3 Pontos do SR 2019 Ronda 14: Jaguares começam

Francisco IsaacMaio 18, 20196min0

3 Pontos do SR 2019 Ronda 14: Jaguares começam

Francisco IsaacMaio 18, 20196min0
A franquia argentina foi até Wellington e deu um show de seriedade e eficácia para fazer tombar os Hurricanes. A vitória dos Jaguares e mais 2 pontos neste resumo da 14ª jornada do Super Rugby

A TENACIDADE ARGENTINA VS A SOBRANCERIA NEOZELANDESA

Os Jaguares chegaram à Nova Zelândia com o intuito de não só jogar bem como conquistar pontos suficientes para se manterem na corrida do acesso ao playoff do Super Rugby 2019 e depois de uma derrota agridoce frente aos Highlanders, era fulcral garantir pontos na visita ao campo dos Hurricanes, a 2ª melhor equipa da competição. A equipa da casa apresentou praticamente o seu melhor XV, mas sem Beauden Barrett ao leme e essa ausência seria suficiente para deitar tudo a perder no final de contas.

Os Jaguares realizaram um jogo compacto, entre o arriscar nos momentos mais inesperados e no “guardar” a oval quando os Hurricanes esperavam por um aproveitamento no jogo ao largo, abordando a estratégia adversária de uma forma inteligente, séria, temporizada e que traria frutos mesmo tendo sofrido um ensaio logo no 1º minuto de jogo.

Agustín Creevy foi dando o mote necessária para a equipa se manter consolidada e por volta dos 10 minutos de jogo tomaram controlo e domínio total da posse de bola, mostrando uma total confiança nas combinações ofensivas que permitiram ao três-de-trás conquistar mais de 230 metros e 6 quebras-de-linhas, o suficiente para desnortear a defesa dos Hurricanes.

Sem Beauden Barrett a criar um elo de ligação minimamente sustentável (as opções B ou C não têm de perto metade da qualidade do abertura dos All Blacks), os Hurricanes viram os Jaguares a dar uma lição no breakdown e nas fases estáticas, onde Guido Petti (é o 2ª linha em melhor forma na competição) foi “rei”, e chegar à linha de meta em 4 ocasiões diferentes, sendo que a 1ª foi graças a uma asneira infantil de Jordie Barrett (vejam o vídeo para perceber).

Uma exibição louvável sem ser espectacular, uma equipa cada vez mais consolidada e inteligente, que deu uma lição aos Hurricanes… respeitar o adversário e não achar que todas as situações de 1ª fase acabam em ensaio, pedindo-se mais a TJ Perenara, Ardie Savea ou Ngani Laumape na hora de dar o exemplo.

O DETALHE DOS 7’S NUM JOGO DE XV: SPECKMAN POWER PASS

Uma espectacular exibição dos Bulls garantiu uma vitória em terras de Melbourne, com a franquia de Pretória a montar um autêntico festival de pormenores e detalhes como o de Rosko Speckman. O ponta captou uma bola à ponta, tem tempo para cair no chão e levantar-se para depois atirar um passe à futebol americano (mas para trás) perfeito para as mãos de Odendaal. Ensaio, Bulls na frente do resultado.

Vejam o vídeo e percebam a qualidade do passe, que abordou uma série de pormenores importantes para correr bem: velocidade de movimentos, excelente tempo de reacção, óptima leitura do posicionamento do apoio e… uma invenção à là 7’s! A aprendizagem que Speckman tirou dos vários anos ao serviço dos blitzbokke tem sido extremamente útil para se estabelecer na franquia dos Bulls e estes detalhes fazem toda a diferença nos momentos decisivos.

Para além do power pass de Speckman, há mais alguns detalhes a ter em conta e um deles dá-se pelo nome de : Burger Odendaal. O centro é uma força da natureza, com uma total predisposição para servir de batedor na linha de vantagem e um dos melhores veículos de apoio nas combinações rápidas ofensivas dos Bulls, que provêm na maioria das vezes de rápidos contra-ataques.

Apesar das saídas de Pollard, Kriel e mais um ou outro nome, a franquia sul-africana tem uma série de atletas com capacidade de liderar e manter a bitola conquistada em 2019, em especial a genialidade que jogadores como Speckman trazem ao rugby de XV, com aquele power pass carregado de capricho e jeito!

REDS-WARATAHS – UM DÉRBI À ALTURA DA SUA HISTÓRIA

Ora um dos dérbis mais antigos do rugby mundial ficou para este fim-de-semana com Queensland Reds e New South Wales Waratahs a oferecerem um excelente espectáculo, algo raro quando falamos de franquias australianas. Este jogo era um tudo ou nada para ambos e esse “pormenor” exigiria (e exigiu) o melhor (e pior) de cada um… quem consentisse uma derrota, ficava praticamente de fora da fase final.

Bernard Foley e Kurtley Beale estavam incumbidos de trazer o seu melhor para dentro das quatro-linhas e, felizmente para os ‘tahs, foi isso que aconteceu. Beale tem feito esquecer Israel Folau em diferentes medidas, principalmente no montar de uma 2ª cortina atacante, operando como se fosse um segundo médio-de-abertura, algo que confere mais velocidade e soluções à franquia de Nova Gales do Sul (não tem a mesma dimensão em termos de ganhar a bola no jogo aéreo).

link construído entre Foley-Beale foi fundamental na 2ª parte, altura em que os Waratahs começaram a ficar por cima do jogo perante uns Reds perigosos mas sem a consistência necessária para conseguir “parar” o ritmo de jogo e bloquear o maior dinamismo da franquia de Nova Gales do Sul. Para o bem e para o mal a longa “costela” da juventude dos koalas tem influenciado os resultados finais e neste encontro, houve exactamente esse problema/virtude e o exemplo de Bryce Hegarty é o melhor para explicar esse factor.

O abertura marcou dois ensaios e ofereceu mais dois, mas foi incapaz de converter 20% dos pontapés que teve à sua responsabilidade, perdendo e assim 10 pontos essenciais para os Reds. Os veteranos Higginbotham e Samu Kerevi tentaram puxar pelos galões, todavia foi insuficiente para parar com a “hemorragia” de erros constante que saíam das mãos e ombros dos seus colegas.

Os Waratahs deram a resposta necessária para a profunda crise e voltam a estar no encalce dos Rebels na conferência australiana, sendo que Brumbies mantêm uma boa margem de distância com quatro jogos para o fim.

OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA

Melhor Chutador: Bernard Foley (Waratahs) – 20 pontos (4 penalidades e 4 conversões – 90%)
Melhor Placador: Dillon Hunt (Highlanders) – 18 placagens (100% eficácia)
Melhor Marcador de Ensaios: Marika Koroibete (Rebels), Kwagga Smith (Lions),
Melhor Marcador de Pontos: Bernard Foley (Waratahs) – 25 pontos (1 ensaio, 4 penalidades e 4 conversões)
O Rei das Quebras-de-Linha: TJ Faiane (Blues) – 4
O Jogador-Segredo: Jordan Hyland (Highlanders) – 1 ensaio, 70 metros conquistados, 1 quebra-de-linha, 4 defesas batidos e 6 placagens
Lesionado preocupante: Nada a apontar
Melhor Ensaio: Andries Coetzee (Lions) vs Highlanders: excelente movimentação dos vice-campeões do Super Rugby


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