Campeonato de Elite de Futebol de Praia regressa na Nazare

André CoroadoJunho 29, 201812min0

Campeonato de Elite de Futebol de Praia regressa na Nazare

André CoroadoJunho 29, 201812min0
Em vésperas da segunda jornada do campeonato de elite de futebol de praia, o Fair Play faz a antevisão das partidas que se realizarão no Estádio do Viveiro, na Nazaré. Sporting, Braga, Casa do Benfica de Loures e GRAP partem em vantagem, enquanto Varzim, Leixões, Vitória e Nacional buscam os primeiros pontos na prova.

A edição de 2018 do campeonato de elite de futebol de praia foi inaugurada ainda antes do início do Verão, na tarde soalheira (e algo ventosa) de 9 de Junho, na Praia do Ouro em Sesimbra – um destino clássico no panorama do futebol de praia português. Porém, a concentração da selecção nacional tendo em vista a participação da mesma nas provas internacionais (Mundialito e Liga Europeia) levou a uma suspensão da prova durante 2 semanas, para regressar em definitivo amanhã: o Estádio do Viveiro, na Nazaré, acolhe a segunda jornada, reunindo um painel de confrontos promissores!

Vitória FC – Leixões SC

O primeiro jogo da tarde opõe duas equipas que não pontuaram em Sesimbra, numa jornada inaugural em que defrontaram os finalistas das últimas 4 edições: se os sadinos foram derrotados pela margem mínima (2-1) pelo campeão em título SC Braga, os homens de Matosinhos averbaram uma pesada derrota (8-3) diante do Sporting CP. Desta feita, num confronto onde não existe um claro favorito, ambos os emblemas estão fortemente pressionados para vencer e amealhar os primeiros pontos diante de um rival directo, numa edição que se prevê muito equilibrada e na qual quaisquer prognósticos seriam muito arriscados. O encontro tem também a particularidade de reeditar o play-off que ditou a descida de divisão do Leixões em 2016, mercẽ da vitória dos setubalenses num encontro que disputaram em casa (Parque Urbano de Albarquel).

Este ano, porém, o Leixões está de regresso ao principal escalão do futebol de praia português, mantendo a base da equipa de anos anteriores e transportando o título de campeão da divisão nacional em 2017. A equipa nortenha protagonizou uma prestação muito positiva na Nazaré Beach Soccer Cup, tendo ficado muito perto de garantir a qualificação para a Euro Winners Cup (Liga dos Campeões Europeus de Futebol de Praia). Com duas vitórias, o Leixões acabou por cair aos pés dos polacos do Boca Gdansk, numa partida sentenciada no prolongamento (5-4), mas deixaram excelentes indicações, mostrando uma equipa equilibrada, coesa defensivamente e dotada de valores técnicos individuais capazes de fazer a diferença. Contudo, o maior destaque da equipa de Matosinhos, Fábio Miguel Costa, autor de 7 tentos, encontra-se neste momento em Israel a disputar o campeonato local, pelo que constitui uma baixa de peso – já sentida na derrota inaugural frente aos leões. As vulnerabilidades defensivas de uma equipa que nunca conseguiu contrariar verdadeiramente o caudal ofensivo do Sporting foram o principal problema do Leixões, que se revelou bastante dependente das bolas paradas de Paulo Neves e Miguel Furtado para incomodar as redes de Mão. O encontro frente ao Vitória representa um começar de novo, uma oportunidade de ouro para conquistar os primeiros pontos da época.

Do outro lado encontra-se um Vitória liderado pelo internacional lusitano Nuno Tavares, um apaixonado pelo clube da sua cidade que deixou a sua marca na partida de estreia da sua equipa. O setubalense assinou o golo do Vitória frente ao Braga num remate fulminante de muito longe e deu alento aos companheiros na luta pelo empate, ainda que os bracarenses tenham conseguido segurar a vantagem. Este ano, Tavares fez-se acompanhar de dois reforços internacionais: o uruguaio Sarandí Sobral, mais conhecido como Pampero, um histórico do futebol de praia cujo palmarés inclui um mundialito de clubes pelo Vasco da Gama, e ainda o pivô inglês Mitchel Day, símbolo do inconformismo na sua selecção durante mais de uma década com uma vasta experiência em diversas ligas europeias.

A equipa completa-se com um conjunto de novos valores provenientes das areias setubalenses e alguns elementos do núcleo duro do VItória em anos anteriores. Se no primeiro jogo a organização defensiva de excelência do adversário obstou á demonstração do real poder desta fusao exótica, a partida frente ao Leixões poderá providenciar o clique do qual a equipa precisa para começar a funcionar como um todo e colocar em prática rotinas que retirem o melhor dos seus jogadores. Para já, a nota mais positiva prende-se com a forma como os sainos se revelaram capazes de travar as investidas do bicampeão europeu Braga, fruto de uma disciplina táctica e entreajuda assinaláveis no plano defensivo. Serão os homens de Matosinhos capazes de transpor semelhante barreira?

