Portugal novamente campeão europeu

André CoroadoSetembro 8, 20204min0

Portugal novamente campeão europeu

André CoroadoSetembro 8, 20204min0
A selecção nacional de futebol de praia sagrou-se pela sétima vez na História campeã europeia, ao vencer a Superfinal na Nazaré, após triunfo por 5-4 diante da Suíça. Que ilações tirar da competição?

A selecção portuguesa de futebol de praia voltou a conquistar a Liga Europeia de Futebol de Praia, pela sétima vez na sua História. Trata-se também do segundo título consecutivo, após o êxito de 2019 na Figueira da Foz, alcançado há precisamente um ano. Desta vez, em virtude da pandemia, a Superfinal contou com um menor número de participantes e um formato adaptado, mas nem por isso deverá ser desvalorizado o título luso: Portugal fez o pleno de vitórias, vencendo todos os adversários em prova e conquistando 12 pontos num total de 12 possíveis, tendo superado sucessivamente França, Alemanha, Ucrânia e finalmente a Suíça no caminho para a glória continental. O Estádio do Viveiro – Jordan Santos testemunhou assim mais um momento histórico na modalidade que vem confirmar e prolongar ainda mais o bom momento de Portugal no ano passado.

Há algumas notas que julgamos pertinente analisar. Uma delas prende-se com a ausência de Jordan Santos, o actual melhor jogador do mundo afastado dos areais por lesão até hoje. Naturalmente que não poder contar com o melhor do mundo, ainda para mais numa competição preparada durante um intervalo de tempo muito curto, constitui uma contrariedade acrescida para qualquer equipa, assim como o sabor agri-doce de jogar em casa com um estádio vazio. No entanto, a equipa das quinas demonstrou um espírito de união e solidariedade imbatível dentro e fora de campo, que se traduziu expressivamente nas prestações realizadas, em particular nos bons índices defensivos obtidos – apenas 7 golos sofridos em 4 partidas, sendo que 4 deles foram obtidos pela Suíça, sempre muito demolidora do ponto de vista ofensivo. Além disso, cumpre-nos destacar o papel importante de André Lourenço, incumbido da difícil missão de preencher a vaga de Jordan no trio maravilha habitualmente formado com Bê e Léo Martins.

O quarteto formado por Coimbra, André, Bê e Léo soube adaptar o seu jogo às circunstâncias, tendo as dinâmicas evoluído ao longo da competição e atingido o seu apogeu numa exibição de grande caudal ofensivo diante da formação helvética.

Destacamos também o sucesso da aposta na renovação do plantel. Se André Lourenço e Von eram já apostas confirmadas na sequência da época passada, há que valorizar igualmente as prestações dos demais elementos habitualmente menos utilizados. É o caso de Batalha, sempre muito competente de todas as vezes que é chamado a representar a selecção nacional, e dos jovens Rúben Brilhante e Rodrigo Pinhal, que apesar de não terem deslumbrado nesta competição mostraram grande segurança enquanto boas apostas para o futuro. Parece-nos que o sistema 2:2 em que esta segunda linha tem vindo a actuar tem também vindo a evoluir, mas deveria ser revisto por forma a tirar maior partido das qualidades técnicas dos seus jogadores. Em particular, acreditamos que se perde a capacidade desequilibradora de criação de espaços de Rúben Brilhante e Rodrigo Pinhal, mas acreditamos que uma maior alternância do 2:2 com a saída em 3:1 poderia criar espaços igualmente para Von, também ele limitado por um sistema 2:2 que restringe a sua liberdade criativa, e o próprio André Lourenço, uma vez alinhando nesta equipa.

Num outro âmbito, pretendemos realçar ainda os exemplos deixados pelos jogadores mais experientes. Elinton Andrade confirmou o seu estatuto de guarda-redes de classe mundial ao arrecadar de forma inquestionável o prémio de melhor guardião da competição, enquanto o inevitável Léo Martins se assumiu como principal goleador da equipa das quinas e acabou mesmo por resolver o jogo decisivo num pontapé de bicicleta, que o próprio não considera ser a sua melhor arma. Todavia, a segurança de Torres ou Coimbra merecem também o nosso aplauso, assim como a experiência de Belchior, que continua a deslumbrar os adeptos de futebol de praia com o seu talento inato.

Em suma, o futebol de praia português mantém-se de boa saúde e a selecção continua a conquistar títulos. Numa altura de grande incerteza em relação ao calendário, o próximo alvo prende-se com a qualificação para o Mundial do próximo ano, agendado para Agosto em Moscovo, na Rússia.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS