E a medalha ali tão perto…

João BastosDezembro 15, 20179min0

E a medalha ali tão perto…

João BastosDezembro 15, 20179min0
Dia da final dos 200 metros masculinos é sempre um dia de redobrado interesse para as cores nacionais. Assim foi no dia de hoje, com Diogo Carvalho e Alexis Santos a nadarem a prova decisiva

Terceiro dia dos Campeonatos da Europa de Piscina Curta, com seis nadadores portugueses em acção. Dois deles nadaram na sessão de finais


Dia grande para a participação portuguesa nos Europeus de Copenhaga, não só pelo elevado número de nadadores lusos em acção (6 dos 8 presentes na Dinamarca), mas pelos resultados obtidos.

Fique com o resumo do dia:

Diogo Carvalho

Há 8 edições consecutivas que o nadador do Galitos de Aveiro chega à final dos 200 estilos. A primeira foi há precisamente 10 anos em Debrecen, quando foi 4º classificado. Até 2013 Diogo Carvalho tinha ficado por três vezes no amargo 4º lugar, mas em Herning tudo mudou e o nadador aveirense subiu ao pódio nas últimas duas edições.

Este ano voltava a tentar as medalhas, quem sabe até mais valiosas que o bronze.

A primeira etapa foi concluída sem dificuldade. Diogo Carvalho era um de três portugueses na série 4 dos 200 metros estilos e nadava na pista 3, ao lado de Simon Sjödin, o sueco que ficou com a prata em Herning. O português não entrou “a matar”, fazendo 50 mariposa em 24.95 e costas em 29.03, passando a meio da prova no 3º posto da série, mas a sua segunda metade de prova foi mortífera. Fez mesmo o parcial mais rápido de bruços entre todas as séries de eliminatórias (32.60) e fechou crawl em 27.95 para terminar em 1:54.58, vencendo a série e apurando-se para a sua nona final dos 200 estilos em Europeus de Piscina Curta da carreira, com o 5º tempo das eliminatórias.

Na final, Diogo voltou a sofrer as agruras do 4º lugar. A carreira do nadador de Aveiro por vezes parece inspirada no filme “Match point” de Woody Allen, com a bola a cair muitas vezes para o lado de cá da rede.

Diogo já por três vezes ficou às portas das meias finais nos Jogos Olímpicos nos 200 estilos – por 9 centésimos em 2008, por 12 centésimos em 2012 e por 40 centésimos em 2016.

Como já referimos, nos Europeus de Piscina Curta já ficou três vezes em quarto lugar…e esta foi a quarta vez, a vez mais apertada de todas. Diogo falhou o pódio por apenas 2 centésimos.

Em relação ao tempo da manhã, Diogo foi mais rápido nos dois primeiros parciais e passou em 53.13. Bruços foi ligeiramente pior (32.83), assim como crawl (28.22), concluindo a prova no tempo de 1:54.18.

Diogo fez a prova que tinha de fazer, ou seja, tentou acompanhar os da frente, sabendo que em bruços lhes ganhava vantagem que iria tentar conservar a crawl. Ao contrário das últimas duas edições não deu para a medalha. Deu “apenas” para voltar a mostrar a enorme categoria e espírito competitivo do nadador português e isso nos orgulha na mesma medida de uma medalha.

Foto: FPN

Alexis Santos

O sportinguista tem melhor currículo em piscina longa, mas em piscina de 25 metros já chegou à final dos 200 estilos nos últimos Europeus, em Netanya, onde foi 8º classificado.

Entretanto já foi semifinalista desta prova nos Jogos do Rio e semifinalista nos Mundiais de Budapeste, este ano. Partia com o 12º melhor tempo de inscrição e nadava na pista 6 da série 4, com o tempo de inscrição de 1:55.77 (tem de RP 1:55.40).

Tal como Diogo, também saiu bastante controlado, tendo em conta os parciais que costuma fazer em mariposa e costas (25.17 + 28.87), virando em 5º lugar aos 100 metros. Já o percurso de bruços foi o mais rápido da sua carreira (33.51) e no parcial de crawl foi o nadador mais rápido de todos os que nadaram os 200 estilos (27.57), o que resultou num novo record pessoal de 1:55.14, no 2º lugar da série, no 6º tempo final e passaporte para nadar a final, onde voltamos a ter dois representantes portugueses.

Na final da tarde a táctica devia ser semelhante à de Diogo Carvalho nos primeiros 100 metros, ou seja, sair forte, no caso de Alexis para depois minimizar as perdas a bruços e atacar com o seu crawl que está cada vez melhor.

Se era mesmo essa a táctica gizada, foi mesmo assim que aconteceu. Aliás, Alexis passou apenas 1 centésimo de segundo à frente de Diogo a meio da prova, com o sportinguista a fazer 24.71 a mariposa (apenas mais um centésimo que Diogo) e 28.41 a costas (apenas menos 2 centésimos que Diogo). Bruços foi de facto o estilo mais fraco e Alexis fez o pior parcial dos oito finalistas (33.68), mas os seus últimos 50 metros voltaram a ser fortes, não tão fortes como de manhã (28.05), mas o suficiente para marcar um novo record pessoal de 1:54.85.

Melhorou uma posição face ao resultado feito em 2015 e foi 7º classificado.

