RWC19 Ronda 2: Uruguai surpreende e Japão faz história (outra vez)!

Francisco IsaacSetembro 28, 20197min0

RWC19 Ronda 2: Uruguai surpreende e Japão faz história (outra vez)!

Francisco IsaacSetembro 28, 20197min0
Nesta 2ª jornada do Rugby World Cup tivemos a primeira surpresa, com as Fiji a caírem perante a defesa artilhada do Uruguai. Os destaques, melhores ensaios e muito mais neste artigo!

Voltamos ao segundo round-up do Rugby World Cup 2019, com os melhores pormenores, jogadores em alto destaque, questões temerárias e melhor XV de cada jornada da maior prova de rugby do Mundo! Esta semana houve um Uruguai “gigante” com a Irlanda a derrotar o Japão… com alguma dificuldade!

Esta é a análise à Ronda 2 e há muito para falar!

URUGUAI…RAÇA, QUERER E INTELIGÊNCIA

A primeira surpresa do Mundial veio na forma de uma vitória dos Teros ante as Fiji, num resultado inesperado até porque os flying fijians tinham rubricado uma excelente exibição frente à Austrália e apresentavam uma equipa, no geral, superior alguns níveis em comparação com o Uruguai.

Contudo, nomes não ganham jogos e a formação sul-americana fez questão de lembrar isso mesmo ao Mundo do Rugby. Sim, não há dúvidas que as 12 trocas realizadas por John McKee foram um elemento decisivo para a derrota da equipa do Pacífico, registando-se uma desarmonia total entre unidades, constantes erros na transmissão ou captação da oval (27 bolas perdidas, entre os quais 15 avants) e um facilitismo tão irreal e altamente incaracterístico de um país que entra sempre em campo de forma humilde.

Perante isto, o Uruguai foi exactamente o contrário, apresentando uma humildade total durante os 80 minutos, sempre com foco no objectivo de garantir uma defesa agressiva e de destruição por completo da estratégia fijiana (apesar de algumas falhas de placagem, os Teros foram estupendos no trabalho no breakdown e na caça do turnover), aparecendo com um ataque de pouco risco mas de boa gestão da posse de bola.

Santiago Arata não só foi uma voz de comando assertiva e dominante, como foi uma constante dor de cabeça na contra-reacção, esperando sempre por uma má transmissão de passe ou queda de bola no chão, tendo capturá-la ou pontapeá-la para longe. Os uruguaios foram se “alimentando” através de um sistema defensivo bem trabalhado e que tirava a possibilidade das linhas de apoio das Fiji surgirem sem oposição (e verdade seja dita, os atletas desta selecção das Ilhas do Pacífico não pareciam estar concentrados no bom tratamento da posse de bola), subindo bem no terreno, mesmo que fosse de forma lenta em algumas ocasiões.

Os urugaios chegaram debaixo de um manto de dúvidas, mas a verdade é que conseguiram somar um improvável grande resultado, ganhando outra voz e interesse… as Fiji arriscaram em demasia e o McKee estará certamente arrependido de ter Matawalu e Volavola no banco do suplentes durante tanto tempo.

ITÁLIA CONSEGUE IGUALAR O MELHOR REGISTO… MAS DE FORMA MERECIDA?

Respondendo à pergunta no subtítulo: sim. Os italianos entraram a acelerar neste Mundial e depois de uma boa vitória frente à Namíbia (com alguns erros na defesa, mas nada de especialmente grave), voltaram a somar 5 pontos, mantendo-se no topo do grupo antes do jogo decisivo frente à África do Sul. Conor O’Shea tem tido dificuldades para demonstrar trabalho nas Seis Nações, mas no Mundial a qualidade exibicional tem sido completamente outra.

