Rest In Piece Kobe – recordar a lenda e respeitar o legado

Fair PlayFevereiro 2, 20206min0

Rest In Piece Kobe – recordar a lenda e respeitar o legado

Fair PlayFevereiro 2, 20206min0
A morte de Kobe Bryant deixou o mundo do desporto em choque. É hora de recordar a lenda e respeitar o legado do Black Mamba. 3 autores recordam Kobe e o que ele significa para ele! Lê tudo aqui!

5 títulos da NBA. 2 vezes MVP das Finais. MVP da NBA. 18 presenças no All-Star Game. 11 vezes primeira equipa All-NBA. 9 vezes primeira equipa defensiva do ano. Kobe Bryant. Black Mamba. 8 e 24. Uma lenda que partiu cedo demais e merece todo o respeito, admiração e recordação possível. Aqui, 3 autores do Fair Play prestam a sua homenagem ao miúdo de Philly que sonhava ganhar tudo pelos Lakers. E conseguiu.

Francisco Isaac

Tentei arranjar um nickname para Kobe Bryant mas é complicado perante o número de façanhas, conquistas, jogadas fantásticas realizadas durante uma vida que acabou de uma forma prematura. Não minto, fui um Michael Jordan fan (apesar de tê-lo visto pouco jogar, guardo uma imagem do seu último jogo pelos Wizards em que faz um steal inimaginável no ar), sempre fui vidrado no Vince Carter e Kevin Garnett e sou um real defensor da dimensão titânica de LeBron James. E Kobe Bryant onde fica no meio desta manta de estrelas da NBA? Com toda honestidade, não sei.

Para mim foi sempre um dos melhores, especialmente pela forma como se agigantava nos períodos que os La Lakers mais precisavam, destruindo por completo a oposição dando um show técnico-físico que faziam me sentir constantemente irritado… irritado, sim e é fácil de explicar: é porque tudo parecia fácil nas mãos de Kobe Bryant.

Kobe como sabemos que gostaria de ser lembrado, vestido com o equipamento dos Lakers (Foto: NBC Sports)

A composição harmoniosa daquela era dos Lakers era e é será para sempre singular, onde o cromatismo do dourado e roxo tornavam tudo mais épico para uma formação que dominou a quadra. Bryant imperou na sua geração de atletas da NBA e inspirou as seguintes e mesmo as anteriores, recheando toda a sua carreira por um misticismo clássico do basquetebol que só está ao alcance daqueles que se divertem a jogar, superando o simples statement de querer ganhar.

Esse era outro pormenor de Kobe… era como tanto estava divertido a jogar, desafiando os adversários a tentar superá-lo em todas as dimensões com aquele sorriso que deambulava entre o jocoso e o ingénuo, para depois passar para aquele semblante mais carregado que só podia deixar adivinhar uma autêntica tempestade no caminho de quem se atrevesse a dizer “não é o teu dia”.

Wilt Chamberlain pode ter sido recordista, Kareem Abdul-Jabbar o progressista, Michael Jordan his airness indisputável, mas Kobe Bryant foi o decisor e para todo o sempre, mesmo lembrando as suas falhas (o que só o faz mais humano, apesar das suas sapatilhas poderem contestar essa ideia!), vai ser um dos rostos da National Basketball Association. Kobe Bryan é NBA e NBA é Kobe Bryant. Sorriam nos próximos jogos da NBA como Kobe sorriria.

Rui Mesquita

Para mim, Kobe Bryant, mais do que todos os títulos, todos os recordes, todas as conquistas, resume-se a 3 palavras:
Lakers. Kobe é sinónimo de Lakers e Lakers é sinónimo de Kobe. O roxo e dourado são sinónimo de sucesso e de títulos, de ambição e glamour e Kobe representou isso melhor que ninguém durante 20 longos anos. Kobe era classe e beleza dentro de campo, era entrega e talento. Kobe era tudo o que os Lakers queriam e quando queriam. Uma estrela das melhores que já passaram pela Liga e, sem dúvida, o melhor da história do franchise. Melhor que Wilt, melhor que Kareem, melhor que Magic, melhor que Shaq, melhor que LeBron James.

Detail. Para além de ser o nome da série que Kobe fez a analisar jogadas de jogadores atuais, era um modo de vida. Analisar tudo ao máximo, o que fazia e o que os outros faziam. Analisava a sua forma de jogar e dos seus adversários. O vídeo abaixo é a prova disso. Jordan era o melhor que Kobe viu e, para ser tão bom como ele, havia que imitar o mestre. Kobe pode não ser um unânime segundo melhor de sempre, mas é indiscutivelmente o jogador que mais se aproximou de Jordan.

Mentalidade. As histórias de superação são incontáveis e davam, por si só, um artigo completo (quem sabe). Aqui escolho partilhar uma que espelha como Kobe via o jogo e a sua Mamba Mentality. Bryant queria ser o melhor, sempre, queria ganhar, sempre. A história é de Jason Williams que, na primeira vez que defrontou Kobe foi às 3 da manhã para o ginásio antes do jogo. Quando lá chegou já lá estava Kobe, suado, a treinar lançamentos. Williams treinou durante mais de 1 hora e Kobe continuava a treinar à séria. Williams abandonou o recinto a pensar como seria possível. Nessa noite Kobe marcou 40 pontos contra Williams e no fim Jason foi perguntar a Bryant como e porque ele ficou tanto tempo a treinar. A resposta do homem dos Lakers: “Eu vi-te entrar e queria que percebesses que, por muito que treinasses eu ia sempre trabalhar mais do que tu, ia sempre querer mais do que tu.”. Mentalidade.

João de Matos

Depois de uma notícia tão trágica, só mesmo uma homenagem para tentar agilizar a nuvem negra que paira no ar do mundo do basquetebol, mas acima de tudo do desporto.

Bryant era seguramente um dos melhores de sempre, um jogador que não pode ter comparação. Não sou adepto de comparações de jogadores, Jordan era Jordan e Kobe era Kobe, um homem que ninguém era capaz de travar, podiam defender, mas mal.

Mais do que títulos, game-winners ou os 60 pontos na despedida, umas das memórias que tenho de Bryant, é a de depois de sofrer a rotura do tendão de Aquiles, levantou-se, marcou dois lances livres e saiu do campo pelo próprio pé e nesse jogo os LA Lakers ganharam por 2 pontos. Tudo isto demonstra o monstro que desportista de líder e de humano que era. Na NBA existem muitos recordes, de pontos, de ressaltos, de anéis, de triplos-duplos de tudo e mais alguma coisa, e se havia jogador mais que se conseguia aproximar dos gigantes dos recordes era Kobe, um jogador que tinha uma mentalidade exímia, um força de vontade que não há igual, para ele não havia impossíveis e todos os jogos eram encarados da mesma maneira, com sangue, lágrimas e suor.

Kobe com um dos seus melhores companheiros e amigo (Foto: CNBC.com)

Se poderia existir jogador que merecia um final diferente era ele, depois de se despedir dos campos de basquetebol com um desafio deixado pelo amigo Shaq que era marcar 50 pontos, Kobe faz melhor e fez um registo impressionante de 60 pontos na vitória sobre os Utha Jazz. Kobe merecia uma despedida da vida melhor que esta, mas uma coisa é certa deixou a sua marca e será sempre lembrado como um dos melhores de sempre.

A nós só nos cabe agradecer por todos os momentos do Black Mamba e desejar que olhe por nós esteja onde estiver.


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