3 destaques do pré-RWC 2019 I: Eddie Jones, Fukuoka e o “adeus” de Anscombe

Francisco IsaacAgosto 13, 20197min0
Como tem sido a preparação das selecções no caminho para o Mundial de Rugby 2019? A análise à 1ª semana de Agosto de preparação com olho para Kenki Fukuoka do Japão!

Estamos a poucas semanas do início do Mundial de Rugby 2019 e o Fair Play cobre os grandes destaques de cada fim-de-semana ou semana que antecedem a maior competição de selecções do Mundo do rugby!

A 1ª semana de Agosto analisada pelo Fair Play!

EDDIE JONES DÁ SHOW, ARRUMA A “MALA” E JÁ TEM OS 31

Várias novidades por terras de Sua Majestade já que Eddie Jones não perdeu tempo nas duas últimas semanas de afinar o grupo de trabalho que vai seguir para o Mundial de Rugby, escolhendo os 31 representantes da selecção inglesa, com várias novidades à mistura… contudo, a cereja no topo do bolo foi a vitória categórica frente ao País de Gales na recepção aos campeões das Seis Nações 2019 em Twickenham por 33-19.

Os ingleses realizaram uma das melhores exibições dos últimos tempos, principalmente no que toca ao bom manuseamento da oval e aproveitamento de espaço para explorar boas opções de ataque, somando ainda um apoio desconcertante que criou vários problemas no elenco comandado por Warren Gatland. Billy Vunipola (e esperemos que não enguiçe com nenhuma lesão antes do Mundial), Joe Cokanasiga, Lewis Ludlam e, principalmente, George Ford foram os principais motores da selecção inglesa que nos primeiros 40 minutos ofereceu um espectáculo total aos adeptos da casa.

Parecem estar mais agilizados os processos defensivos desenvolvidos por Eddie Jones, assemelhando-se ao que aconteceu no ano de 2016, com uma resposta não só rápida à saída do chão depois de placar, mas também no dificultar um jogo rápido aos adversários, envolvendo duas unidades no acto da placagem, manipulando o ataque adversário a seu favor.

Gareth Anscombe (e já falaremos nele) não teve capacidade para aplicar uma contra-resposta a altura, muito devido a uma lesão que contraiu aos 18 minutos de jogo mas que só foi resolvida em cima do intervalo… Dan Biggar foi um problema sério no que toca ao dar forma à ideia ofensiva de Gales que acabou engolida pela então rápida e ágil defesa inglesa, que não pôde contar com Sam Underhill, mas que teve Vunipola, Ludlam (vai ser uma das surpresas em Setembro e Outubro), Ewels e Luke Cowan-Dickie a fazer o trabalho pesado no breakdown.

Ponto final no jogo e Eddie Jones esperou 24 horas para comunicar os seus 31 convocados, com algumas surpresas à mistura: Jack Singleton, Lewis Ludlam, Ruaridh McConnochie, Piers Francis e Willi Heinz (impressionante exibição do formação do Gloucester Rugby ante o País de Gales) foram as entradas que muito poucos esperavam de ver na convocatória.

Em sentido contrário também o seleccionador inglês decidiu surpreender: Mike Brown, Ben Te’o, Danny Care, Brad Shields (saiu da Nova Zelândia com o propósito de jogar por Inglaterra e acaba por não ser convocado, muito devido a questões físicas) foram os nomes principais a caírem da convocatória. Será que Te’o e Mike Brown farão falta ou Ruaridh McConnochie e Piers Francis têm a qualidade suficiente para garantir o lugar?

Veremos o que vai acontecer nos test matches de Agosto para perceber quem vai ter mais minutos de jogo no Mundial!

JAPÃO E UMA AMEAÇA QUE SE DÁ PELO NOME DE KENKI FUKUOKA

O Japão foi campeão do Pacific Nations Cup 2019 e mostrou alguns traços que vão fazer furor a partir do final de Setembro, estando muito próximo da qualidade de jogo que Jamie Joseph pretendeu impor nos nipónicos desde o dia 1.

