Ronan O’Gara – de Munster para o Mundo

Rodrigo FigueiredoAbril 17, 20186min0

Ronan O’Gara – de Munster para o Mundo

Rodrigo FigueiredoAbril 17, 20186min0
O médio de abertura irlandês teve uma carreira recheada de vitórias internacionais pelo Munster e conquistou o famoso Grand Slam pela Irlanda em 2009. Ronan O'Gara está agora ao serviço dos Crusaders como treinador das linhas atrasadas: como lá chegou e que impacto tem tido são alguns dos pontos deste artigo.

Comecemos pelo início. Ronan O’Gara (ROG) nunca foi o mais rápido nem o mais forte de todas as equipas onde jogou, era apenas o que mais percebia do jogo. Combinando a inteligência com uma técnica um pouco acima da média, construiu-se o jogador com mais pontos pela Irlanda e o segundo em número de jogos, apenas atrás do lendário Brian O’Driscoll. Mas O’Gara conseguiu. até chegar a estes números, construir uma carreira fabulosa pelo seu clube, tendo impacto directo nos resultados excepcionais do Munster tanto a nível internacional como interno.

Munster (1997-2013)

Figura de proa das conquistas europeias da província do Munster, O’Gara marcou mais de 2000 pontos ao longo da sua carreira. Ora por pontapés de penalidade ora por conversões de ensaios de O’Connell ou Howllett, a sua contribuição era indispensável. Mas onde Ronan se distinguia dos comuns dos mortais era no facto de lidar com a pressão como poucos. Vários foram os momentos em que na última bola do jogo, quando o Munster precisava de um milagre, O’Gara aparecia para acertar um pontapé de ressalto e dar a vitória à sua equipa.

Irlanda (2000-2013)

O’Gara é o melhor marcador da selecção da Irlanda com 1083 pontos e o 4º na lista geral. Com 128 jogos pelo seu país, ROG viu a sua carreira internacional culminar no sucesso da conquista do Grand Slam em 2009. O seu jogo ao pé táctico permitiu que a Irlanda jogasse em zonas do terreno mais confortáveis e onde o poderio dos seus avançados se fizesse sentir. Ainda assim, foi com mais um pontapé de ressalto a escassos minutos do fim que a história ficou escrita.

A mancha na carreira – Lions

Nem tudo foi um mar de rosas na sua carreira. ROG foi convocado para três tours dos British and Irish Lions (2001,2005 e 2009) jogando apenas um test-match em cada uma das duas últimas digressões. Foi num jogo de treino da digressão à Austrália em 2001, que contra os New South Wales, O’Gara sofreu um ataque desleal de Duncan McRae, naquilo que na altura o treinador dos Lions, Graham Henry, disse ter sido um dia muito mau para o Rugby.

Mas enquanto em 2001 ROG não teve culpas no cartório, em 2009 as coisas foram bem diferentes. Jogava-se o segundo Test Match das Series na África do Sul e o resultado estava empatado a 25. Numa recuperação de bola dentro dos 22m defensivos, com 30 segundos para jogar, todos os livros escritos sobre a modalidade diriam para chutar a bola para fora e deixar as decisões para o 3º e decisivo Test Match.

Mas O’Gara, depois de “atropelado” por Fourie num dos ensaios dos sul-africanos, estava desorientado e acabou por pontapear a bola para dentro do campo e cometer uma penalidade que daria a vitória aos Springboks com um pontapé formidável da futura estrela Morne Steyn.

A rivalidade com Sexton

De tempos a tempos, as convenções instaladas são desafiadas. A realidade da camisola nº10 da Irlanda não foi diferente. Em Novembro de 2009, meses depois da conquista do Grand Slam, O’Gara perdeu o lugar de titular para um jovem do Leinster, que com grande convicção assumiu o lugar.

Esse jovem era Johnny Sexton que, à excepção dos primeiros jogos das Seis Nações em 2010, nunca mais largou a camisola nº10. O’Gara assumiu o lugar de suplente e até à sua reforma ainda participou em alguns jogos ainda que de forma mais discreta.

Ronan e Sexton (Fonte: rugbylad.com)

Entrâineur à Racing 92

Para os pouco familiarizados com a língua francesa, mal O’gara se retirou dos relvados foi ocupar o cargo de treinador das linhas atrasadas num clube francês, no caso o Racing 92 de Paris. O facto de O´Gara se tornar treinador não terá surpreendido muita gente, mas pela rapidez da transição e sobretudo para o clube onde foi talvez tenha surpreendido uns quantos.

Isto porque seria mais provável Ronan começar pelo Munster, quer na academia ou na equipa senior, por querer continuar a representar a sua província. Acresce à surpresa o facto do médio de abertura contratado pelo Racing era nada mais nada menos que Johnny Sexton, antigo “rival” pela camisola 10 irlandesa. Os dois terão-se entendido e O’Gara continuou ao serviço do clube mesmo após o regresso de Sexton ao Leinster.

Ronan e Johnny no Racing (Fonte: punditarena.com)

O desafio chamado Crusaders

Quando tudo fazia prever a continuação de Ronan O’Gara em França, até com uma possível aventura como treinador principal de um clube mais pequeno, este decide embarcar numa nova aventura, desta feita na Nova Zelândia.

A franquia campeã em título do Super Rugby quis contar com O’Gara para treinador das linhas atrasadas dando a entender a qualidade do irlandês e o futuro que o poderá aguardar. No apoio a Scott Robertson, O’Gara tem cumprido aparentemente o papel que lhe é destinado, ocupando os Crusaders a 2ª posição da sempre competitiva conferência Neozelandesa.

O’Gara e Robertson nos Crusaders (Fonte: stuff.co.nz)

E o futuro?

Muitas serão as dúvidas sobre o futuro de Ronan O’Gara como treinador. A verdade é que se conquistar tanto por um clube como por uma selecção aquilo que conquistou como jogador, poderá ficar bastante satisfeito.

Apesar disso, os voos de O’Gara parecem querer ser outros e a estadia no hemisfério sul poderá prolongar-se antes de voltar à Europa para eventualmente tentar levar o Munster a novas e ansiadas conquistas.


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