O (Meio) Fundo Nacional: 6 nomes para o futuro

Pedro PiresAbril 6, 20198min0

O (Meio) Fundo Nacional: 6 nomes para o futuro

Pedro PiresAbril 6, 20198min0
O Planeta do Atletismo revela 6 nomes que são o futuro do (meio) fundo nacional com destaque para atletas do Braga, Benfica, Sporting e Taipas. Sabes quem são?

Muito já se tem falado da crise do fundo (incluindo meio-fundo) nacional. Embora seja verdade que, na atualidade, o panorama não pareça favorável e esteja bastante longe de outros tempos, a realidade é que há boas expetativas de que algo possa mudar no futuro.

Mariana Machado (SC Braga)

Treinadora: Sameiro Araújo

12/11/2000 (18 anos)

1.500 metros: 4:13.31

800 metros: 2:06.97

O primeiro nome é o da atleta que todos associam quando falamos do “futuro do fundo”. Mariana Machado tem provado desde bem cedo que é muito mais do que uma “filha de ex-atleta” e aos 18 anos já tem o recorde nacional júnior dos 1.500 metros, ao ar livre e em pista coberta. Tem mais esta temporada para melhorar ainda mais essa sua marca (fará 19 em Novembro deste ano) que, para já, ao ar livre, vai nos 4:13.31 obtidos em Junho do ano passado em Huelva, destronando uma marca com mais de 30 anos da grande Fernanda Ribeiro (situação que se viria a repetir este ano na pista coberta).

A marca coloca-a também como a 5ª sub-23 mais rápida da história nacional. Um mês depois foi aos Mundiais Juniores de Tampere correr o 2º melhor tempo da sua carreira para alcançar o 4º lugar nos Campeonatos, a melhor classificação de um português nestes Campeonatos desde o 4º lugar de Patrícia Mamona no Triplo em 2006.

A atleta, que é filha de Albertina Machado – que foi 7ª na final dos 10.000 metros dos Mundiais de Roma em 1987, por exemplo -, tem também um bastante interessante recorde pessoal dos 800 metros, em 2:06.97, marca que a coloca como a 7ª melhor júnior de sempre nessa distância. Este ano já venceu os 3.000 em Pista Coberta nos Nacionais Juniores e no Nacional de Seniores ficou com o 2º lugar nos 1.500 e nos 3.000!

Com um estilo de corrida agressivo, não tendo qualquer medo de assumir as provas independentemente das adversárias, a nossa previsão é que muito ouviremos falar de Mariana durante bons largos anos. A nível internacional, este ano deverá ser uma das nossas maiores apostas para os Europeus de Sub-20.

Etson Barros (SL Benfica)

Treinador: Paulo Murta

16/03/2001 (18 anos)

2.000 Obstáculos: 5:46.11

Etson foi medalhado de Bronze nos Europeus Sub-18 (Juvenis) do ano passado, nuns campeonatos em que até chegava com estatuto de favorito, pois na altura dominava os rankings europeus dos 2.000 metros obstáculos. Com um estilo de corrida muito diferente do que estamos acostumados a ver em provas do género, mas que incrivelmente parece resultar – e de que forma! – para o atleta, já se estreou em 2019 a realizar a prova dos 3.000 indoor nos Nacionais Sub-20 de Braga, com uma vitória. Etson é também por larga margem o recordista nacional juvenil dos 2.000 obstáculos (5:46.11), sendo na verdade o único a ter baixado dos 6 minutos.

Ainda estamos cedo, mas será interessante perceber que rumo irá tomar a carreira de Etson, nos dois anos antes da transição para sénior. Sabemos que a nível internacional, os obstáculos têm praticamente dono a nível mundial, embora a situação seja bem diferente a nível europeu.

Ainda assim, as condições físicas do atleta fazem-nos crer que poderá terá alguma propensão para ser igualmente forte em distâncias mais curtas sem barreiras. Irmão de uma promissora marchadora – Edna Barros – o atleta assinou no final da temporada passada pelo Benfica (pertencia ao CO Pechão), mas, para já, mantem-se a viver no Algarve, mantendo também o mesmo treinador.

Etson Barros (Foto: Sul Informação)

Patrícia Silva (SL Benfica)

Treinadora: Susana Cabral

09/12/1999 (19 anos)

800 metros: 2:06.45

1.500 metros: 4:17.90

Também filha de atletas, Patrícia Silva tem, sem dúvida, um grande exemplo desportivo a seguir no seu pai, Rui Silva. Rui Silva, ao serviço do Sporting e de Portugal, alcançou a glória em várias competições internacionais, tendo sido, por exemplo, campeão mundial em pista coberta (em Lisboa), 3 vezes campeão europeu em pista coberta e medalhado ao ar livre em Europeus, Mundiais e Jogos Olímpicos na distância dos 1.500 metros (também conquistou medalhas importantes nos 3.000 indoor). Nos 1.500, Patrícia já correu em 4:17.90, uma marca que a coloca como a 6ª melhor júnior de sempre a nível nacional.

