3 Pontos do SR 2019 Final: Crusaders mantêm o controlo do Super Rugby

Francisco IsaacJulho 6, 20196min0

3 Pontos do SR 2019 Final: Crusaders mantêm o controlo do Super Rugby

Francisco IsaacJulho 6, 20196min0
E temos tricampeão consecutivo no Super Rugby, com os Crusaders a levantarem o título depois de uma vitória por 19-03 ante os Jaguares. A análise à final neste artigo!

A FINAL DO QUEM QUER MENOS ARRISCAR!

Foi uma típica final de Super Rugby à la Crusaders, ou seja, defender, contra-atacar e procurar uma oportunidade sólida para atacar a linha de vantagem. Foi tanto o plano de jogo dos agora tricampeões como dos vencidos, já que os Jaguares também pouco arriscaram, procurando um trabalho mais pensado com a posse de bola e de constante tentativa de que um centro (Orlando principalmente) conseguisse entrar nas costas para ganhar metros, mas em que faltou claramente objectivo nestas acções.

A relva molhada (parecendo que não, é e foi um apontamento decisivo) dificultou o trabalho de transmissão de bola, com inúmeros erros de handling a surgirem durante todo o encontro, onde os Crusaders sentirem graves dificuldades para colocar o jogo a “girar” quando tentavam aproveitar o espaço a mais entre o Matías Orlando e Matias Moroni. Já os argentinos precipitaram-se em diferentes momentos com Joaquin Bonilla a ter grandes responsabilidades pela precária condução de bola, libertando-a no momento menos oportuno (Matera teve uma oportunidade real de quebrar a linha, mas o abertura não entregou a oval em condições) possível.

Perante este “descalabro” em termos de dinamismos ofensivos e de criação de momentos entusiasmantes, os avançados tiveram que se apresentar ao serviço e no final dos 80 minutos foi o bloco dos Crusaders a mandar em quase todos os parâmetros do jogo, em especial na formação-ordenada ou na marcha imparável do maul dinâmico onde Kieran Read, Codie Taylor e, sobretudo, Samuel Whitelock reinaram supremos.

A experiência deste trio (juntar Matt Todd) no delinear de operações foi essencial para os neozelandeses criarem constantes problemas aos argentinos que perante a impossibilidade de contrariar a posse de bola começaram a cometer penalidades… Richie Mo’unga só teve de apontar aos postes e acertar com a eficiência do costume.

De nada valeu a estratégia de lançar Matera, Desio, Petti ou Lavanini como defesas que subiam mais rapidamente na cortina defensiva para tirar espaço de manobra aos movimentadores dos jogo dos Crusaders, pois os campeões em título adaptaram a sua forma de jogar e optaram por um jogo mais cínico, cerebral e bem executado ao pé.

Ganhou a equipa que melhor jogou, ganhou a equipa que melhor estudo formas de conquistar o título mesmo quando não foi possível pôr em marcha o seu estilo de jogo.

SAMUEL WHITELOCK… O TITÃ DOS MOMENTOS-CHAVE

Em 2020 uma série de jogadores não vão alinhar pelos seus clubes do Super Rugby durante uma temporada, como é o caso de Broadie Rettalick e Samuel Whitelock que vão jogar para o campeonato japonês numa espécie de ano sabático tirado em concordância com a federação da Nova Zelândia. Tanto os Chiefs como os Crusaders vão sentir uma imensa falta, já que ambos os 2ªs linhas desempanham um papel preponderante seja pela qualidade a atacar ou a forma dominante como defendem.

No caso dos Crusaders, este “até já” de Whitelock será sentido com grande impacto, e a exibição que o capitão dos All Blacks realizou na final do Super Rugby 2019 serve de excelente argumento: 32 metros conquistados em 6 portagens de bola, ultrapassando por 5 ocasiões a linha de vantagem, uma assistência para o ensaio de Codie Taylor, 9 placagens efectivas e zero falhadas, dois turnovers, entre outros detalhes estatísticos que contudo não contam todo o papel de Whitelock no conseguir do tricampeonato consecutivo dos Crusaders.

Quando foi mais preciso dar um empurrão à equipa e garantir que a mesma subisse a “parada” a nível físico, Whitelock e Kieran Read estiveram lá para ser a voz de liderança e comando necessária, naquilo que tem de ser visto como um exemplo categórico que para liderar não é preciso entrar em posturas e comportamentos frenéticos e erráticos.

Depois de um 2018 mais “apagado”, Whitelock acaba o Super Rugby 2019 como uma das peças-chave para a vitória da equipa de Christchurch e a sua ausência na próxima temporada será um dos maiores obstáculos que Scott Robertson terá de ultrapassar, principalmente na questão de quem vai carregar a equipa sobre os ombros e aguentar de forma calma e paciente os momentos mais fracturantes dos jogos.

Um capitão como poucos, um líder ao nível do que é a escola dos All Blacks e um avançado que sabe conferir ameaça a cada arrancada em jogo aberto que solta… uma lenda a todos os níveis do rugby moderno?

O DESESPERO LEVA A TÁCTICAS DESESPERADAS, NÃO É JAGUARES?

Um ponto curto mas que ajuda a perceber o porquê dos Jaguares perderam noção do que tinham de fazer no jogo quando viram o tempo a escassear: o jogo ao pé ou, melhor, a falta de noção de quando aplicar o jogo ao pé.

A equipa argentina fracassou em vários momentos do encontro, mas há dois que foram essencialmente mortais para o sonho de conquistarem o título: aos 30 minutos de jogo tiveram a oportunidade de converter uma penalidade em pontapé aos postes mas optaram por ir ao alinhamento (terminou como bola perdida para a frente) quando o resultado estava em 07-03; e entre os 63-70′ altura em que Bonilla ou Boffelli desataram a chutar a bola sem a excelência que uma final exigia.

É verdade que o risco poderia compensar, mas o desespero em que tanto o abertura ou defesa evocaram nesses momentos foi decisivo para o fecho das contas, com nenhuma dessas tentativas de jogada a resultarem em nada, oferecendo de novo a posse de bola à equipa da casa que fez uma clara melhor gestão da oval.

Rugby demasiado cinzento, com uma paixão mal aplicada e que acabou por ser um relembrar dos piores tempos dos Jaguares, pois a equipa argentina só chegou aos últimos 5 metros em duas ocasiões (uma delas Moroni ficou a milímetros do ensaio, mas David Havili forçou o erro do ponta no contacto) durante 80 minutos, numa exibição muito pobre em termos ofensivos.

OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA

Melhor Chutador: Richie Mo’unga (Crusaders) – 14 pontos (1 conversão e 4 penalidades) e 100% eficácia
Melhor Placador: Matt Todd (Crusaders) – 17 placagens e 2 turnovers (92% eficácia);
Melhor Marcador de Ensaios: Codie Taylor (Crusaders)  – 2
Melhor Marcador de Pontos: Richie Mo’unga (Crusaders) – 14 pontos
O Rei das Quebras-de-Linha: Matias Moroni (Jaguares) – 4
O Jogador-Segredo: Sem Nada a apontar
Lesionado preocupante: Nada a apontar
Melhor Ensaio: Só houve um ensaio na final do Super Rugby 2019… e foi de bom rasgo, com Whitelock a decidir no momento certo!


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