O “Breakdown” do CN1: 3º lugar entre Eborenses, “Águias” e “Bulldogues”

Francisco IsaacNovembro 27, 201810min0

O “Breakdown” do CN1: 3º lugar entre Eborenses, “Águias” e “Bulldogues”

Francisco IsaacNovembro 27, 201810min0
Se o 1º e 2º lugar está entre RC Lousã e RC Montemor, eborenses, "encarnados" e miguelistas disputam o 3º lugar a ferro-e-fogo! A 7ª jornada do CN1 analisada pelo Fair Play

O Fair Play fará um acompanhamento semanal ao Campeonato Nacional 1, divisão onde habitam CRAV, Guimarães RUFC, RC Santarém, Caldas RC, RC Lousã, CR São Miguel, SL Benfica Rugby, Rugby Vila da Moita, RC Montemor e CR Évora. A liga já está em funcionamento mas só agora é que conseguimos fazer um acompanhamento sustentado ao CN1.

Os melhores momentos, ensaios, equipas e factos desta divisão!

REGRESSO ÀS VITÓRIAS EM GRANDE COM SUSTO PELO MEIO

O São Miguel, depois de duas vitórias, conquistou um importante ponto bónus de vitória frente ao Guimarães RUFC, com o resultado a fechar em 49-17. Mas desenganem-se os que pensam que foi um jogo “fácil” e de sentido única e explicamos porquê. Os vimaranenses começaram o encontro na frente, com um pontapé de penalidade bem armado por Bruno da Silva, numa das poucas acções que o Guimarães conseguiu efectuar para lá do seu meio-campo.

O São Miguel a partir de boas jogadas iniciados por André Lemos foram avançado consecutivamente no terreno, onde Miguel Martins foi sempre importante no momento de ganhar a linha de vantagem. Com Diogo Pina e João Duarte a funcionarem como catalisadores para a conquista de metros no contacto, os “bulldogues” conseguiram chegar ao ensaio em três ocasiões.

O Guimarães teve dificuldades em bloquear as acções mais rápidas da equipa da casa e em cima da linha de ensaio consentiu o espaço suficiente para que Leandro Nunes (exibição de gala do pilar) e André Lemos chegassem à área de validação. Diogo Stilwell marcou um ensaio pelo meio, não por erro de placagem, mas no aproveitamento numa falha de da equipa visitante num passe… pontapé atrás de pontapé até à área de ensaio.

Com 21-03 a 5 minutos do intervalo, os jogadores do Guimarães RUFC decidiram surpreender e chegaram mesmo a encurtar a desvantagem para quatro. Pedro Chã explorou o canal junto à linha de fora, sem que ninguém o conseguisse parar e Samuel Lemos reciclou uma excelente intercepção de Paulo Machado para terminar debaixo dos postes.

Com a pressão do resultado e da necessidade de fazer pontos, o São Miguel deu a volta por cima na segunda metade, com mais quatro ensaios: Miguel Martins, Gonçalo Melo, Diogo Pina (excelente jogada de combinação do três-de-trás “miguelista”) e André Lemos (com uma finta-de-passe genial enganou tudo e todos). Vitória bem entregue aos “bulldogues”, que tiveram sempre mais bola no meio-campo adversário e dominaram na conquista de linha-de-vantagem.

Falámos com o MVP do jogo, André Lemos,

André, 24 pontos num jogo em que o colectivo saiu por cima na 2a parte. Achas que o São Miguel está mais perto da sua melhor forma?

Tivemos uma primeira parte complicada, onde na minha opinião estivemos por cima do jogo e pressionamos bem a equipa do Guimarães Rugby UFC mas eles responderam bem com uma boa defesa. Na segunda parte conseguimos impor o nosso jogo e saímos com uma boa vitoria. Sim acho que estamos mais perto dessa melhor forma mas ainda estamos longe, ainda podemos melhorar e crescer muito. Relativamente aos pontos acho que o importante são os pontos da vitória e não de cada individualidade

O que mais gostaste do jogo?

Neste como nos outros jogos o que mais tenho gostado e de ver jogadores da nossa formação a jogarem e a serem importantes para as nossas vitórias. Este jogo teve a particularidade de ser a estreia do nosso novo campo. Foi um momento bastante importante para o clube porque era algo com que já sonhavamos há muito tempo e agora é uma realidade.

CONTINUA O SERVIÇO DE DEMOLIÇÃO EM ÉVORA

De Outubro a Novembro, o Clube Rugby de Évora passou de 6º classificado para um sólido 3º e a vitória por 50-00 na recepção ao Rugby Vila da Moita, prova a capacidade dominante da formação treinada por Miguel Avó. Jogo de sentido único, sem que o Moita conseguisse oferecer resistência suficiente para fazer frente a uma das melhores equipas do momento no CN1.

Sob a batuta de Miguel Murteira e João Pedro Oliveira, os eborenses foram atacando os moitenses em várias frentes, apostando quer em fases curtas mas incisivas, em acções bem trabalhadas entre as linhas atrasadas e na pressão ao pontapé, arrastando o Moita a defender durante largos minutos nos últimos metros do terreno de jogo.

Desde os primeiros minutos de jogo, que a equipa da casa encetou num processo de domínio de território, com ensaio bem “armado” por Duarte Martins. Seguiram-se boas acções do bloco de avançados (José Leal da Costa não esteve presente, mas não afectou em nada o trabalho na formação-ordenada ou alinhamento), com bons desenvolvimentos no maul dinâmico.

O resultado sofreu constantes alterações, mais uma vez com a mão “pesada” de Frederico Couto (está no top-3 de melhores marcadores do CN3, com 8 ensaios em 7 jogos) a surgir em momentos importantes, acompanhado de António Fonseca (o asa está perto da sua melhor forma, ocupando um papel importante no breakdown) na liderança na avançada.

