A terceira vida de Nadal

André Dias PereiraSetembro 14, 20194min0

A terceira vida de Nadal

André Dias PereiraSetembro 14, 20194min0
Não existe nenhum jogador com menos de 30 anos no circuito com vitórias em Grand Slam. A hegemonia do Big-3 continua intacta. Ao conquistar o seu quarto título US Open e o 19º Major na carreira, Nadal está agora a apenas um título de igualar Federer.

Vivemos num período muito singular do desporto. Um período de alta performance, de longevidade ao mais alto nível, de ascensão e queda de heróis. Se no futebol Messi e Ronaldo dividem o protagonismo nos últimos 13 anos, no ténis o mesmo acontece com Federer, Nadal e Djokovic. Tal como no no futebol, também no ténis se vai espreitando nas novas gerações alternativas à hegemonia do Big-3. Sobretudo depois dos 30 anos. Mas os novos heróis prometidos e construídos vão sucumbindo perante os heróis de ontem e ainda de hoje.

Talvez isso ajude as explicar as lágrimas de Rafael Nadal quando venceu pela quarta vez o US Open. As mesmas parangonas que tanto o idolatraram no passado foram as mesmas que anunciaram o fim do seu ciclo de grandes vitórias para além de Roland Garros. E são as mesmas que esta segunda feira anunciaram o seu 19º Grand Slam.

Tal como a vitória no US Open em 2017 relançou Nadal ao mais alto nível, após um período de lesões e dúvidas quanto ao seu futuro, o triunfo deste ano representa uma terceira vida do espanhol no circuito.

Num jogo épico, de 4h51 minutos, o maiorquino levou a melhor sobre Daniil Medvedev: 7-5, 6-3, 5-7, 4-6 e 6-4. O russo, 23 anos de idade, é o grande símbolo da nova geração russa.  Uma geração que conta também com Andrey Rublev e Karen Khachanov. É já o número 4 do mundo, contanto com 5 títulos ATP. Três em 2018 e dois este ano (Sofia e Cincinnatti). Pela primeira vez atingiu a final de um Grand Slam. Para trás deixou tenistas como Prajnesh Gunneswaran,  Hugo Dellien, Feliciano Lopez, Dominik Koepfer, Stanislas Wawrinka e Grigor Dimitrov.

Dois dos maiores da história (Foto: State Magazine)

Nadal, por seu lado, teve um caminho espinhoso até à final. Começou por vencer a sensação do US Open 2018, Hyeon Chun, seguiu-se Marin Cilic, Diego Scharwzman e Matteo Berrettini. De resto, o maiorquino entrou no restrito lote de jogadores que jogaram 5 finais nos 3 Major. Os outros foram….Federer e Djokovic.

Com este tiunfo, Nadal não fica apenas a um passo de igular Federer como maior campeão de Majors, como está também a um passo da liderança mundial. Noventa e cinco pontos distam agora Djokovic do espanhol.

Lesão afasta Djokovic

Apontado como o grande favorito, Novak Djokovic acabou por perder para si mesmo na quarta ronda. Diante Stan Wawrinka, o sérvio não resistiu à lesão que o acompanhava, desistindo quando perdia por 6-4, 7-2 e 2-1.  A lesão no ombro direito pode originar uma paragem prolongada. Djokovic, 32 anos, está inscrito nos torneios de Tóquio, Xangai, Paris, ATP Finals e Davis Cup Finals, mas corre o risco de não jogar mais até ao final do ano.

Com Djokovic de fora, acreditou-se que Federer poderia chegar ao 21º título. O suíço começou bem o torneio, vencendo Sumit Nagal, Damir Dzumhur, Daniel Evans e David Goffin. O helvético acabaria por cair perante Grigor Dimitrov, nos quartos de final. O búlgaro tem feito um ano discreto, sem títulos ATP, acaba por alcançar as meias-finais do US Open, caindo perante o finalista Medvedev.

Sem a lesão, Djokovic podia vencer? (Foto: US Open)

Destaque também para Matteo Berrttini. O italiano atravessa o seu melhor ano. Soma dois títulos – Estugarda e Budapeste – e foi semi-finalista no US Open. Eliminou os australianos Jordan Thompson e Alexei Popyrin, Andrey Rublev e Gael Monfils.

Desde que o suíço Stan Wawrinka levantou o troféu do US Open de 2016, apenas Nadal, Federer e Novak Djokovic ganharam os 12 Grand Slams disputados. Nenhum jogador em atividade com menos de 30 anos tem no currículo um título de major. A vez da nova geração ainda não chegou. Os heróis de ontem e de hoje continuarão a ser os de amanhã. Mesmo quando a melhor geração de sempre do ténis se aposentar. Não importa quem é o melhor, ou quem terminará a carreira com mais Grand Slam. Federer, Nadal e Djokovic, como diamantes, são eternos.


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