[Aqua Moments] Os melhores de 2017

João BastosDezembro 26, 20176min0

[Aqua Moments] Os melhores de 2017

João BastosDezembro 26, 20176min0
Sarah Sjöström e Caeleb Dressel foram eleitos pelo órgão máximo que tutela a natação mundial como os melhores nadadores do mundo em 2017

O Fair Play continua a sua série de artigos que recordarão momentos históricos da natação. O Aqua Moments olhará para o retrovisor e reviverá marcos incontornáveis da história da modalidade


A FINA divulgou as suas escolhas do ano, elegendo o norte-americano Caeleb Dressel e a sueca Sarah Sjöström como os melhores nadadores do ano 2017. No último Aqua Moments do ano, o Fair Play recorda a época dos dois nadadores que este ano não tiveram oposição para conquistar a distinção da Federação Internacional de Natação.

Sarah Sjöström

A sueca teve um ano banhado a ouro de muitos quilates e com aquilo que fez (aliado ao que as principais rivais não fizeram) era mesmo a única opção válida para vencer o prémio da FINA.

Desde cedo que a Dama de Gelo mostrou que este podia ser um ano memorável para ela. Em Abril nadou em 23.83 os 50 livres, ficando a apenas 1 décimo do recorde do mundo de Britta Steffen. Em Junho fez ainda melhor e marcou 52.07, ficando a 1 centésimo de segundo do máximo mundial de Cate Campbell.

A mariposa não estava a nadar assim tão próximo dos seus recordes do mundo, mas ainda assim já era a única abaixo de 25 segundos aos 50 e de 56 segundos aos 100, antes do mundial de Budapeste.

Na Hungria, já se esperava que Sjöström fosse um dos destaques da competição e, logo no primeiro dia, ao abrir a estafeta feminina sueca de 4×100 metros livres, tornou-se na primeira mulher a nadar 100 livres abaixo de 52 segundos, cravando um novo recorde do mundo com 51.71. Logo no dia seguinte nadou a final dos 100 mariposa que venceu com 55.53, falhando por 5 centésimos o recorde do mundo (com uma chegada mal calculada).

Depois veio o balde de água. Já recordista do mundo nos 100 livres, acabou por perder a final da prova individual para a norte-americana, campeã olímpica, Simone Manuel, nadando 6 décimos pior do que fizera 5 dias antes e ficando pelos terceiros mundiais consecutivos na posição de prata nesta prova.

Mas a última imagem de Sjöström nos Campeonatos do Mundo (e na temporada de piscina longa) foi positiva, já que nas meias finais dos 50 metros livres estabeleceu um novo recorde do mundo com o tempo de 23.67. A final foi nadada no último dia dos campeonatos e aí a sueca não conseguiu voltar a baixar o tempo mas ficou a apenas 2 centésimos de segundo do seu tempo da véspera, sagrando-se campeã mundial dos 50 metros livres.

Em resumo, Sarah Sjöström saiu de Budapeste com o rótulo de nadadora com mais recordes do mundo individuais em piscina longa, em vigor. Ao todo são 4: 50 e 100 mariposa, 50 e 100 livres, ultrapassando nomes como Michael Phelps (3), Katie Ledecky (3) ou Katinka Hosszu (2).

Veio a temporada de piscina curta e Sarah continuou ao mesmo nível, pondo termo a um reinado de 5 anos consecutivos de Katinka Hosszu ao vencer o circuito da Taça do Mundo. Para além de ser a vencedora do circuito composto por 8 etapas, estabeleceu 4 novos recordes do mundo (50 metros livres, duas vezes o dos 100 livres e 200 livres).

Terminou 2017 nos Europeus de Piscina Curta, e como contamos aqui, a competição não estava a correr de feição até ao último dia…ainda assim chegou para trazer três títulos de Copenhaga.

O balanço final do 2017 de Sarah Sjöström foi o seguinte:

  • 6 recordes mundiais;
  • 3 títulos de campeã do mundo;
  • 3 títulos de campeã europeia de piscina curta;
  • Campeã da Taça do Mundo;
  • Vencedora de 25 provas no circuito da Taça do Mundo
Foto: FINA

Caeleb Dressel

Le Roi Est Mort, Vive Le Roi…ou em português: “O Rei morreu, Viva o Rei”.

Há que relativizar do ponto de vista semântico a anterior afirmação, mas o que é certo que depois do adeus definitivo de Michael Phelps das piscinas, o lugar de nadador mais mediático do planeta ficou por ocupar, mas já há um forte candidato à vaga.

Chama-se Caeleb Dressel e é o cometa do ano 2017.

O norte-americano tinha-se estreado em provas internacionais no ano passado, logo nos Jogos Olímpicos, aos 19 anos. Por essa ocasião chegou à final dos 100 metros livres onde foi 6º classificado. Trouxe dois ouros do Rio, mas das estafetas (e nos 4×100 estilos porque nadou as eliminatórias).

Já este ano Dressel atingiu outro nível. Em Março chamou a atenção com os excelentes campeonatos nacionais universitários que realizou, com destaque para os seus 40.00 nas 100 jardas livres, o melhor de sempre.

As indicações que deu nos NCAA, confirmou-as nos trials de apuramento para os Campeonatos do Mundo de Budapeste, chegando à Hungria com o estatuto de líder mundial do ano nos 100 mariposa, onde previsivelmente teria um confronto de alto nível com o campeão olímpico Joseph Schooling.

Mas a verdade é que não houve confronto nenhum. Não houve porque Caeleb Dressel exibiu-se numa forma que se tornou impossível a qualquer adversário ter condições para rivalizar com ele. Venceu os 50 e os 100 livres, os 100 mariposa e ainda os 4×100 livres masculinos e mistos e os 4×100 estilos masculinos e mistos.

Tornou-se no nadador que mais provas venceu numa só edição de uns Campeonatos do Mundo, ultrapassando Michael Phelps e os seus 6 títulos em Melbourne 2007, e para além dos títulos ficaram as marcas. Apesar de “só” ter obtido novos recordes do mundo nas estafetas mistas, tornou-se no mais rápido da era têxtil (sem fatos) em duas das três provas individuais que venceu.

  • Fez 49.86 aos 100 mariposa, ficando a 4 centésimos do recorde do mundo e sendo o único de sempre a nadar abaixo de 50 segundos sem fatos;
  • Fez 21.15 aos 50 livres, terceiro melhor tempo de sempre, só atrás dos 20.91 de César Cielo (2009) e dos 20.94 de Frederick Bousquet (2008);
  • Fez 47.17 aos 100 livres, o 7º melhor tempo de sempre, 3º da era têxtil.

Se as marcas e os títulos tornam Caeleb o melhor nadador do mundo em 2017, outros factores prometem torná-lo num nadador marcante da história da natação mundial. Os seus fundamentos técnicos roçam a perfeição. Partidas, viragens, percursos subaquáticos e chegadas são aspectos que o norte-americano executa com tamanha perícia que será certamente o modelo a copiar nos próximos anos para os jovens nadadores que queiram evoluir a sua técnica de nado.

2017 viu nascer uma estrela, nos próximos anos veremos até onde chegará o seu brilho.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS