Super Rugby 2019: os melhores, os “adeus”, os bolters e mais!

Francisco IsaacJulho 16, 201911min0

Super Rugby 2019: os melhores, os “adeus”, os bolters e mais!

Francisco IsaacJulho 16, 201911min0
Mais uma edição do Super Rugby passou e é altura de revermos alguns dos melhores momentos, jogadores, treinadores, surpresas e outros pormenores de mais uma grande época! O balanço do Fair Play ao SR 2019

Ponto final no Super Rugby e ponto final na cobertura do Fair Play à competição. Escolhemos os melhores, as surpresas, as despedidas, os top-tries e o melhor XV, num artigo que tenta relembrar um pouco do que foi a época 2019.

O MOMENTO QUE ESPERÁVAMOS E O MAIS DEBATIDO: TJ PERENARA E ARDIE SAVEA OS MELHORES DO SR 2019?

É verdade, a nossa escolhe recaiu no asa e no formação dos Hurricanes e, por mais estranho que pareça não optámos por nenhum dos jogadores que marcaram presença na final da competição, mesmo que Richie Mo’unga (tacticamente é um senhor e no pontapé é infalível), Jack Goodhue, Sevu Reece (vai aparecer noutra lista), Pablo Matera, Matías Orlando, Guido Petti (um segunda-linha soberbo e que vai mandar na sua posição no Mundial) e Matt Todd tenham estado em entre um bom e alto nível durante a temporada.

Mas então que argumentos podemos apresentar para sustentar esta decisão de escolhermos TJ Perenara e Ardie Savea como os melhores do Super Rugby 2019? Consistência, exuberância e liderança. Comecemos por Perenara… o nº9 foi genial em todos os parâmetros, e por exemplo tanto a exibição contra os Blues na fase regular ou frente aos Crusaders nas meias-finais foram perfeitas demonstrações da destruição que o capitão semeou no Super Rugby.

Está física e mentalmente à frente de Aaron Smith neste momento, e mesmo tacticamente parece estar mais competente e, por isso, mais perigoso para a equipa adversária, sendo um formação que consegue fazer tudo com a mesma excelência.

Já Ardie Savea foi uma incrível arma de destruição maciça, com 10 quebras-de-linha durante toda a temporada, 50 tackle busts, 842 metros conquistados (o asa com mais território percorrido de toda a competição) para além de quatro ensaios. Números que facilmente colocam-no como o melhor asa neste momento na Nova Zelândia e do Super Rugby… veremos se as exibições nesta temporada foram as suficientes para colocá-lo a titular nos All Blacks.

Outros jogadores que podiam merecer a menção para Melhor do Ano: Handré Pollard (sem o nº10 os Bulls não teriam conseguido a qualificação para os quartos-de-final), Anton Lienert-Brown (o rei dos “offloads” do Super Rugby, foi peça essencial dos Chiefs), Richie Mo’unga (não foi espectacular, mas rubricou várias exibições de qualidade) ou Brad Webber.

Uma exibição que explica o que foi TJ Perenara a época inteira

A(S) SURPRESA(S): JAGUARES NO TOPO E SEVU REECE PARA ADENSAR A TRAMA

Quem alguma vez adivinhava que os Jaguares conseguiriam chegar à final do Super Rugby 2019? Um ano memorável para a equipa liderada por Gonzalo Quesada que deu um salto qualitativo, sobretudo no que toca à capacidade física, disciplina (apenas 6 amarelos em toda a temporada) e controlo de bola, conquistando 13 vitórias, 7 das quais de forma consecutiva. Um rugby não tão espectacular em comparação com os Pumas, mas com uma panóplia de excelentes movimentos que conseguem desbloquear até as defesas mais “agressivas”, como os Hurricanes, Chiefs ou Bulls (derrotaram estas três equipas durante a fase-regular).

Curiosamente, foi o ano em que os Jaguares menos dependeram de individualidades, preocupando-se em construir um colectivo totalmente uno e inabalável com uma defesa de raça (3ª melhor da temporada com uma média de 88% de eficácia), uma entrega e resiliência total (a equipa com mais portagens de bola) e uma vertente “artística” que proporcionou alguns momentos mais mágicos, com Moroni, Orlando ou Cubelli a liderar essas “fantasias”.

