Portugal nos Jogos (Dia 1): Catarina Costa chega ao Diploma Olímpico

Fair PlayJulho 24, 20219min0

Portugal nos Jogos (Dia 1): Catarina Costa chega ao Diploma Olímpico

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Queres saber o que se com a comitiva portuguesa olímpica passou no dia 1 destes Jogos de Tóquio? Tentamos resumir tudo e oferecer uma análise em alguns destaques

Portugal entrou em diferentes campos neste dia 1 após a abertura oficial dos Jogos Olímpicos (algumas modalidades começaram já durante a semana como futebol, softball ou tiro), com resultados diferentes, somando o 1º Diploma Olímpico, conquistado no judo por Catarina Costa, num dos melhores momentos da prestação lusa em Tóquio. Neste artigo analisamos algumas das prestações, destaques e muito mais.

Artigo por Francisco Isaac (ténis de mesa), João Camacho (judo), João Bastos (natação) e Bernardo Galante (andebol)

O DESTAQUE DO DIA: CATARINA COSTA CHEGA AO DIPLOMA

2021 não estava a ser um ano amplamente positivo para Catarina Costa, no que toca a resultados (9º lugar no Campeonato do Mundo de Budapeste, que decorreu no início de Junho, e uma participação aquém das expectativas nos campeonatos da Europa de Lisboa), no entanto, hoje, a judoca portuguesa esteve imperial, nesta que é a sua 1ª participação nuns Jogos Olímpicos, e a conquista de um Diploma Olímpico, depois de ter perdido na luta pela medalha de bronze da categoria dos 48Kg, é a prova da grande prestação e do 3º melhor resultado de sempre, a data de hoe, do Judo Português em Jogos Olímpicos, depois dos Bronzes de Nuno Delgado e Telma Monteiro. Mas vamos recuar até ao início, ao primeiro combate do dia contra Aisha Gurbanli do Azerbaijão, em que a portuguesa teve de arrancar a “ferros” uma vitória com um Waza-ari, resultado de um combate muito disputado e de exigência máxima, abrindo assim as portas aos oitavos-de-final, onde encontro

u e venceu pela vantagem máxima, ippon, a chinesa Yanan Li (medalha de ouro na categoria dos -48 nos Campeonatos Asiáticos de Judo de 2021), o que começou a aguçar a potencial sonho de chegar longe nestes Jogos Olímpicos. Infelizmente, no caminho para as meias-finais, surgiu uma das melhores atletas do Mundo nesta categoria, varias vezes campeã do Mundo e que chegou a passar pelo Sporting CP (fez parte do projeto Olímpico leonino, durante dois anos), Daria Bilodid.

A ucraniana resistiu aos avanços da portuguesa e acabou por marcar ippon a Catarina Costa por imobilização, já no golden score, o que levou a atleta olímpica portuguesa para a repescagem, onde iria encontrar a campeã olímpica em título, a Argentina Paula Pareto. Num duelo novamente até para lá do limite, Catarina Costa manteve a mesma postura de não ceder terreno e não abrir mão do seu posicionamento, com a atleta das Pampas a tentar fechar rápido o encontro, o que acabou por não acontecer, devido ao mérito de Catarina, que evidenciou um profundo conhecimento da adversária, que marcou um Waza-ari através de uma técnica de sacrifício, Kata-Guruma/Uki-Waza, o que acabou por marcar a passagem da judoca lusa à luta pela medalha de bronze.

Catarina voltou a evidenciar uma prestação muito solida, no entanto, a experiente mongol, numero 4 do mundo e com um titulo e varias medalhas em campeonatos do Mundo no seu vastíssimo currículo, Munkhbat Urantsetseg, conseguiu levar o combate para a luta no solo, onde é claramente dominadora, e acabou por conseguir aplicar uma “chave de braço”, Jugi-gatame, deixando a Portuguesa fora do pódio. Mesmo não tendo atingido o tão desejado bronze, Catarina Costa esteve fantástica, nesta que foi a sua primeira presença nuns Jogos Olímpicos. Fica o Diploma Olímpico e um 5º lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que prestigiam o judo nacional, mais uma vez, e colocam esta modalidade num patamar de excelência. Venha PARIS 2024!

O QUE ESTÁ EM ABERTO: PORTUGAL CEDE FRENTE AO EGIPTO

A Seleção Portuguesa entrou forte no Yoyogi National Stadium, onde se perspetivava um jogo de alto nível com o equilíbrio a pautar os 60 minutos, frente a um Egito candidato a surpreender na competição. Apesar da entrada forte dos portugueses, desde cedo, fez-se notar a tremenda dificuldade em contrariar as situações de 2 contra 2, no lado esquerdo do ataque egipcio. Omar Yahia e Ali Zein, alternadamente, foram expondo e aproveitando as fragilidades do lado direito da estrutura defensiva portuguesa, terminando o jogo com 6 e 5 golos, respetivamente.

O experiente central Ahmed Elahmar (que chegou aos 1000 golos pela Seleção do Egito contra Portugal), pegou na batuta do jogo e pautou o ataque egipcio de forma inteligente, conseguindo tirar o máximo partido dos pontos fortes da sua seleção.

Aliada às dificuldades defensivas, as 3 exclusões de 2 minutos que Portugal sofreu na 1ª parte, dificultaram e desgastaram ainda mais os comandados de Paulo Jorge Pereira. De salientar, que Portugal jogou durante 10 minutos sob inferioridade numérica, fruto de 5 exclusões de 2 minutos contra apenas duas da seleção adversária.