A meia centena de pontos acabou por ser um processo normal e cimenta a posição dos eborenses no 3º lugar do CN1, enquanto que o Rugby Vila da Moita não apresentou consistência no ataque minimamente estável para disputar o jogo.

TEMPESTADE, DURAS PLACAGENS E JOGO DECIDIDO ATÉ À ÚLTIMA ENTRE ÁGUIAS E MOUFLONS

RC Montemor tinha a difícil missão de sair de Lisboa com uma vitória frente a um SL Benfica personalizado, mas que revelou nas últimas semanas alguns problemas na conclusão de jogadas e no aproveitamento eficaz de oportunidades. Ou seja, duas equipas que precisavam de ganhar de modo a não deixar fugir o objectivo principal: apuramento para a fase final.

No geral, “águias” e “mouflons” tiveram em mãos um jogo caótico e, por vezes, espectacular como foi a fuga de Diogo Ramos ou de Manuel Nunes em momentos diferentes do encontro, sempre bem disputado e altamente dividido. O Montemor entrou com excelência no jogo com um ensaio de Diogo Porto, após uma formação-ordenada bem conquistada nos últimos metros.

A pressão ao pé aplicada por João Bibe e Pedro Jaleco castigaram inicialmente o SL Benfica, com o trio-de-trás “encarnado” a sentir algumas dificuldades na adaptação à estratégia dos “mouflons” e às condições de jogo. Apesar do trabalho intenso da avançada do Montemor, os 3/4’s apresentaram algumas ideias e estratégia de jogo mais ágil e de difícil contra-resposta.

Ao fim dos 10 minutos iniciais, o SL Benfica inverteu a tendência de jogo e foram em busca de situações de ensaio… a tal combinação que resultou numa quebra-de-linha estupenda de Diogo Ramos (o talonador usou a camisola 7 e não ficou nada atrás dos seus companheiros da 3ª linha no jogo jogado e no trabalho no breadown), as insistências de Urryel Torres e as invenções de Rui Santos a partir da posição de 10.

O ensaio “encarnado” viria a chegar pelo “suspeito do costume”: Francisco Bessa. Avanço territorial em catadupa, “agressividade” no contacto e, no fim, um passe rápido bem executado para as mãos do centro: ensaio! Foi o próprio centro a somar os dois pontos de conversão, pondo o Montemor em desvantagem no placard.

O SL Benfica teve duas ocasiões soberanas para somar mais seis pontos, mas nem Francisco Bessa e Rui Santos conseguiram dar a direcção certa… estes pontos perdidos aos postes seriam no fim críticos para as “águias” e os problemas começaram logo no recomeço de jogo, com um ensaio simples e rápido de João Santos. A partir deste momento, os “encarnados” foram perdendo o controlo de jogo e precipitaram-se em algumas acções com a oval nas mãos, que os “mouflons” aproveitaram.

Nos vinte minutos finais, todo o sentido de jogo foi da formação forasteira que poria um termo final no resultado com um pontapé certeiro de João Santos, depois de uma falta de Diogo Conceição (amarelo para o formação do SL Benfica). Com o relógio a seu favor, os montemorenses aguentaram e controlaram a bola até ao apito final.

Jogo muito difícil, “suado” e disputado, com o final desejado a calhar ao Montemor, que regressa às vitórias e à perseguição ao líder RC Lousã.

Manuel Nunes, um dos melhores do RC Montemor falou no post-match com o Fair Play,

Manuel depois de uma derrota difícil com o Évora a vitória em casa do Benfica voltou a trazer ânimo. Foi um jogo difícil? O que mudou da primeira para a segunda parte?

MN. Depois de uma derrota inesperada em casa, sabíamos que teríamos de responder urgentemente no jogo logo a seguir, num jogo que se esperava difícil. Assim foi um jogo disputado do princípio ao fim, apesar de termos entrado melhor a construir jogo, mas mais umas vez a ansiedade e alguns erros infantis quebravam nos o ritmo e a intensidade de jogo que desejávamos impor. A chuva influenciou um pouco mais na primeira parte pondo à prova ambos os três de trás, mas todo o jogo ficou marcado mais pela defesa, com altos e baixos das duas equipas.

Qual foi o aspecto em que estiveram melhor e pior? O Montemor vai voltar ao primeiro lugar?

MN. Penso que melhorámos de uma semana para a outra, mas ainda estamos longe daquilo que queremos e temos capacidade para ser. O nosso objetivo é claro, temos consciência que não vai ser nada fácil, mas também sabemos que temos qualidade para o alcançar e é para isso que treinamos e lutamos semana após semana, para que ultrapassemos quaisquer imprevistos, obstáculos que apareçam.

ESCALABITANOS SOMAM MAIS UMA VITÓRIA E LOUSÃ NÃO ABANDONA O 1º LUGAR

O Santarém vai de vento em popa e somou nova vitória em casa ante o CRAV. Com o terreno de jogo a se apresentar pesado, o maior acerto dos escalabitanos permitiu-lhes chegar a uma nova vitória com Rafael Morales em grande estilo ao pé. Os arcuenses sentiram dificuldades na defesa e nem a boa postura no ataque valeu-lhes um ponto bónus defensivo, ficando cada vez mais na luta dos últimos lugares com Moita e Guimarães RUFC.

A RC Lousã recebeu o Caldas CR no meio de uma autêntica tempestade que tirou bastante brilho ao encontro. Os lousanenses não defraudaram o seu público e somaram nova vitória bonificada, com os “pelicanos” a demonstrarem alguns pormenores bons na defesa, mas sem a qualidade final necessária para aguentar o maior ímpeto do líder destacada do campeonato.

CLASSIFICAÇÃO

Foto: FPR

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