RWC19 1/4’s final: meias-finais à prova de surpresas

Francisco IsaacOutubro 20, 20196min0

RWC19 1/4’s final: meias-finais à prova de surpresas

Francisco IsaacOutubro 20, 20196min0
E para o penúltimo fim-de-semana do Mundial de Rugby vamos ter mais espectáculo, mas sem surpresas! A França esteve com um pé lá mas um vermelho (e anarquismo a mais) estragaram tudo! A análise aos quartos-de-final!

Quartos-de-final com dois dias completamente diferentes… se no sábado tivemos uma dose de Total Rugby ao jeito do que o Planeta da Oval, já no Domingo a parte ofensiva esteve menos expedita, ficando mais entregues ao domínio pelo físico ou, no caso do País de Gales, pela sorte. Não houve surpresas neste antepenúltimo fim-de-semana do Rugby World Cup 2019.

Foto de Bruno Ruas Bernardinelli | Portal do Rugby

ÁFRICA DO SUL E UMA 2ª PARTE DE AFIRMAÇÃO DE FORÇA

Ponto final na bonita história do Japão de Jamie Joseph neste “seu” Mundial de Rugby 2019, que terminou numa derrota clara às mãos dos Springboks, que não se deixaram impressionar pelo bom trabalho no breakdown ou pela excelente réplica defensiva oferecida dos seus adversários.

Mesmo depois de uma primeira-parte bastante dividida, em que o Japão teve duas oportunidades claras para chegar ao ensaio com Kenki Fukuoka sempre com o pé no acelerador, procurando criar situações de ataque de nível que nunca foram bem acompanhadas por Yu Tamura (o 10 esteve ao leste do que os Brave Blossoms precisavam), o encontro acabou por ser completamente dominado pela África do Sul nos segundos 40 minutos.

Rassie Erasmus percebeu que era essencial amparar os primeiros 30 minutos, não dando espaço aos nipónicos de encontrarem espaço/oportunidade para chegarem à área de validação, sendo essencial para isso o papel de Siya Kolisi, Lood de Jager ou Duane Vermeulen no dar uma garantia constante de ocupação da linha de defesa, para além da excelência de Mapimpi e Kolbe na recuperação dos pontapés altos.

Quando os segundos 40 minutos começaram, a selecção sul-africana passou de uma atitude de contra-reacção para uma aposta no controlo de bola, assumindo a iniciativa de jogo, passando de 120 metros conquistados na primeira parte para 315 no final dos 80′. Faf de Klerk saiu de uma exibição cinzenta e gaga para liderar o pack avançado dos Springboks, subindo a intensidade, o que deu outra continuidade ao jogo da formação africana. Mesmo sem o brilhantismo do costume de Handré Pollard, a África do Sul foi impondo boas doses de ataque e acabou por desmontar a estrutura defensiva do Japão.

Uma vitória merecida por parte de uma selecção inteligente, fria e compacta que mesmo não sendo genial com a bola em sua posse, consegue chegar aos pontos suficientes para garantir a frente do resultado.

CAOS, CAOS E CAOS… UM PAÍS DE GALES DIFERENTE DO ESPERADO

Se entrássemos na ciência dos “ses”, a expulsão de Vahaamahina mereceria longas teses daquilo do que podia ter sido e não foi neste jogo dos quartos-de-final frente ao País de Gales. Os galeses de Warren Gatland só conseguiram arrancar a vitória quando aos 74′ houve ensaio de Ross Moriarty, depois de terem estado a perder durante mais 50 minutos para a surpresa de todos os adeptos da bola oval.

A França, que teve uns últimos quatro anos de sofrimento e de reestruturação profunda, não só marcou ensaios como conseguiu paralisar o Warrenball, destacando-se claramente Antoine Dupont, Romain Ntamack e Gäel Fickou no lado dos Les Bleus, com o médio-de-formação a tirar o seu homólogo galês da sua zona de conforto de forma constante e foi aí precisamente que tudo começou a correr mal para os Red Dragons.

Como Dan Biggar não é um abertura móvel, que carrega a equipa através da velocidade, poder de explosão ou recortes técnicos, muita da agilidade de jogo dos galeses parte do virtuosismo de Gareth Davies, tendo o nº9 altas responsabilidades em montar o fio de jogo ofensivo ou de contra-ataque… quando o formação é maniatado, há uma paralisação geral do fluxo de jogo e movimentação de ataque, que foi claramente sentida neste 3º encontro dos quartos-de-final.

Sempre que a França acelerou as combinações ofensivas e aplicou aquele falso-anarquismo em que parece que nada é estruturado e tudo é só pensado no momento, o País de Gales apanhou constantes sustos, sendo forçado a cometer faltas e a recuar no terreno. Contudo, num dia em que os homens de Gatland pareceram não querer jogar rugby, a sorte sorriu-lhes em alguns momentos, como os três ensaios gauleses perdidos em cima da linha de ensaio por má construção/condução do maul dinâmico onde Sebastian Vahaamahina e Charles Ollivon estiveram francamente mal.

Meias-finais garantidas mas com uma exibição pobre, sem sabor e que deixa dúvidas sobre se o País de Gales é capaz de medir forças contra a África do Sul… Warren Gatland deixou a nota que a melhor equipa do jogo dos quartos-de-final perdeu…

AUSTRÁLIA 2019 E O NÃO APROVEITAMENTO DAS OPORTUNIDADES

A Inglaterra enviou a Austrália de volta para a casa com uma vitória total por 40-16… mas foi o jogo de um só sentido? Não, de forma alguma e a Austrália podia perfeitamente ter criado bem mais problemas aos comandados de Eddie Jones, caso tivessem aproveitado melhor as oportunidades no ataque.

Lembrar que dois ensaios sofridos pelos Wallabies advieram de intercepções, morando aí logo 14 pontos dos 40 consentidos… esses dois erros foram do mais abstracto possível pois tanto David Pocock como Kurtley Beale sabiam que não podiam embalar aquelas transmissões de jogo sem noção do que esperar da equipa adversária. Os erros próprios foram “mortais” para os australianos, sejam esses passes oferecidos à Inglaterra ou das quebras-de-linha que nunca foram aproveitadas da forma ideal e correcta, sendo uma imagem de marca clara desta selecção australiana de Michael Cheika em 2019.

Em 14 quebras-de-linha (mais 6 que os jogadores de Sua Majestade) só duas é que tiveram uma sequência minimamente satisfatória, com as outras 12 a terminarem em passes para a frente, bolas perdidas, turnovers ou penalidades… a imagem de Kurtley Beale a sair disparado pelo meio da defesa inglesa e não ter qualquer apoio interior ou exterior vai ficar para sempre colada à prestação australiana neste Rugby World Cup 2019.

É inexplicável como é que só conseguem marcar 2 ensaios quando conquistaram cerca de 578 metros de bola na mão, 21 defesas batidos e até mais tempo com a oval em seu poder, demonstrando claramente que a Austrália não só está “lenta” no apoio como que a Inglaterra não é assim tão inabalável e inquebrável na defesa.

OS ACCOLADES DA RONDA

Melhor JogadorVários
Melhor Marcador de Ensaios: Makazole Mapimpi (África do Sul), Aaron Smith (Nova Zelândia) e Jonny May (Inglaterra) – 2;
Jogador “truque” da Fantasy: Kyle Sinckler (Inglaterra);
Maior Desilusão: Jonathan Sexton;
Pormenor da Semana: o “adeus” de Rory Best e a emoção de Christian Lealiifano;

XV DOS QUARTOS-DE-FINAL


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