Durante esta competição que envolveu as selecções da Samoa, Tonga, Fiji, Canadá e Estados Unidos da América, o Japão foi intocável, com três vitórias em três jogos, conseguindo marcar 109 pontos e sofrer uns meros 48 (2ª melhor defesa), fechando a participação com o melhor marcador de pontos e melhor marcador de ensaios, Yu Tamura e Kenki Fukuoka respectivamente.

Mas o que há para revelar deste conjunto japonês? Antes de mais, é importante referir que ao contrário das suas comparsas do Tier2 (e parece-nos que numa questão de anos vão subir ao patamar de Tier1) a selecção liderada por Joseph tem profundidade, com uma série de boas opções para a maioria das posições a começar, por exemplo, na 3ª linha onde habita o Captain Japan, Michael Leitch (não jogou qualquer jogo no Super Rugby 2019), Amanaki Mafi, Hendrik Tui, Lappies Labuschagne, van der Walt, Kazuki Himeno, entre outros, o que oferece desde logo uma segurança total para o futuro-próximo.

Olhando para outras secções dos convocados de Jamie Joseph, é importante realçar as ameaças que existem nas pontas sobretudo e uma delas dá pelo nome de Kenki Fukuoka. O atleta dos Panasonic Wild Knights passou ao lado da equipa de Super Rugby japonesa, os Sunwolves, por opção, ficando voltado só para o campeonato interno japonês, aprimorando a sua forma para deslumbrar no Mundial, como fez no jogo frente aos EUA.

Um ensaio, 103 metros conquistados, uma assistência e quatro quebras-de-linha foram alguns dos detalhes numéricos da exibição do ponta frente aos eagles. Com 26 anos e com um jeito especial para cativar as bancadas, Fukuoka vai ser um dos nomes principais do Japão no próximo Mundial de Rugby depois de ter participado no de 2015 (nenhum ensaio marcado), sendo uma das armas principais dos nipónicos para o ataque!

AS PRIMEIRAS VÍTIMAS DOS AMIGÁVEIS PRÉ-MUNDIAL: GARETH ANSCOMBE CAI POR TERRA

Azar para Warren Gatland que perdeu o seu número 10 titular devido a uma lesão no joelho gerada durante a primeira-parte do Inglaterra-País de Gales, o que vai lançar uma série de questões e problemas à equipa técnica galesa. Como substituir Anscombe? E porquê é que Gatland arriscou na inclusão do abertura titular num jogo com uma importância menor?

Para a primeira pergunta a resposta não é fácil, pois há um limite de opções actualmente nos Dragões Vermelhos com apenas Dan Biggar, Rhys Patchell e Jarrod Evans a surgirem como soluções. Biggar está muito longe da boa forma de outras épocas e no actual modelo (e lógica) de jogo de Warren Gatland não vai conseguir garantir o mesmo tipo de trabalho que Anscombe efectuava.

A grande arma do nº10 dos Northampton Saints é o pontapé, seguindo-se a frieza táctica e a capacidade de manter uma linha-defensiva coerente e equilibrada… mas não é o suficiente para dar outra dimensão ao ataque de Gales que tem de ser móvel, incisivo e veloz.

Patchell é um abertura mais rápido e animado, com gosto por mexer nas unidades de ataque, mas carece de experiência internacional ao ponto de conseguir liderar o País de Gales numa competição tão importante como o Mundial de Rugby. E se Patchell não tem experiência o que dizer de Jarrod Evans, que tem talento mas ainda está muito “verde” para conseguir dominar e operar com excelência um elenco do País de Gales. Perante isto, Warren Gatland vai ter que puxar por Dan Biggar e conseguir moldá-lo o suficientemente bem para que o histórico abertura consiga substituir Anscombe com qualidade.

Em relação à 2ª questão… não há resposta aceitável. Percebe-se que Gatland queira ter a equipa principal completamente afinada e pronta para atacar o Mundial de Rugby 2019, dando rodagem essencial para uma equipa que fez o seu 6º jogo da época internacional (cinco das Seis Nações, seis com o encontro amigável frente à Inglaterra). Por outro lado, comprometeu Anscombe quando podia ter perfeitamente colocado Biggar em campo, conferindo minutos a um jogador que está seriamente a necessitar de se entrosar com a equipa.

Gareth Anscombe é a primeira vítima e Joey Carbery por pouco era a segunda… quem vai falhar o Mundial por lesão?


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