Duo lisboeta na liderança partilhada após quatro jornadas

José NevesNovembro 6, 201810min0
Quatro jornadas já ficaram para trás, e com elas, três jogos grandes com implicações na luta pelo título de campeão nacional. Neste artigo iremos dissecar os números, olhar para as surpresas, para as decepções, e para os destaques deste início de temporada.

Uma época de 2018-19 que desde cedo prometeu ser mais equilibrada e exigente que as anteriores, mas que está, nestas rondas inaugurais, a superar as expectativas, com equipas recém promovidas da segunda divisão a alcançar resultados surpreendentes, e com os candidatos ao título separados por apenas um ponto, estando águias e leões na liderança partilhada do campeonato.

Classificação à 4ª jornada (Foto: hoqueipatins.pt)

Ao olhar para a tabela classificativa várias coisas saltam à vista. Desde logo com os quatro candidatos ao título de campeão nacional a ocupar já as quatro primeiras posições, com as quatro formações separadas por apenas um ponto.

O FC Porto apresenta-se como a equipa mais goleadora com 23 golos apontados, para os quais contribuíram as goleadas nas duas jornadas inaugurais frente ao Oeiras (7-1) e à Juventude de Viana (8-2). Ocupa a terceira posição após a primeira derrota da temporada, na deslocação ao pavilhão do Benfica, num jogo que perdeu com um golo de Nicolia no último segundo da partida, e em que averbou um impressionante e pouco comum número de 8 cartões azuis.

Benfica esse que partilha a liderança com o vizinho Sporting, tendo já disputado três dos seis jogos frente a rivais directos. Um empate a abrir no terreno do campeão Sporting, uma vitória arrancada a ferros em casa da Oliveirense, e uma outra vitória com o golo da vitória no último segundo frente ao Porto, deixam as águias numa óptima posição ainda que numa fase embrionária do campeonato.

Clássico da 4ª jornada deixou águias na liderança (Foto: Carlos Silva)

Já o campeão Sporting, apesar da liderança partilhada, ainda não se encontrou nos jogos até agora realizados. Volta, tal como na temporada passada, a mostrar-se um nível acima da restante concorrência na meia pista defensiva, mas tem apresentado dificuldades em introduzir a bola nas balizas adversária. Os 11 golos marcados são, neste momento, o 5º pior registo do campeonato, um aspecto negativo da temporada leonina que poderá ser revertido se jogadores como Ferran Font ou o reforço Raul Marín, que juntos contabilizam apenas 3 dos 11 tentos dos leões, consiguirem em jogos futuros apresentar números idênticos aqueles que registaram em épocas anteriores.

A Oliveirense iniciou o campeonato com duas goleadas – 8-3 frente à Juventude de Viana e 5-0 no terreno do Paço de Arcos – mas apresentou nas últimas duas jornadas falhas que custaram aos comandados de Renato Garrido o primeiro lugar. Com uma derrota por 3-1 em casa frente ao Benfica, num jogo em que erros individuais de Jordi Bargalló e Marc Torra acabaram por ditar uma derrota num jogo que a Oliveirense, em vantagem no marcador, controlava nos instantes finais. E uma vitória pela margem mínima no campo do Tomar, mantida graças a Xavier Puigbi, que nos último minuto e meio de jogo parou dois livres directos para carimbar os três pontos para a equipa de Oliveira de Azeméis. Longe ainda de convencer, a Oliveirense terá nas duas próximas rondas, dois testes à sua capacidade de se manter na luta pelo topo, com a visita ao Sporting, e a recepção ao FC Porto.

Do 5º ao 14º, equilíbrio não falta

Em épocas recentes foi fácil verificar que, abaixo das equipas pretendentes ao título, três outras formações se destacavam das restantes. Barcelos, Valongo e Juventude de Viana, sempre se apresentaram como concorrentes ao 5º posto, e dificilmente outro conjunto conseguiria discutir os 5º, 6º e 7º lugares com as três formações nortenhas, excepção feita ao HC Turquel em 2015-16, e ao SC Tomar na época transacta.

Nesta nova temporada essa diferença entre esses três conjuntos e os restantes parece ter desaparecido. O equilíbrio é notório, como mostram as vitórias do Riba d’Ave frente ao Valongo ou do Marinhense em casa da Juventude de Viana, mas não são só os resultados que traduzem esse equilíbrio, também os vários jogos já realizados entre equipas abaixo do 5º lugar são demonstrativos da paridade existente esta temporada entre todas as equipas não candidatas ao título.

Promovidos a surpreender

Olhando para a tabela, e tendo em consideração a previsão de época que era feita na generalidade dos adeptos a todas as equipas, duas formações saltam à vista pelas excelentes campanhas que estão a realizar, o Riba d’Ave e o Marinhense. Dois recém-promovidos aos escalão principal, ambas as equipas conquistaram pontos onde não seria de todo esperado, contribuindo bastante para o equilíbrio acima referido.

O Riba d’Ave não tinha um início de calendário fácil, e não seria de todo descabido se, nesta altura do campeonato, não amealhasse qualquer ponto. A equipa minhota não era favorita em nenhuma das quatro partidas realizadas, mas a verdade é que dessas, apenas foi derrotada em uma, na recepção ao Sporting. Os sete pontos que contabiliza neste momento foram conquistados em dois dos pavilhões tradicionalmente mais difíceis para qualquer equipa – vitória em Turquel por 2-0, e empate em Barcelos 4-4 – aos quais se juntam uma vitória caseira por 2-1 frente ao Valongo.

