Guarda-Redes: posição ingrata, mas fundamental para a equipa

Rafael RaimundoDezembro 15, 20185min0

Guarda-Redes: posição ingrata, mas fundamental para a equipa

Rafael RaimundoDezembro 15, 20185min0
Guarda-redes está lá é para defender? Não só, no futsal o guarda-redes desempenha um papel muito mais importante do que apenas defender a sua baliza. No futsal o último homem define táticas também.

No futsal a posição de guarda-redes é das mais ingratas. Primeiro porque de qualquer lado pode sofrer um golo e depois porque numa questão de segundos está numa situação de desvantagem numérica face ao adversário. Uma linha defensiva ultrapassada e a equipa adversária tem vantagem sobre o guarda-redes.

Diz-se na gíria que o guarda-redes é o último defesa e o primeiro atacante e esta é uma frase que se adequa na perfeição ao futsal. A defender é o pivô (o jogador que joga mais perto da baliza contrária) o primeiro defesa, mas a atacar é do guarda-redes que nascem muitas das ocasiões de golo.

Quando a defender o guarda-redes é aquele que deve ter a “maior voz” dentro da quadra, isto porque sendo o jogador mais recuado é quem vê o jogo todo de frente e, percepcionando as movimentações dos adversários, ajusta a sua equipa a defender.

Uma indicação errada dada e é uma oportunidade de golo para os adversários. O facto de só por si o campo ser de tamanho reduzido aumenta o nível de concentração para 100%. Num segundo a equipa pode estar prestes a fazer um golo e no seguinte pode ser a outra a fazer um golo.

Por esta razão, e por outras, também, é que nem todos os guarda-redes conseguem chegar ao nível mais alto. Para lá chegar necessitam de outras coisas e é precisamente aqui que queremos chegar.

Se é a posição é ingrata a defender também a pode tornar decisiva a atacar e não raras vezes isso acontece. Veja-se o caso de Guitta, Roncaglio, Marcão, Bébé ou André Sousa.

Fotografia: Instagram Guitta

Em ataque é frequentemente do guarda-redes a decisão da forma de atacar. E passamos a explicar:

Veja-se o caso de Roncaglio no Benfica, Guitta e André Sousa no Sporting e Marcão no Belenenses. Nas respetivas equipas eles fazem parte de muitos momentos ofensivos. Seja para “libertar” a equipa da pressão alta adversária – frequentemente o guarda-redes pisa o meio campo contrário para obrigar a equipa que pressiona a baixar as linhas à mercê de ficar com a tal “desvantagem numérica” que acima falámos – para permitir jogadas trabalhadas em bolas paradas ou criar a indefinição aos adversários.

Quantas vezes em foras laterais se vê o guarda-redes a posicionar-se na linha lateral do lado contrário? Quantas vezes, mesmo a ganhar, o guarda-redes sobe até ao meio campo adversário e a equipa por momento joga de 5×4? Muitas.

É precisamente a capacidade que as equipas têm de conseguir fazer isto que as distingue das demais. Primeiro porque é mais um jogador envolvido no ataque e depois porque a conseguirem realizar estes momentos atacantes vão sempre condicionar a equipa que defende a baixar as linhas defensivas e a jogarem consoante o que a equipa que ataca quer.

O guarda-redes do Benfica já decidiu dois jogos esta temporada por estas mesmas situações. O facto de ter “subido” na quadra obrigou a defesa contrária a escolher o jogo que iria ficar liberto de marcação.

Nas duas vezes optaram, e bem, por deixar o guarda-redes sem pressão, contudo o facto de Roncaglio jogar muito bem com os pés e rematar ainda melhor fizeram com que a equipa sofresse golo. Num dos jogos ditou a vitória quando o marcador contava o último segundo do encontro.

Por estas razões podemos concluir que a posição do guarda-redes é a mais vulnerável, podendo ir de uma exibição espectacular a uma exibição mediana ou vice-versa. Destacam-se aqueles que têm capacidade metal para não ceder a qualquer lance menos bom e não entrarem em êxtase com um lance que originou golo para a sua equipa. Não só fisicamente o guarda-redes tem de estar num nível de concentração muito alto.

Teoricamente, é assim que deve ser, mas nada melhor que ver futsal para o comprovar e o campeonato português é um excelente plano para isso.

Neste momento o Benfica está na frente da prova, com o Sporting muito perto de ti. São cincos os pontos que separam os eternos rivais.

Na tabela classificativa estão cinco equipas muitos próximas umas das outras. Do 3º ao 7ºlugar, inclusive, as equipas têm três pontos de diferença. Na frente desta segunda linha está o Módicus e a AD Fundão, e logo de seguida está respetivamente o Leões de Porto Salvo (equipa de Bébé), o Eléctrico (uma das grande surpresas deste campeonato) e o Braga AAUM que está agora a recompôr-se de um início de época algo atribulado.

A compor o leque de equipas apuradas para a Taça da Liga de Futsal (prova para a qual se qualificam os oito primeiros classificado na primeira volta da Liga SportZone) está ainda o Futsal Azeméis (uma agradável surpresa também).

Nos melhores marcadores a tabela é liderada conjuntamente por três jogadores: Diego Cavinato (Sporting), Matheus (Burinhosa) e Joel Queirós (Módicus).


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