A inconsistência ofensiva foi outro problema para a Seleção Portuguesa. Uma seleção que sofre 37 golos terá, obrigatoriamente, de ser mais eficaz no ataque. Apesar dos 31 golos, Portugal apenas concretizou 65% dos remates efetuados (31/48) contra 79% do Egito (37/47) – ou seja, o adversário rematou menos, mas foi mais eficaz.

O mesmo se passou na baliza portuguesa. Humberto Gomes e Gustavo Capdeville, apenas defenderam 16% (7/4) dos remates efetuadoos à baliza das quinas. Por outro lado, os guardiões adversários atingiram os 31% (14/45). Especial foco para Mohamed Eltayar (9/19, 47%), que entra para jogo no período mais negro dos portugueses e, naturalmente, isso também é fruto da excelente prestação do atleta do Al-Ahly.

Todos estes fatores foram, seriamente sentidos, quando o cronómetro chegou aos 45 minutos. Falhast écnicas, situações ofensivas de 1×0 não concretizadas, exclusões e a ansiedade de dar a volta ao jogo – foram alguns dos sintomas portugueses. Esta foi a sina entre os 45 e os 55 minutos de jogo que acabou por ditar a derrota portuguesa.

A RECUPERAÇÃO: SHAO JIENI E UMA LIÇÃO DE SUPERAÇÃO

De 0-3 para 4-3, a atleta de Portugal Shao Jieni sobreviveu à 1ª ronda do ténis de mesa feminino individual, atingindo o mesmo patamar que o alcançado nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. A portuguesa de 27 anos teve pela frente a estreante Christina Källberg da Suécia (21 anos), que entrou melhor no encontro, gozando de alguma sorte em determinados pontos, atingindo três jogos de vantagem sempre por parciais curtos (11-8. 11-9 e 12-10). Ficou sempre a ideia que Jieni podia ter dominado com efectividade pontual caso a devolução tivesse sido mais conservadora, invés de optar por estratégia “agressiva” ou de maior imposição de força na resposta à bola curta.

Contudo, Källberg não estava confortável mentalmente, e isso revelou-se a partir do 4º parcial altura em que Shao Jieni começou a dominar no serviço e na 1ª resposta, impondo um ritmo duro que a jovem atleta sueca começou a não conseguir contrariar, cedendo no 4º parcial por 6-11, e no 5º um 5-11, com isto a motivar a tenista-de-mesa portuguesa que era possível ir atrás da reviravolta e garantir o acesso à fase seguinte. No 6º parcial dá-se a igualdade, para depois na negra ser Shao Jieni a ditar o ritmo, apesar de uma ligeira resposta da adversária que chegou chegou a igualar em 6-6, acabando por não ter resposta para a experiência da atleta lusa.

Shao Jieni podia ter facilmente entrado num desacreditar nas suas capacidades ou optado por arriscar no 4º e decisivo parcial na altura, mas a postura e a mentalidade de confiar no seu jogo acabou por fazer ceder uma das possíveis novas coqueluches do ténis de mesa mundial. A 62ª do Mundo agora vai ter pela frente Yu Mengyu (Singapura), que está no 47º lugar do ranking internacional da ITTF, com hora de início para as 6:45 da manhã de Domingo.

A PROMESSA: JOSÉ LOPES COM MIRA NOS 800

No torneio olímpico de natação, a participação portuguesa iniciou-se com José Paulo Lopes na prova de 400 metros estilos. O nadador de 20 anos fez a sua estreia olímpica nadando na primeira série da primeira prova do programa de provas superando o seu máximo pessoal fixado em 4:17.22 desde os Europeus de Budapeste em maio. O nadador do SC Braga, orientado pelo técnico Luís Cameira, estabeleceu um novo recorde pessoal de 4:16.52 classificando-se no 20º lugar, melhorando a sua posição da lista de entrada (26º). José Lopes volta a nadar na 3ª feira, desta feita nos 800 metros livres, prova onde é recordista nacional com o tempo de 7:52.68 estabelecido na final do Europeu de maio e que lhe valeu o 6º lugar.

OUTROS DESTAQUES

João Almeida e Nélson Oliveira terminaram na 13ª e 41ª posições, respectivamente. Nélson Oliveira já está com a atenção centrada no contrarrelógio onde espera garantir um bom lugar e, talvez, chegar ao Diploma Olímpico. João Almeida até começou bem a prova de estrada, mas perdeu o pelotão da frente nos últimos 40 kms e ficou assim de fora do top-10, um objectivo desejado pelo jovem ciclista luso.

Pedro Fraga e Afonso Costa vão à repescagem da Double-Scull (ligeiro) depois de terem terminado em 2º lugar no heat 1. Terão de passar num dos dois melhores lugares para terem acesso às meias-finais. Boa prestação da dupla que passaram a meta com 6 minutos e 44 segundos, a 23 e 21 segundos da Itália e Alemanha.

No ténis nem nos singulares ou pares Portugal conseguiu chegar à 2ª eliminatória, com uma prestação abaixo das expectativas e das capacidades de Pedro Sousa e João Sousa, com este ainda ter a oportunidade de chegar longe em “solo” amanhã.

Rui Bragança foi eliminado no 1º combate do Taekwondo, ficando aquém da prestação de 2016.

Tiago Apolónia passou para a 2ª ronda do ténis de mesa masculino individual depois de uma excelente prestação, com uma vitória por 4-0 frente a Olajide Omotayo. Segue-se o indiano Sharath Kamal Achanta, número 32º do ranking da ITTF.


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