Riba d’Ave de Hugo Azevedo está a surpreender (Foto: Riba d’Ave Hóquei Clube)

Um percurso impressionante daquela que foi, das três equipas promovidas, a única que não se reforçou no estrangeiro, e que conta com nove jogadores que na temporada transacta competiam na 2ª Divisão Nacional, a única excepção é Nuno Pereira que alinhava no Valença. Uma prova da competência do Riba d’Ave, e dos seus técnicos e responsáveis, e igualmente, uma prova da qualidade da 2ª Divisão Nacional.

Mais a sul, na Marinha Grande, mora a outra das surpresas para já do campeonato. Apesar de duas derrotas nas duas jornadas inaugurais, a equipa de Tiago Sousa somou outras tantas vitórias nas partidas seguintes, com a recepção vitoriosa ao Oeiras por 7-3, e a vitória na deslocação a Viana do Castelo por 4-2. Com um reforço de última hora que se mostrou importante em ambas as partidas, o chileno Nicolas Carmona, o Marinhense apresenta um registo 100% vitorioso desde a chegada do jogador ex.Asturhockey.

Viana, a decepção

O lanterna vermelha do campeonato é, para já, uma surpresa pela negativa. A Juventude de Viana soma apenas um ponto, tantos como o Paço de Arcos, e apesar do início de calendário ter sido exigente para os vianenses, com derrotas, e goleadas, frente a Oliveirense e Porto, as duas partidas seguintes mostraram uma equipa abaixo das expectativas. Um empate a 6 no Pavilhão das Goladas, em Braga, e uma derrota caseira frente ao Marinhense, deixam a equipa de André Azevedo na 14ª e última posição da tabela classificativa.

Apesar de um dos melhores marcadores do campeonato ser jogador da Juventude de Viana, o francês Remi Herman leva 5 golos, a turma de Viana do Castelo é a pior defesa do campeonato com 26 golos sofridos, uma média superior aos 6 golos por jogo. Um número alarmante para André Azevedo que quererá certamente melhorar a eficácia defensiva nos próximos jogos.

O caso curioso do HC Turquel

O HC Turquel soma 3 pontos no campeonato, fruto da vitória caseira frente ao vizinho Marinhense por 2-1, e se olharmos para os números da equipa da “Aldeia do Hóquei” reparamos que o Turquel tem um excelente registo defensivo, mas muito mau ofensivo.

O Turquel é, a par de Benfica e Porto, a 3ª melhor defesa do campeonato, e a única equipa não candidata ao título com menos de 10 golos sofridos, ainda assim o Turquel é o pior ataque da prova com apenas 4 golos marcados em outros tantos jogos, sendo que em dois deles não conseguiu marcar qualquer golo. Uma das razões da ineficácia alvinegra poderá estar no facto de Vasco Luís, principal artilheiro da equipa em todas as épocas na última década, ainda não ter colocado a bola no fundo das redes esta temporada – André Moreira com 3 golos e Luís Silva com 1, são os marcadores dos golos do Turquel no campeonato – sendo que o Turquel é também a única equipa do campeonato que ainda não conseguiu marcar qualquer golo de bola parada.

O registo defensivo acaba por ser ainda mais de realçar, uma vez que o Turquel perdeu no defeso duas referências da sua meia pista defensiva (Marco Barros e Pedro Vaz), estando para já Diogo Almeida a cumprir com a difícil tarefa de render um guarda redes que deixou um enorme legado na equipa. Se mantiver o caminho para a sua baliza fechado, é provável que a equipa de Nelson Lourenço possa subir na classificação, consigam os avançados mostrar uma maior eficácia em frente à baliza.

Turquel tem mostrado desacerto na hora de rematar à baliza (Foto: Hóquei Clube de Turquel)

Um início marcado pelas lesões

O hóquei é uma modalidade onde as lesões não são muito comuns, são várias as equipas que realizam a totalidade de uma temporada sem problemas graves de lesões. Neste início de época algumas equipas não têm tido a sorte do seu lado, o Marinhense e o Paço de Arcos viram-se privados de dois elementos por tempo indeterminado, e também o Sporting não conta com a totalidade dos seus 12 jogadores.

Em Alvalade a vítima foi Vítor Hugo, que se lesionou no jogo da 2ª jornada em Riba d’Ave, desconhecendo-se o tempo de paragem para o internacional português. Na Marinha Grande, Pedro Coelho, melhor marcador do Marinhense na temporada passada, saiu lesionado da partida em Turquel, não se conhecendo a gravidade da lesão, e Filipe Almeida acabou por falhar a deslocação a Viana do Castelo com uma contusão, mas deverá regressar brevemente.

O caso mais grave das lesões mora no “Casablanca”, o Paço de Arcos perdeu os seus dois avançados interiores no espaço de uma semana, e ambos com paragens prolongadas. Nelson Ribeiro, principal artilheiro na pré temporada do Paço de Arcos, saiu lesionado do jogo frente à Oliveirense, da 2ª jornada, com um problema no ombro que o deverá fazer perder os restantes jogos de 2018, três dias depois, na visita ao Dragão Caixa, o jovem Filipe Fernandes fracturou o perónio, uma lesão de maior gravidade que deixará o avançado ex.Benfica B de fora por tempo ainda mais prolongado.

Um início de temporada difícil para algumas equipas, em especial para o Paço de Arcos, sendo estas lesões a maior mancha de um excelente início de campeonato.

Nelson Ribeiro, uma das referências do novo Paço de Arcos, é baixa para os próximos jogos (Foto: HoqueiPT)

Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS