Organização de Quadros Competitivos: Pressupostos Metodológicos

Francisco FigueiredoAgosto 3, 20184min0

Organização de Quadros Competitivos: Pressupostos Metodológicos

Francisco FigueiredoAgosto 3, 20184min0
Como preparar uma competição? O que tem de se pensar e de levar em conta? Explicamos os Pressupostos Metodológicos de uma competição de Patinagem de Velocidade!

Antes de mais gostaria de parabenizar a equipa do Fair Play pelo seu aniversário. A mais valia do vosso trabalho vem da capacidade de dar voz a muitas modalidades quase desconhecidas e publicar artigos de opinião pertinentes, verdadeiras reflexões sobre as mais diversas áreas. Obrigado por permitirem o meu contributo!

Quando procedemos à calendarização de qualquer atividade existem vários pressupostos a ter em conta, sejam eles de índole recreativa, formativa, de rendimento desportivo ou outras. Importante mesmo é que exista uma linha de pensamento que oriente a atividade e lhe garanta coerência. Nesse aspeto, a patinagem não foge à regra (ou não devia fugir…).

Já defendi em diversos locais uma linha de pensamento/ideologia conducente a um objetivo pré-definido, sendo que cada competição/atividade tem um determinado enquadramento. É importante que os diversos agentes envolvidos na modalidade estejam cientes do verdadeiro objetivo de cada uma das atividades constantes num determinado plano de atividades ou quadro competitivo / calendário de época.

Assim, e tendo em conta a realidade nacional da modalidade, a minha opinião é de que existe ainda muito trabalho a fazer ao nível das Associações de modalidade, embota a Federação deva ter a função de orientar/balizar/definir os padrões de exigência quer a nível regional, quer a nível nacional, quer a nível internacional, no que aos patinadores nacionais diz respeito.

Todo este trabalho de planificação deve ter em conta um modelo de patinador e/ou nível a atingir por estes patinadores ao nível da representação máxima do seu país, a Seleção Nacional.

Definido este modelo, importa saber como preparar os patinadores para lá chegar, sendo necessário um trabalho técnico de convergência entre o departamento técnico nacional, que deve ser competente o suficiente para estabelecer estas linhas orientadoras, e os diversos departamentos técnicos regionais e, por fim (mas provavelmente os mais importantes…), com os clubes e técnicos que trabalham neles.

Toda esta convergência deverá assentar em pressupostos técnico/pedagógicos claros para que possamos trabalhar todos em prol de um bem comum, o sucesso desportivo de excelência ao nível das seleções. Desta forma, irão potenciar-se todos os esforços feitos no terreno por tantos técnicos que, por vezes por falta de orientação superior, nem sabem bem em função de que metas deverão trabalhar.

O agendamento das competições nacionais deve obedecer a uma lógica de otimização/desenvolvimento do potencial nacional e estar enquadrado com as fases da época em que os patinadores se encontram, nomeadamente a nível internacional e de seleções.

A DTN deve procurar perceber, em conjunto com os diversos técnicos nacionais, como e quando deve enquadrar determinado tipo de tipologia (pista/estrada/indoor), os escalões a competir e o próprio modelo competitivo dos campeonatos e torneios a organizar, sob pena de apenas a FPP perceber o que quer atingir e sem dar a possibilidade de os verdadeiros protagonistas, os atletas, terem noção do caminho a percorrer para atingir os patamares preconizados e de como planear o seu trabalho da época.

Exige-se, a bem do bom desenvolvimento da modalidade, que se balize o trabalho e forma competitiva a desenvolver nos clubes que, articulando-se a nível regional, criarão os seus quadros competitivos por forma a aumentar o número de patinadores e a competitividade regional, podendo de seguida lançar-se para um patamar acima que e o da competição nacional.

Só com quadros competitivos fortes a nível regional poderemos ter depois quadros competitivos nacionais de excelência que possam fazer evoluir os patinadores a nível internacional, sem que a qualidade da patinagem de velocidade nacional esteja apenas baseada no esforço hercúleo que atletas, clubes e pais desenvolvem para estarem presentes em palcos de excelência, sem que a FPP diretamente tenha algo a ver com esses resultados…

Definição de objetivos, planeamento e coerência no trabalho a realizar são primordiais para que a Patinagem de Velocidade possa deixar de viver de êxitos isolados para ganhar consistência no patamar internacional.


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