Sporting CP – Varzim SC

Num confronto entre os vice-campeões das divisões de elite e nacional de 2017, sportinguistas e varzinistas defrontam-se num duelo para o qual os leões partem como favoritos, mas terão pela frente uma árdua tarefa.

A equipa da Póvoa de Varzim surgiu renovada neste regresso à elite, apresentando muitas caras novas num plantel que mantém elementos do núceo duro como Trajano, Palhinha, Rúben Pereira e o guarda-redes Castiço. Foi com esta conjunto de jogadores 100% poveiros, orientados pelo internacional português Pedro Sousa, que o Varzim se apresentou em muito bom plano na primeira jornada frente ao GRAP, numa partida em que esteve por diversas vezes em vantagem, acabando por perder pela margem mínima após prolongamento (5-4). Em Sesimbra, o Varzim mostrou um sentido colectivo notável, revelando um entrosamento surpreendente para uma equipa tão modificada desde a época anterior e tirando partido dos argumentos técnicos dos seus jogadores (ficou na retina o golo de Peixoto ainda no 1º período), sempre com a atitude e crença características dos poveiros. Porém, o Varzim não conseguiu conter as investidas do já experiente GRAP nos momentos cruciais da partida, acabando por deixar escapar os primeiros pontos. Tendo já perdido pontos para um adversário directo, o Varzim irá procurar corrigir essas situações frente ao Sporting por forma a discutir o jogo e buscar uma primeira vitória na luta pela primeira metade da tabela.

Do outro lado do campo estará o Sporting, sem dúvida o clube que mais se destacou na jornada inaugural, não apenas pelos números contundentes da vitória sobre o Leixões, mas pela qualidade e espectacularidade do futebol de praia praticado. Num plantel onde os internacionais da geração campeã do mundo em 2015 são o destaque inevitável (Madjer, Jordan, Coimbra, Belchior, Zé Maria…), o papel decisivo dos novos valores tem sido determinante, como é o caso do já internacional Ricardinho e o jovem ala defensivo Pedro Eustáquio, em ascensão meteórica. Reforços brasileiros de peso, como Mão e Benjamim Júnior, farão também presenças esporádicas na fase regular, numa equipa onde as individualidades de luxo se fundem num colectivo que impõe uma intensidade vibrante na partida. Um sistema de jogo baseado em 3:1, com movimentações clássicas do futebol de praia executadas na perfeição por intérpretes de assinalável capacidade desequilibradora foram um obstáculo intransponível para o Leixões na primeira jornada, mesmo sem a presença de Jordan. Desta feita, conseguirão os leões dar seguimento à sua senda vitoriosa diante do Varzim?

Belchior estás de regresso ao Sporting esta temporada [Foto: FPF]

CD Nacional – SC Braga

Trata-se de mais uma partida entre equipas que se conhecem bem, atendendo ao vasto historial de embates nos anos anteriores (o último dos quais na final four do campeonato de elite de 2017). O SC Braga parte para o jogo como favoritismo, no entanto não convenceu totalmente na primeira jornada frente ao Setúbal, revelando algumas debilidades que poderão ser aproveitadas pela experiente equipa madeirense.

Os bracarenses, recorde-se, iniciaram o campeonato nacional uma semana depois de se terem sagrado bicampeões europeus na Euro Winners Cup, justamente na Nazaré. Porém, do plantel que alcançou tal façanha, apenas 4 elementos marcaram presença em Sesimbra frente ao Vitória FC: o guardião Nuno Hidalgo, o capitão Bruno Torres, Rudy Viana e Bernardo Botelho. Os actuais campeões em título contaram ainda com Bruno Novo, regressado após lesão, e uma panóplia de jovens valores oriundos das praias do norte do país (muitos deles da Póvoa de Varzim), que responderam à altura do desafio, conforme o atestam os golos de André Nunes e Hugo Ferreira. A solidez defensiva do SC Braga foi igualmente notável numa partida inaugural em que a baliza de Hidalgo raramente foi ameaçada pelos sadinos, mas não se assistiu ao rolo compressor que os bracarenses ameaçavam estender sobre os seus adversários. No regresso à Nazaré, os comandados de Bruno Torres deverão contar com Bê e Léo Martins, mas terão de se manter alerta para evitar serem surpreendidos por um Nacional que estará à espreita do erro bracarense.

