada por Alan Cavalcanti, importante na manobra ofensiva, cria várias oportunidades de golo, dá assistências e ela própria faz golos, guerreira e não dá um lance por perdido, torna-a numa das indispensáveis da armada lusa.

O segundo nome, vai para MARTA SIMÕES, a pivot de 25 anos, jogadora do GD Ilha, revelou-se numa arma mortífera para o selecionador das Quinas, com capacidade finalizadora e acima de tudo de segurar jogo ofensivo e assistindo as alas que aparecem a partir de trás em transição, acaba por fazer uma época muito positiva e com grande perspetiva de futuro.

Por ultimo, CAROLINA FERREIRA, a pivot de 27 anos, jogadora da ACD Sótão, é a matadora de serviço na seleção, depois de ultrapassar uma lesão grave no joelho, regressou para fazer uma boa época, com características diferentes de Marta, acabam por oferecer um tipo de jogo diferente e soluções variadas a Alan, Carolina é uma pivot muito mais objetiva e focada na busca do golo, acaba por muitas vezes ir no lance individual e desbloqueia o jogo através dessas investidas.

Antes de fechar o artigo, deixar duas menções honrosas para JOANA FLORES e JAMILA MARREIROS, a fixo da ACD Sótão e a guarda-redes da AD Pasteis, são das jogadoras que merecem também elas destaque, a Joana é mais uma guerreira, com um espirito de sacrifício enorme e que nunca desiste, empurrando a equipa para a frente quando parece ser impossível avançar, dona de um pontapé fortíssimo, é a alma e espirito da seleção das Quinas, a Jamila é a líder da caravela portuguesa por esses areais fora, transmite segurança na baliza, “puxa as orelhas” quando as colegas parecem estar a desvanecer e é ela que muitas vezes lança os ataques da seleção, podiam ser dois nomes nas 3 melhores, mas acabam por ficar nas menções honrosas.

Relembrar que a seleção feminina, conseguiu eliminar a Espanha, melhor seleção do mundo feminina, nas 1/2 finais da EBSL Superfinal, caindo depois na final perante a Polónia, mas é uma seleção que começa a ser candidata em todas as competições em que entra.

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Tiago PelicanoNovembro 17, 20246min0

Para fecharmos esta retrospetiva das selecções nacionais de futebol de praia, olhamos para a seleção masculina, que começou 2024 a disputar o Mundial em Fevereiro, no Dubai.

Portugal, comandado pelo seu timoneiro, Mário Narciso, chamou 13 jogadores para disputar a competição, três guarda-redes – Pedro Mano, Ruben Regufe e Diogo Dias -, três fixos – André Lourenço, Bruno Torres e Bernardo Lopes -, cinco alas – Martins, Jordan Santos, Rubén Brilhante, Duarte Algarvio e Rodrigo Pinhal – e dois pivots – Leo Martins e Miguel Pintado.

A competição foi disputada por 16 equipas, divididas em quatro grupos de quatro, onde Portugal partilhou grupo com o eterno rival, Brasil, com Omã e com o México. No primeiro encontro, vencemos o México por 8×2, no segundo jogo e em mais uma grande promoção à modalidade, acabamos por não ser felizes frente ao Brasil e perdemos após prolongamento por 3×2 e no último jogo vencemos a seleção de Omã por 3×2.

As aspirações eram grandes e as esperanças também, vínhamos a praticar um bom futebol praia, mas sentia-se que faltava frescura física aos principais jogadores da seleção e faltava confiança à segunda linha nacional para assumir nos momentos em que Portugal precisava de dar descanso à primeira quadra, muitos minutos acumulados revelaram-se, talvez, traiçoeiros e num jogo em que a sorte também não nos sorriu, acabamos eliminados precocemente do Mundial, nos 1/4 final, frente à Bielorrússia, terminando assim o sonho do quarto Mundial para a nação valente.

No final de Agosto – inicio de Setembro, disputamos na Nazaré, a fase regular da EBSL, num grupo de quatro seleções, com Espanha, Alemanha e Bielorrússia.

Para esta competição, Mário Narciso, chamou 12 jogadores, dois guarda-redes – Pedro Mano e Ruben Regufe -, dois fixos – Rui Coimbra e Bernardo Lopes -, seis alas – Jordan Santos, Bê Martins, Ruben Brilhante, Duarte Algarvio, Rodrigo Pinhal e Vasco Gonçalves – e dois pivots – Leo Martins e Miguel Pintado.

