Springboks “destruídos” pelo Império dos All Blacks – Rugby Championship 4ª ronda

Francisco IsaacSetembro 16, 20176min0

Springboks “destruídos” pelo Império dos All Blacks – Rugby Championship 4ª ronda

Francisco IsaacSetembro 16, 20176min0
A selecção neozelandesa voltou a provar que continua a ser o "alvo" a abater a nível mundial, após uma exibição fenomenal contra a África do Sul. Os Wallabies deram show na 2ª parte ante a Argentina... estes e outros destaques da 4ª ronda do Rugby Championship

Um 57-00 pode ser interpretado de várias formas, sendo que a primeira leitura terá de ser em relação à magnitude que o jogo dos All Blacks atinge quando os Men in Black assim o querem. Os Springboks foram vergados em terras kiwis e Allister Coetzee terá que reflectir sobre esta queda súbita dos sul-africanos que poderá resultar numa crise interna.

Já em terras australianas, os Wallabies passaram por momentos de “aflição”durante os primeiros 40 minutos, mas uma reviravolta de alto nível na 2ª parte garantiu uma importante vitória.

Os destaques da 4ª ronda da competição e o que resta do Rugby Championship


Skills, Agressividade e várias doses de ensaios…

Naquele que era o jogo mais aguardado do The Rugby Championship em 2017, acabou por se verificar um desequilíbrio total… Os All Blacks não deram hipóteses algumas à formação dos Springboks, varrendo por completo a equipa visitante. Nem Etzebeth, Jesse Kriel, Jantjies, Mostert ou Marx conseguiram realizar uma exibição suficientemente satisfatória para “salvar” a formação dos ‘boks, que somou 32 placagens falhadas nas 109 tentativas que dispuseram.

Especialmente notou-se um desequilíbrio enorme quando a selecção neozelandesa conseguia colocar a bola à ponta, onde tanto Ioane ou Skudder passavam com grande facilidade pela primeira vaga de defesas da África do Sul. Raymond Rhule, o ponta nascido no Gana, consentiu nove falhas de placagem, permitindo a Ionae fazer o que quissesse do nº14, infligindo o máximo de dano possível, numa equipa que rapidamente se veio abaixo.

O show de ensaios dos bicampeões mundiais começou aos 16′, após um excelente pontapé de Aaron Smith, que aproveitou assim a ausência tanto de Rhule como Coetzee, para permitir ganhar espaço e tempo suficiente para a chegada de um velocíssimo Rieko Ioane. A partir daqui os ‘boks perderam o estribo, recuando no terreno, sentido grandes dificuldades em manter a posse de bola (cinco turnovers da equipa da casa, três dos quais vieram do inevitável Sam Cane) e perdendo-a em momentos cruciais do encontro.

Um momento que ilustra essas dificuldades, foi à passagem do minuto 20′, quando Du Preez arriscou num passe “frouxo”, que Nehe Milner-Skudder aproveitou para interceptar. O ponta correu até quase à linha de ensaio, mas com Coetzee e Kriel no seu encalço, entregou a oval a Beauden Barrett… num passe espectacular por trás das costas por parte do nº10, Skudder voltou a receber a oval e ir de encontro à área de validação para subir a contagem para um 17-00.

Depois foram colhendo os frutos de uma exibição espectacular, com ensaios de Scott Barrett, Retallick, Skudder, Ofa Tu’ungafasi (entrada em grande do pilar dos Blues), Codie Taylor e Lima Sopoaga. Os All Blacks estão praticamente com o título de campeão nas suas mãos, faltando para isso garantir uma vitória na Argentina ou na África… se conseguir sair vencedor nos próximos dois jogos soma o 2º Grand Slam de forma consecutiva.

No GIO Stadium, em Canberra, os Wallabies realizaram uma 2ª parte digna de registo, conseguindo virar uma desvantagem de 10-13 para 45-20, naquele que foi um jogo de grande domínio na formação ordenada.

Os comandados de Michael Cheika foram irrepreensíveis na FO, conquistando seis penalidades em 16 FO’s. Sekope Kepu e Scott Sio foram “demolidores”, ganhando vantagem logo a partir do momento em que a oval entrava no canal. Já no alinhamento foram os Pumas a obter vantagem, com um belo trabalho no maul dinâmico, somando 50 metros conquistados a partir desta plataforma de ataque.

Um jogo impressionante do nº8 da Argentina, Tomas Lezana,não foi suficiente para inspirar a maioria dos seus colega a trabalhar com a mesma dedicação durante os 2ºs 40 minutos. Para além do terceira-linha dos Pumas, Agustín Creevy e Matías Moroni realizaram boas exibições, com o talonador a somar quase quarenta metros com a oval na mão, enquanto que o ponta marcou um dos melhores ensaios da ronda já perto do final do encontro.

No entanto, há que destacar as excelentes exibições de Sean McMahon, Israel Folau (dois ensaios e uma série de boas bola captadas no ar) e Kurtley Beale. O nº8 conquistou, merecidamente, o título de melhor jogador em campo, com 107 metros conquistados, uma quebra-de-linha e cinco defesas batidos, mexendo com o ataque de uma forma sempre positiva. Já Folau conseguiu abrir caminho de forma “principesca”, com um tremendo trabalho de pés, fugindo por quatro vezes à linha defensiva argentina.

Rieko Ioane on the Double!

O ponta dos Blues somou, praticamente, 200 metros com a oval nas mãos ganhando cada vez mais destaque na selecção neozelandesa. Rieko possui um side-step fora de série, para além de conseguir atingir uma velocidade ímpar numa questão de micro-segundos. Raymond Rhule, Courtnall Skosan, Jesse Kriel, Jean-Luc du Preez sentiram dificuldades em não só parar o ponta, mas também em ler os movimentos do kiwi.

O ensaio de Ioane resultou de uma excelente jogada de Aaron Smith, colocando a bola bem atrás das costas da linha defensiva dos Springboks e longe da zona onde estava Andries Coetzee. Ioane atingiu um número recorde de onze defesas batidos num só jogo (por quatro vezes foi Raymond Rhule a vítima), para além de quatro quebras-de-linha e mais um par de pormenores que puseram os boks’ “loucos”.

A somar a isso, Ioane é um jogador seguro a captar a oval do ar, dispondo-se prontamente para atacar a linha e criar “caos”. Os Springboks não placaram com a mesma agressividade do costume, deram bastante espaço no contacto para que jogadores como Ioane (ou seja, irrequietos, mexidos e que gostam de aumentar a intensidade de jogo mal estão prestes a receber a oval) consigam escapar e sair para um ataque ameaçador.

Ioane soube onde tinha de incidir, percebeu as deficiências defensivas dos sul-africanos e leu com bastante eficácia a disposição da linha defensiva sul-africana.

Ioane tem uma qualidade tremenda, mantendo uma média de um ensaio por jogo, ou seja, em sete internacionalizações já somou sete ensaios e isto tudo aos 20 anos de idade. Será com Ioane que Hansen irá atacar o próximo Mundial de Rugby em 2019?

Nova Zelândia-África do Sul: Highlights | Jogo Todo

Austrália-Argentina: Highlights | Jogo Todo

16h05 África do Sul-Austrália
23h30 Argentina-Nova Zelândia


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