Não é mentira ao dizer que Namíbia e Canadá são selecções abaixo do nível dos transalpinos, mas era fundamental perceber se a Itália teria capacidade de não só somar pontos bónus ofensivos como mostrar um bom domínio territorial e de posse de bola… felizmente para O’Shea e os seus homens todos estes cenários aconteceram. A Itália deu-se ao luxo de fazer algumas trocas nos dois jogos, mostrando um início de nova era em termos de profundidade de opções, especialmente na 1ª linha como na 3ª, estando assim a trabalhar bem neste capítulo.

Frente ao Canadá o resultado até pecou por curto, pois deixaram escapar três oportunidades de ensaio em cima da linha de 5 metros, permitindo bons turnovers (Ardron foi uma constante ameaça aos rucks italianos) dos seus adversários.

Mesmo tendo que recuar e recomeçar o trabalho para chegar a uma zona mais adiantada do terreno, os italianos mantiveram uma boa postura durante a maior parte do encontro, caindo excepcionalmente de intensidade entre os 28 e 40 minutos da primeira parte… todavia, os canadianos nunca foram capazes de ultrapassar a muralha italiana e este pormenor também explica a evolução recente transalpina: defesa de reacção e de pressão apoiada.

Com um Jake Polledri a carburar de uma forma sensacional, a avançada italiana foi dominando e derrubando a selecção norte-americana empurrando o adversário constantemente para trás, revelando bons indíces de trabalho. As únicas preocupações para a Itália tem a ver com o risco em excesso e a forma como por vezes tratam a oval, mostrando um handling precário quando colidem no contacto ou na procura de inventar um espaço para o apoio fugir.

O MELHOR BREAKDOWN DO MUNDIAL SERÁ DO JAPÃO?

O Japão tinha feito o aviso em 2015 e pelos vistos ninguém quis ouvir, sendo que foi necessário voltar a realizar uma surpresa num Mundial de Rugby, agora frente à super-favorita Irlanda. Como é que foi possível? Para além de um espírito de luta inabalável por parte dos japoneses, foi também a capacidade no breakdown que tiveram os jogadores de Jamie Joesph. A Irlanda entrou no contacto de uma forma desacompanhada e com um apoio precário, abrindo uma boa possibilidade para se conseguir fazer um turnover, algo que a equipa da casa tratou de fazer em 15 ocasiões diferentes, revelando problemas reais na estratégia de jogo de Joe Schmidt.

A avançada irlandesa só esteve bem nos primeiros 20 minutos, conseguindo mover-se com velocidade e agilidade, ocupando bem o território com uma boa participação no jogo aberto, onde Furlong, Ryan e Stander assumiram algum protagonismo… porém, quando Conor Murray pediu a defesa do costume na perseguição aos seus box kicks não só não o teve como foram observadas várias falhas na cortina defensiva, bem aproveitadas sistematicamente pelo adversário. Sem uma condução de bola minimamente estável e com Carty ou Carbery sem a qualidade suficiente para impor acalmia e confiança na equipa, a Irlanda acabou por ir definhando e engolida pela defesa áspera, rápida e agressiva do Japão que nunca desistiu de lutar pelo sonho.

Shota Horie, Lomano Lemeki, Timothy Lafaele, Van der Walt, Kazuki Himeno e James Moore (23 placagens e 3 turnovers) foram autênticos “motores” de uma selecção nipónica que não só provou o seu valor como demonstrou que não é uma selecção inventada pela comunicação social. É olhar para a forma como trabalharam no ataque, com sucessivas conquistadas da linha de vantagem, mantendo uma condução de bola simples mas equilibrada que deu os pontos necessários (o que dizer do único ensaio dos nipónicos) para termos mais uma história fantástica em Mundiais de Rugby!

Poderá este Japão assustar os adversários fora da fase-de-grupos?

OS ACCOLADES DA RONDA

Melhor Jogador: Jake Polledri (Itália);
Melhor Marcador de Ensaios: Julián Montoya (Argentina) com 3;
Jogador “truque” da Fantasy:
Maior Desilusão: Jacob Stockdale (Irlanda);
Pormenor da Semana: a atitude defensiva do Uruguai;

XV DA JORNADA


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