Nos 800 metros, o seu recorde pessoal de 2:06.45 coloca-a como a 5ª melhor júnior da história nessa distância, mostrando que a atleta não tem dificuldades a adaptar-se a ambas as distâncias. No dia desse recorde pessoal bateu Mariana Machado e as duas podem vir a cruzar-se várias vezes no futuro.

Apesar de parecer sentir-se mais à vontade nos 800 (pelo menos, a regularidade das marcas assim o indicam) escolheu participar nos 1.500 dos Mundiais Sub-20 do ano passado, onde não conseguiu atingir o seu melhor nível. Na sua primeira época a competir com os mais velhos, será um ano de aprendizagem, não esquecendo que há Europeus de Sub-23 em Julho. Para lá estar, basta fazer entre Abril e Junho o mesmo que já fez no ano passado em ambas as distâncias.

João Peixoto (SC Braga)

Treinador: Rui Medeiros

15/09/2001 (17 anos)

800 metros: 1:49.42

Foi a grande surpresa dos Europeus Juvenis da temporada passada. Entrou nos Europeus com um melhor pessoal nos 800 metros de 1:53.21 e viria a melhorar por duas vezes essa marca, tendo corrido na final em incríveis 1:49.42, marca que lhe valeu a surpreendente medalha de Bronze desses Campeonatos.

É a melhor marca que um português alguma fez em idade juvenil (foi o primeiro a baixar dos 1:51) e coloca-o já como o 6º mais rápido júnior nacional da história! Mesmo em idade juvenil, a marca posicionou-o como o 3º português mais rápido (de qualquer escalão) em 2018.

Este ano abriu a temporada a correr em 1:55.05 em pista coberta (vencendo a prova do Nacional de Clubes), retirando mais de 2 segundos àquele que era o seu melhor em ambiente indoor e parecendo mostrar que o que aconteceu em Gyor foi surpreendente, mas parte de um processo que está a dar frutos.

Terá uma dura temporada, onde terá que enfrentar a dura concorrência de Marcelo Pereira e Nuno Pereira, num dos trios mais interessantes para acompanhar durante esta temporada. Caso repita, nos próximos 3 meses, o feito de baixar do 1:50, marcará presença nos Europeus Juniores.

João Peixoto (Foto: ESEV)

Marcelo Pereira (NA Taipas)

Treinador: Manuel Pacheco

27/05/2000 (18 anos)

800 metros: 1:49.49

Era até à entrada em cena de João Peixoto o maior destaque (júnior) da temporada 2018 no meio-fundo, tendo baixado pela primeira vez do 1:50 em Maio, sendo na altura o único júnior a fazê-lo ao ar livre (João Fonseca fez em pista coberta em 2015) desde 2009.

Melhorou essa marca para 1:49.51 no início de Junho em Huelva, tendo ainda melhorado para 1:49.49 nas semifinais dos Mundiais Juniores de Tampere, poucos dias depois de João Peixoto ter feito ainda melhor em Gyor. É mais velho um ano que Peixoto, da mesma idade que Nuno Pereira e a proximidade de idades poderá ser excelente para o desenvolvimento dos 3 atletas. Para já, Marcelo parece consistente com 3 provas abaixo do 1:50 e uma em 1:50 na temporada passada.

Este ano, além dos desafios a nível nacional, poderá também marcar presença nos Europeus Sub-20. Para já, apesar de não ter alcançado o título nacional indoor, conseguiu já melhorar o seu recorde pessoal para 1:51.95 no Meeting de Braga, o que permite perceber que está a caminhar na direção certa.

Pereira (Foto: FPA)

Nuno Pereira (Sporting CP)

Treinador: Diogo Sousa

27/11/2000 (18 anos)

800 metros: 1:50.04

800 metros indoor: 1:50.22

A nível nacional, Nuno Pereira foi um dos maiores nomes da temporada passada…também nos 800 metros! Apesar de não ter tido a exposição internacional que Marcelo ou João tiveram, o atleta, que na altura representava o Estreito (e que agora representa o Sporting), foi campeão nacional júnior nos 800 e nos 1.500 metros, sendo que este ano já voltou a somar mais títulos, com a conquista do título nacional indoor nos 1.500 e dos 800 metros (este último na prova sub-20). Será certamente o próximo a bater à porta do 1:50 nos 800, uma vez que tem como melhor pessoal ao ar livre os 1:50.04 que correu no ano passado, sendo que neste ano em pista coberta já correu em 1:50.22!

Como já referimos, será uma temporada que valerá muito a pena acompanhar – a dos 800 metros em Juniores – e todos os 3 atletas têm mais do que legítimas aspirações de marcar presença nos Europeus de Borås. A marca que Nuno Pereira obteve este ano colocou-o no 4º lugar da história de juniores em pista coberta e é nossa aposta que este ano entrará também no top-10 da história ao ar livre.


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