Foram a equipa surpresa nesta temporada a par dos Brumbies. Porquê os Brumbies? Antes do início do Super Rugby 2019 era a equipa australiana menos cogitada a chegar à fase-final, optando os comentadores e restantes media por se apaixonarem pelos “míudos” dos Reds, os sempre-candidatos Waratahs e a reunion entre Will Genia e Quade Cooper nos Rebels. Os Brumbies eram, por assim dizer, o “cavalo” mais fraco que no final acabou a rir, uma vez que chegaram até às meias-finais na competição, rubricando grandes exibições frente aos Chiefs (54-17), Lions ou Bulls.

Em termos de jogadores, a grande surpresa vai para Sevu Reece, o ponta dos Crusaders que no seu ano de estreia conseguiu marcar “só” 15 ensaios, para além de mais de 1km de metros conquistados, 39 quebras-de-linha, 21 offloads, entre outros pormenores de alto relevo.

Com 22 anos, Sevu Reece decidiu virar as contas de Steve Hansen do avesso, que não esperava com certeza desta ascensão do ponta dos ‘saders. Mas o que o jogador de 22 anos nascido nas Fiji tem de tão diferente? Difícil explicar por palavras… Reece é um ponta muito diferente de Ben Lam dos Hurricanes por exemplo ou de Melani Nanai dos Blues, pois tem outro tipo de velocidade aliado a uma capacidade para aguentar bem o choque (de tal forma que consegue aguentar bem a primeira placagem e seguir a jogar), para além de uma passada eléctrica. Não é o melhor placador na posição nem o mais dimensional (George Bridge é largamente mais completo), mas sabe encontrar formas de passar por entre os adversários para chegar até à área de ensaio adversária.

Outros jogadores que surpreenderam no Super Rugby 2019: Tom Robinson (Blues), Herschel Jantjies (Stormers), Will Jordan (Crusaders), Liam Wright (gigante o asa dos Reds), Josh Ioane (Highlanders) são alguns dos outros nomes a ter em conta.

A melhor exibição dos Jaguares da temporada

OS ENSAIOS QUE NOS TIRAM O SONO: QUAL O MELHOR?

Durante a temporada tivemos vários ensaios que merecem toda a atenção e invés de estarmos a escrever sobre cada um deles compilámos os 10 mais interessantes… dos Chiefs aos Jaguares, passando pelo incrível Sevu Reece ou o monstruoso Ardie Savea! Qual o vosso favorito?

AS ESTRELAS QUE PARTEM PARA OUTRAS PAISAGENS: DE HIGGINBOTHAM A CROTTY

O Super Rugby 2019 marca o “adeus” ou “até já” de vários jogadores icónicos (e outros nem tanto) à competição e vamos começar pelos que vão sair só durante uns tempos. E quem são? Começamos por dois dos mais sonantes, Broadie Retallick e Beauden Barrett, para além de Samuel Whitelock e Malcolm Marx. São logo quatro nomes fortes que vão adicionar à liga japonesa um valor extraordinário tanto de qualidade de jogo como de imagem e marketing, duplicando a dimensão deste campeonato menos conhecido, mas que sairá muito valorizado.

Os quatro jogadores assumem uma importância total nos Chiefs, Hurricanes (Beauden Barrett já foi transferido para os Blues no entretanto, numa das trocas menos previsíveis de sempre no rugby neozelandês), Crusaders (Whitelock é “só” capitão dos tricampeões do Super Rugby) e Lions (Marx assumiu-se como um dos melhores jogadores do Super Rugby dos últimos quatro anos) naquele que será só uma temporada (talvez até só meia) no caso destes jogadores.

Contudo, a larga maioria dos outros nomes abandonam o Super Rugby durante pelo menos próximos 3/4 anos, como Ryan Crotty, David Pocock, Handré Pollard, Pablo Matera, Eben Etzebeth, Owen Franks, Jordan Taufua, Waisake Naholo, Ben Smith, entre outros. David Pocock marcou uma era nos Brumbies, assumindo-se como um dos grandes líderes da franquia de Canberra… infelizmente, sai da equipa australiana sem ter conseguido fazer mais que 4 jogos na temporada actual, devido a constantes lesões e problemas físicos.