Portugal venceu esta fase regular, vencendo todos os jogos, primeiro a Alemanha por 6×1, depois a Bielorrússia por 6×5 e por fim a Espanha por 6×1.

Nesta competição vimos uma grande diferença para aquilo que foi o Mundial em Fevereiro, Mário Narciso, retirou ilações muito importantes, apostou numa maior rotação das quadras, dando mais tempo de descanso à primeira quadra e com estes mais frescos e a jogar a todo o gás e acrescentando confiança aos restantes jogadores da seleção fomos dominadores em todos os jogos e dávamos grandes indicadores de que seriamos um grande favorito a vencer a Superfinal.

Durante o mês de Setembro, disputou-se a Superfinal da EBSL, em Alghero e Mário Narciso levou os mesmos 12 jogadores, à exceção de Vasco Gonçalves que foi substituído por André Lourenço.

A competição disputou-se com 12 seleções, divididas em três grupos de quatro, Portugal calharia no grupo C, juntamente com Chéquia, Polónia e Dinamarca. Iriamos vencer todos os jogos, dominando e “amassando” os adversários, não dando qualquer tipo de esperança que pudessem sequer sonhar em disputar o jogo. No primeiro jogo vencemos a Chéquia por 9×1, no segundo, vencemos a Dinamarca por 4×1 e no ultimo, vencemos a Polónia por 6×4.

No 1/4 final, Portugal defrontou uma Suíça muito desfalcada, mas também super “desligada” do jogo e Portugal cilindrou, 11×4. Nas 1/2 finais, calharia a Bielorrússia e quase como num ajuste de contas pelo Mundial, Portugal entrou com tudo e venceu por 7×3, controlando o jogo e superiorizando-se quer técnico-taticamente, quer fisicamente. Portugal chegaria à final com a corda toda e contra anfitriã, Itália, voltamos a “amassar” o adversário, 5×1, vitória Lusa e mais uma EBSL para o currículo.

Portugal banalizou todas as seleções europeias e demonstrou um poderio imenso e em última instância podemos atribuir isso tudo à mudança de gestão das quadras por parte do selecionador Mário Narciso. Para fechar a época, Portugal iria ainda disputar a qualificação de acesso ao Mundial 2025, em Outubro nas praias de Cádiz.

A qualificação foi disputada por 23 equipas, divididas em cinco grupos de quatro e um grupo de três seleções e num formato diferente do habitual, onde existiu uma primeira fase de grupos, apurando-se os dois primeiros de cada grupo, mais os quatro melhores terceiros, seguido de um playoff, de onde sairiam oito seleções, que se dividiram novamente em dois grupos de quatro, apurando depois os dois primeiros de cada grupo para o Mundial 2025.

Na primeira fase de grupos, Portugal calhou no grupo C, defrontando a Estónia, Alemanha e o Cazaquistão. A Armada Lusa, venceu todos os jogos, primeiro o Cazaquistão por 12×0, seguiu-se a Estónia por 5×2 e por fim a Alemanha por 7×3.

No jogo de playoff, Portugal defrontou o Azerbaijão e venceu por 13×5, sem dar qualquer hipótese, apesar de até não ter começado bem o jogo, mas a impor a sua lei no jogo e a tirar do caminho o adversário.

Na segunda fase de grupos, Portugal ficou no grupo B, juntamente com Espanha, Polónia e França. E mais uma vez, Portugal a mostrar poderio e a impor-se perante todos os adversários vencendo todos os jogos, primeiro a Polónia por 6×1, depois a França por 6×3, garantindo nesse jogo a presença no Mundial, no último jogo frente a Espanha a vitória foi por 9×6.

Devido ao temporal que se colocou nos últimos dias da competição, a organização acabou por ser forçada a adiar alguns jogos e por consequência o formato da competição, desta fase de grupos iriam sair quatro seleções para disputar 1/2 final e final, mas devido às condições meteorológicas adversas, a organização atribuiu o vencedor por classificação geral de ambos os grupos. Portugal acabaria por sagrar-se vencedor por ter alcançado 9pts e uma vez que o 1º classificado do grupo A, fez apenas 6pts, colocou Portugal no topo da geral.

Em Maio de 2025, Portugal irá disputar o Mundial nas Seychelles e depois das exibições apresentadas nestas ultimas três competições, Portugal pode realmente sonhar com o titulo de campeão do mundo.


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