Foto: FPN

Gabriel Lopes

Gabriel era o terceiro representante português na série 4 dos 200 estilos. Depois de ter batido o record nacional dos 100 costas no dia de ontem, o nadador do Louzan Natação voltou a entrar em acção no dia de hoje, na sua prova de eleição.

Lopes vinha inscrito com o tempo de 1:59.21, um tempo longe da sua verdadeira valia (tem de máximo pessoal 1:56.45) que o colocava com o 30º tempo de entrada.

Se na mariposa fez um percurso mediano em relação ao que costuma fazer (25.84), em costas esteve muito bem e realizou o terceiro melhor percurso entre todos os nadadores que participaram na prova (28.27). Foi, igualmente, o seu melhor percurso de costas nos 200 estilos de sempre. Também em bruços esteve ao seu melhor nível e pela primeira vez nadou abaixo de 34 segundos (33.82). Em crawl nadou em 28.21, pior do que fez aquando do seu RP, mas ainda assim chegou para o superar. A sua nova melhor marca é de 1:56.14 que lhe valeu o 12º lugar final.

A final fechou em 1:55.35, mas para Gabriel lá chegar teria de fazer melhor do que o tempo de Alexis Santos, uma vez que só dois nadadores por país podem nadar na final.

Ficou o registo e a perspectiva de amanhã melhorar mais um record pessoal, desta vez nos 100 metros estilos.

Foto: FPN

João Vital

Portugal participou com quatro nadadores nos 200 metros estilos, o que mostra bem o nível que esta prova tem neste momento no nosso país.

Depois do excelente resultado que o nadador do Sporting conseguiu obter nos 400 estilos, chegando à final com novo record pessoal, o principal objectivo para estes campeonatos estava mais do que alcançado para o nadador lisboeta, no entanto não ia deixar escapar esta oportunidade para voltar a evidenciar o seu excelente momento de forma.

Vital surgia com o melhor tempo da 2ª série, com o seu máximo pessoal de 2:02.12, feito há cerca de um mês no Meeting Internacional do Algarve. Ao contrário dos seus companheiros de selecção, no percurso de mariposa fez o seu melhor de sempre (26.30). Veio o percurso de costas e pela primeira vez nadou abaixo de 30 segundos (29.63). Em bruços continuou a manter o bom ritmo (35.27) e só em crawl não nadou no seu melhor de sempre (fez 29.00), mas já era impensável não bater o seu record pessoal.

Nadou em 2:00.20, muito perto de baixar a barreira dos 2 minutos e vencendo a sua série. Na geral final foi o 37º classificado, melhorando o 41º lugar de entrada. No ranking dos melhores portugueses de sempre, ascendeu ao 10º lugar, mais um indicador do forte nível desta prova em Portugal, principalmente considerando que 6 dos 9 nadadores que estão à sua frente se encontram no activo.

Foto: FPN

Miguel Nascimento

Definitivamente nesta fase da carreira, o nadador do Benfica está cada vez mais vocacionado para nadar provas de média distância como 200 livres e 200 mariposa. É normal que não deixe completamente de lado provas como os 50 metros livres, onde está tão perto dos recordes nacionais, quer em piscina curta, quer em piscina longa, mas o foco da sua preparação não é esse.

E nestes Europeus, na prova de 50 metros livres foi isso que ficou patente. Vinha inscrito com o seu record pessoal feito em Windsor de 21.92 e ia nadar na pista 6 da série 5 (de 8 séries).

O tempo final foi de 22.12, que foi só 20 centésimos mais lento que o seu melhor, mas o que é certo é que esta marca é apenas a sua 6ª melhor da carreira.

Ficou posicionado no 46º lugar, piorando o 37º lugar de entrada.

Amanhã nadará os 100 metros livres estando inscrito com os 48.00 feitos em Windsor e deverá comprovar esta nossa teoria de que, por agora, quanto mais metros, melhor.

Foto: FPN

Victoria Kaminskaya

A nossa única representante feminina do dia apresentou-se para nadar os 200 metros mariposa, uma prova onde surgia com o 17º tempo de inscrição, com 2:10.65 – tempo feito na etapa de Moscovo da Taça do Mundo – alinhando na pista 7 da 2ª série.

O seu melhor tempo é de 2:10.32 e era a mira da nadadora que já nestes europeus foi 6ª classificada nos 400 estilos.

A nadadora do Estrelas de São João de Brito partiu muito rápida e passou a meio a prova em 1:01.72, sendo impulsionada por uma série que ia muito renhida, com sete nadadoras a nadarem na casa do 1:01 aos 100 metros. Dos 100 para os 150 metros ainda subiu uma posição na série, mas nos últimos 50 metros já sentiu um pouco o ritmo elevado e terminou em 34.94. Apesar da ligeira quebra, foi suficiente para fazer novo record pessoal com o tempo final de 2:10.14.

A sua classificação final foi o 15º lugar.

Amanhã Victoria Kaminskaya entra em acção nos 200 metros estilos, com a missão de resgatar o seu record nacional perdido para Diana Durães há uma semana no Porto. Mais uma vez tem o 17º tempo de entrada, mas vale mais do que os 2:14.48 com que está inscrita.

Foto: FPN,

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