A estreia de Lebron em LA

João PortugalOutubro 2, 20185min0
Lebron James estreou-se pelos Lakers e, em 15 minutos, mostrou como pode fazer jogar os colegas. A sua nova equipa mostrou enormes fragilidades defensivas e jogou a um ritmo insustentável para o resto da temporada.

Foi na madrugada de segunda para terça que aconteceu a estreia de Lebron James pelos Lakers. Foi um encontro de pré-época, com os Denver Nuggets, que LA perdeu (107-124), e James só jogou 15 minutos, todos na primeira parte. E será nesse quarto de hora que me vou focar mais, até porque, maioritariamente com o banco, o resto do jogo foi um pouco desastroso para os LAL.

Primeiro é preciso fazer uma pequena referência ao ritmo de jogo, que foi de 109 posses de bola, muito acima do que teremos na NBA. O treinador Luke Walton já reiterou em várias conferências de imprensa que a sua equipa vai jogar muito rápido e que será como ontem, porém houve vários aspectos que farão este ritmo completamente insustentável.

Para começar, Lebron James jogou só 15 minutos, ele que passou os últimos 8 anos a jogar a um ritmo abaixo da média da liga, não será na 15ª temporada da sua carreira que vai andar a correr quatro ou cinco posses de bola acima do resto da NBA. É um pensamento de loucos e não vai acontecer. Depois, ainda relacionado com Lebron, ele quase não teve a bola nas mãos, tomou decisões com bastante celeridade, o que é bom, mas procurou ou cortes de Ingram para uma posição de catch and shoot ou até de finalizar debaixo do cesto, ou passar a bola ao outro playmaker, Rajon Rondo.

Lebron na procura dos colegas – ThePlayoffs

O estilo que James mostrou nesta estreia não será o que vai acontecer durante os 82 jogos da fase regular. Correr para cima e para baixo no court, ter pouca bola e livrar-se dela rapidamente. O que teremos daqui para a frente, nos jogos  a sério, será um Lebron a temporizar as jogadas, com a bola na mão, tanto para gerir as suas pernas como para deixar a jogada desenrolar-se. Não é mistério nenhum, defender durante 24 segundos é uma tarefa bem complicada, é mais fácil encontrar lançamentos abertos no final da posse de bola do que no início, em ataque organizado.

Creio que um dos grandes beneficiários da chegada de James a LA é Brandon Ingram. Deu para ver bem como Lebron conseguiu atrair atenções e libertar para Ingram, seja no canto, seja para um midrange com um mismatch (estar a ser defendido por um jogador mais pequeno), ou até mesmo para um ataque ao cesto. Ingram, este verão, mudou-se de um T1 nos subúrbios para um T4+duplex com vista para o mar.

O que parece faltar nos Lakers são atiradores, e com menos atiradores, Lebron deve atacar o cesto menos vezes porque não terá um lote de opções extra muito variado. Ele próprio lançou duas vezes de triplo e marcou os dois. Um dos grandes méritos que ele tem nos últimos dois anos foi ter tornado o seu lançamento longo uma arma perigosa o que já não permite aos seus defensores directos irem por trás do bloqueio para o parar. Com o regresso de Lonzo Ball, teremos James a lançar ainda mais triplos?

A defesa será o grande problema da segunda linha – CGTN

Outra coisa que pareceu notória, é que vai ser muito complicado parar quem quer que seja defensivamente. Então no banco, o decréscimo de qualidade defensiva é tal que sempre que os titulares descansarem, se forem sentar-se a ganhar por 10, levantam-se a perder por cinco. Ter Michael Beasley e Lance Stephenson a jogar juntos vai ser um problema terrível. Lance conseguiu a proeza de ser um -28 em 21 minutos! Na pré-época! Contra role players!

Para concluir, até porque só daqui a umas semanas vamos poder perceber como vai correr a relação no court entre Lebron James e Lonzo Ball, vamos tentar colocar os Lakers nesta hierarquia da Conferência Oeste. Para já, o top4 parece inalcançável. Há pelo menos cinco franchises bem acima deles: Golden State, Houston, Utah, New Orleans e Denver. Depois ainda existem os concorrentes directos que parecem mais fortes para já, como Oklahoma e Portland. E os Lakers, tal como os Spurs e talvez os Mavericks, venham a ser os grandes beneficiários do tiro no pé que os Minnesota Timberwolves deram com toda esta situação em torno de Jimmy Butler.

A troca já devia ter sido feita, quanto mais demorar, pior é para todos. O retorno não vai melhorar e haverá menos tempo de adaptação a quem quer que venha do outro lado. Com Butler, os Wolves também seriam uma equipa que colocaria acima dos Lakers. A meu ver, nunca conseguirão melhor que o sexto lugar, nem pior que o 10º, portanto, apostando na mediana, diria que os Lakers de Lebron James têm um encontro marcado com os Warriors na primeira ronda dos playoffs em Abril.


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