Diogo Soares, Author at Fair Play

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Diogo SoaresMarço 31, 20254min0

A mais recente crise de resultados de Liam Lawson, que provocou a troca entre o neozelândes e Tsunoda há cerca de uma semana, voltou a expor a grande crise no seio de Milton Keynes e que até há pouco menos de um ano estava camuflada pelos resultados de Max Verstappen – e até pelos belos projetos entre 2021-2023 e pelo início de 2024.

Os problemas não são de hoje, é preciso recuar uns bons anos até à origem das decisões polémicas que levaram ao fim da carreira na F1 para alguns pilotos. Desde o longínquo ano de 2007, quando o norte-americano Scott Speed foi “despachado” ao fim de qautro corridas, até aos dias de hoje, as equipas lideradas por Christian Horner – sim, Horner é mais dono da equipa B do que Franz Tost alguma vez foi ou que Laurent Mekies é -, e o projeto de desenvolvimento liderado por Helmut Marko deu-nos dois dos melhores pilotos de sempre, mas trouxe imensos problemas a outros.

Pierre Gasly foi o primeiro da vaga mais recente de humilhações, no ano de 2019. Na altura, a Red Bull não tenha o melhor carro e apenas era pedido ao francês para que andasse ao ritmo de Verstappen. Eis que o impulso ainda “verde” do então piloto de 22 anos nos treinos de Barcelona levou o carro até às barreiras da curva 9 do circuito catalão. O resultado? Carro completamente destruído e um caminho traçado até à porta de saída, que se confirmara em agosto desse ano. Depois dele seguiram-se Alex Albon, Checo Pérez e Lawson. Pérez trouxe estabilidade durante dois anos, mas o ciclo de maus resultados ainda em 2023, e que piorou em 2024, apenas deu uma saída ao mexicano, um ano sabático.

Mas não só há instabilidade na ‘A’, a mesma reflete-se na equipa B há anos, desde os tempos da Toro Rosso, até recentemente. Brandon Hartley em 2018, Kvyat até 2020 – aliás, como sabemos, Kvyat nem devia ter entrado na F1, pelo menos, quando Félix da Costa tinha o contrato já assinado – De Vries em 2023 e Ricciardo de seguida, num retorno dos mortos, mas que não saiu de morto-vivo.

Todo este rol de más decisões, falta de apoios aos pilotos, esperando que de uma forma natural sejam Verstappen, tende a piorar e os verdadeiros culpados da situação passam entre os pingos da chuva como se nada fosse. Aliados à má liderança de Horner e à existência de Marko na equipa, que já estão em rotura há imenso tempo, dão-se as saídas Adrian Newey, Rob Marshall e Jonathan Wheatley nos últimos dois anos e que poderão se agravar caso a genial Hannah Schmitz decida fazer o mesmo – não há rumores, mas atualmente tudo é possível.

O divórcio entra a equipa e a Honda fica consumado em 2025, entrando a Ford em cena, o que deixa a equipa numa incerteza sobre se a unidade motriz de Detroit trará competitividade no imediato ou se entrará num novo processo até atingir a vitória. O que é certo é que se não houver competitividade em 2026, a continuação de Verstappen estará em perigo e, se o tetracampeão decidir abandonar, pode levar à ruína completa do projeto austríaco. Ou seja, a Red Bull precisa de entrar já em reestruturação se quiser preservar a sua competitividade a médio prazo. Helmut Marko deveria ser o primeiro a sair, uma vez que estas trapalhadas que juntamente com as declarações infelizes e de caráter discriminatório, já deveriam ter ditado o fim do vínculo do ex-piloto com a estrutura.

Os tempos que se avizinham não se adivinham como fáceis para a equipa e Verstappen parece ser o único pilar que sustenta toda uma fábrica. Recupero uma ideia que disse no podcast ‘Contracurva’ há uns episódios: Max e Red Bull estão como Marc Márquez e Honda no MotoGP. Ignorar os problemas porque os pilotos fazem maravilhas só me dizem uma coisa: quando esses pilotos não lá estiverem, a queda vai ser estrondosa.

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Diogo SoaresFevereiro 16, 20253min0

 Faleceu Jorge Nuno Pinto da Costa, símbolo máximo do Futebol Clube do Porto e um dos maiores nomes do desporto português. Amado pelos portistas, odiados pelos rivais, Pinto da Costa deixa um legado muito difícil de ser igualado no desporto mundial, vencendo milhares de títulos desde o futebol às modalidades de pavilhão, passando pelo atletismo, ciclismo, enfim, em todos desportos em que envolveu o clube, venceu e venceu muito.

Nascido no Porto, em 28 de dezembro de 1937, desde muito cedo se envolveu no clube, através da paixão que o movia, mas só anos mais tarde se torna vogal da secção de hóquei em patins. Em 1962, torna-se chefe de secção da mesma modalidade.

Em 1976, a convite do então presidente Américo Sá, Pinto da Costa torna-se diretor do departamento de futebol, tendo contratado José Maria Pedroto para treinar a equipa principal do clube. Com “Mestre Pedroto” ao leme, o Porto conquistou o título em 1978, terminando assim o jejum de 19 anos sem ser campeão nacional. Dois anos depois, durante o ‘verão quente”, saiu do clube, juntamente com o treinador.

Esta saída abriu caminho para a sua candidatura à presidência, que se consumou em 1982, vencendo-as e iniciando a “era dourada” no FC Porto. Os “dragões”, como intitulou os simpatizantes do clube – fazendo até esquecer o nome de “andrades” – tinham 16 títulos no seu currículo de futebol, hoje são 86, 68 deles com o histórico presidente. Juntamente com os títulos das modalidades, são mais de dois milhares as conquistas do “Eterno Presidente”.

Foi tão bem sucedido quanto polémico, quer em casos de justiça, quer na defesa dos valores do Norte contra o centralismo de Lisboa, quer no futebol, quer na política. Mas também um homem culto, inteligente, amante da poesia de José Régio e de Fernando Pessoa. Foi tudo e mais alguma coisa na vida, o que o faz ser amado e odiado, no entanto, é sem dúvida, o maior nome da cidade do Porto. Muito maior que qualquer político, futebolista ou outra personalidade “tripeira”.

Saiu do clube com uma derrota pesada, reflexo das debilidades na sua gestão – e também por se rodear de oportunistas “leais” – mas não saiu pela porta pequena, saiu com obra feita de pegar num clube regional e torná-lo internacional, com obra social realizada em prol da cidade, como quando doou fundos e equipamento hospitalar para a ala pediátrica “Joãozinho” do Hospital de São João.

Jorge Nuno Pinto da Costa não foi um santo, nem um anjo – mas também nunca foi anjinho, segundo ele – mas é uma das maiores figuras mediáticas de Portugal, maior até que alguns grandes políticos, futebolistas e artistas que envergam o orgulho português, e a sua personalidade única deve sempre ser admirada e respeitada por todos, independentemente da cor clubística. O Futebol Clube do Porto nunca terá ninguém igual, o futebol nunca terá ninguém como ele, nem voltarão a aparecer personalidades como a dele no país. Tenho a impressão de que se alguma vez tivesse avançado para a Presidência da República, teria ganho na primeira volta.

Até Sempre, Caríssimo Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa.

Os meus sentimentos à família, aos amigos e ao universo azul e branco.


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