Pablo Matera vai fazer falta aos Jaguares, até pela forma como tem marcado a equipa argentina tanto pelo seu espírito de sacrifício, poder de luta, capacidade em dominar o breakdown, para além de ter uma certa genialidade no que toca ao handling. Veremos como Gonzalo Quesada resolve o problema da ausência do asa, que não tem ainda substituto à altura.

Mas será sobretudo uma saída como a de Handré Pollard fará a completa diferença nos Bulls… se os abandonos de Jesse Kriel, RG Snyman e Duane Vermeulen já eram problemáticos, o que dizer quando uma franquia perde um jogador que marcou numa época quase 200 pontos numa só época, e que na contabilidade total de serviço à equipa de Pretória realizou 60 jogos fez 631 pontos? Pollard foi um autêntico “general” durante a temporada toda pela franquia de Pretória, colocando-os num patamar superior ao ponto que conseguiram um apuramento para a fase-final, algo que já não se verificava há algumas épocas.

Há mais uma série de outras saídas como Melani Nanai, Matt Proctor, Jeff Toomaga-Allen, Kwagga Smith, Samu Kerevi (vai ser uma ausência preocupante nos Reds), Kieran Read, Liam Squire, Tomás Lavanini, Lood de Jager, Sekope Kepu, Luke Whitelock, Rory Arnold, Ben Smith (o melhor defesa dos últimos 10 anos deixará para sempre uma marca nos Highlanders e All Blacks), sendo estes só alguns dos vários jogadores que para o ano não estarão no Hemisfério Sul.

Um dos últimos belos momentos de Ben Smith nos Highlanders… e não foi a jogar

O XV DA ÉPOCA

O melhor XV da temporada foi escolhido baseado nas performances individuais que assistimos, pontos obtidos em fantasies diferentes, estatísticas divulgadas pelos sites quer da SANZAAR, Foxsports ou ESPN. As grandes dúvidas foram:

TJ Perenara ou Brad Webber? O formação dos Chiefs foi um dos grandes responsáveis pela subida de forma no final da época, mas o impacto que Perenara teve durante toda a temporada pelos Hurricanes foi sensacional e decisivo para chegarem até às meias-finais, onde por pouco o formação não decidia a favor da formação de Wellington;

David Havili, Melani Nanai ou Thomas Banks? Havili foi sensacional pelos Crusaders, mas Nanai foi uma das chaves-mestras para a “salvação” dos Blues que sem o seu nº15 tinham terminado ainda em pior posição. Já Banks teve uma bela época a serviço dos Brumbies, mas os erros tácticos e de posicionamento foram letais ao ponto que prejudicou a equipa australiana nas meias-finais;

Richie Mo’unga, Handré Pollard ou Beauden Barrett? Mo’unga é tricampeão, foi um chutador exímio nos momentos importantes e continuou a mostrar uma bela postura a nível do posicionamento e trabalho estratégico. Beauden Barrett curiosamente teve melhor percentagem de conversão em comparação com Mo’unga (79% para 77%), rubricou mais pontos nas fantasies que os seus adversários dos Crusaders ou Bulls e foi novamente genial com e sem bola nas mãos. Já Pollard carregou os Bulls às costas durante a maior parte da época, com 194 pontos marcados (3 ensaios marcados e 10 assistências) e todo um arsenal genial;

Anton Lienert-Brown, Jack Goodhue ou Jesse Kriel? O novo “rei” dos offloads versus o centro que mais faz jogar versus o dínamo sul-africano… os três foram sensacionais e moveram “montanhas” a partir da sua posição, revelando-se como das melhores unidades de cada uma das suas franquias;

Luke Jacobson, Matt Todd, Peter Samu, Tom Robinson ou Liam Wright? Todos são nomes que mereceriam uma oportunidade para roubar o lugar quer a Savea, Matera e Du Preez, mas a verdade é que a tríplice escolhida foi a mais forte durante toda a temporada como já explicámos durante o artigo. Contudo, Peter Samu foi espectacular nos Brumbies, substituindo bem Pocock no ataque ao breakdown, assumindo-se como um dos melhores reforços da temporada que findou à duas semanas. E Luke Jacobson teve uma temporada de tal forma boa que convenceu Steve Hansen a convocá-lo para os All Blacks, podendo chegar ao Mundial de Rugby como uma solução para a 3ª linha;

Super Rugby XV 2019 - Super Rugby 2019 - Rugby lineups, formations and tactics


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