Os insulares, por seu turno, inciaram o campeonato com uma derrota diante da Casa do Benfica de Loures (4-1), num jogo mais equilibrado do que o resultado final possa fazer transparecer, mas em que ficou patente uma certa falta de acutilância ofensiva por parte dos madeirenses. Mantendo a base da equipa de temporadas anteriores (o capitão João Jasmins, Gonçalo Leitão, João Pedro Oliveira, o guarda-redes Bruno Estrelinha, o internacional Pedro Vasconcelos SIlva, entre outros), o Nacional reforçou-se esta época com vários atletas provenientes do Vila Franca do Rosário (equipa que se retirou do futebol de praia depois de no ano passado ter disputado o campeonato de elite), sendo por isso um grupo bastante experiente aquele que se encontra às ordens de João Carlos Delgado – o histórico guarda-redes do futebol de praia português regressou ao CD Nacional após uma passagem pela Casa do Benfica de Loures e abraça agora o posto de treinador da equipa madeirense.

Foi nontória a organização defensiva de qualidade no confronto inaugural diante dos encarnados, com o resultado a manter-se em 1-0 até meio do 3º período. Todavia, a equipa alvinegra manteve uma produtividade abaixo do esperado em termos atacantes e, apesar das boas jogadas conseguidas no 3º período, revelou-se muito perdulária no momento do remate, com o único golo a ser apontado por João Jasmins na conversão de uma grande penalidade, já com o resultado em 3-0 favorável aos homens de Loures. Na Nazaré, o Nacional defronta um adversário de peso, mas a disciplina táctica e entreajuda dos insulares já provaram poder causar problemas a qualquer equipa no passado. O regresso de Nuno Soares, afastado da primeira jornada por lesão, poderá também constituir um trunfo adicional na busca da primeora vitória da época.

GRAP – Casa do Benfica de Loures

Em poucos anos, tornou-se um clássico do futebol de praia nacional. Tratam-se de duas equipas que, apresentando uma abordagem muito distinta ao jogo, têm vindo a cimentar o seu estatuto de potências nacionais, numa segunda linha após SC Braga e Sporting CP. Se é verdade que o historial confere claro favoritismo à equipa lisboeta, os leirienses sempre venderam bem cara a derrota em jogos muito disputados. Ingredientes mais do que necessários para perspectivar uma excelente partida!

Tal como já foi mencionado, ambas as equipas iniciaram o seu périplo na divisão de elite com vitórias em Sesimbra. O GRAP teve de sofrer muito para levar de vencido um Varzim SC muito combativo, mas a qualidade técnica de Miguel Carvalho (autor de 3 tentos) e André Lourenço (absolutamente decisivo no triunfo da sua equipa) fizeram a diferença. Os dois jogadores referidos serão porventura os maiores destaques da equipa leiriense (o segundo tem vindo a integrar os trabalhos da selecção nacional), mas não seria justo não destacar o excelente trabalho colectivo de um grupo que tem vindo a evoluir e a amadurecer o seu jogo de ano para ano. Saindo a jogar maioritariamente em 2:2, os Amigos da Paz apresentam uma identidade muito característica em campo que tem vindo a ser aprimorada ao longo do tempo, diversificando as suas armas. Trata-se de um grupo que joga junto desde que o campeonato nacional começou a ser organizado pela federação e, por isso mesmo, onde as rotinas se encontram bem oleadas por um entrosamento notável. Após a conquista do inédito 3º lugar no campeonato nacional do ano passado e a participação honrosa na Euro Winners Cup deste ano, os atletas de Pousos irao lutar para chegar novamente à final four, deslocando-se à Nazaré em busca de mais pontos a acrescentar aos 2 já conquistados em Sesimbra.

Do outro lado estará a equipa que possivelmente mais cresceu nos meses que antecederam a competição. Após uma época menos conseguida em que os comandados de José Miguel Mateus ficaram fora da final four e tiveram de lutar pela manutenção, a Casa do Benfica de Loures restruturou o seu plano de trabalhos e já este ano conquistou a Liga Marvila na pré-época e fui a única equipa portuguesa a apurar-se para a Euro Winners Cup através da Nazaré Beach Soccer Cup, graças a um percurso imaculado que só terminou na fase de grupos da competição principal aos pés do favorito Falfala, de Israel (carregado de estrelas internacionais). No campeonato, a equipa de Loures soube ser paciente para contornar o CD Nacional, num jogo em que deslumbrou mas foi eficaz nos momentos chave do jogo.

Com um plantel equilibrado, que conta nas suas fileiras com o lendário Alan (fez o seu último jogo pela selecção no mundialito, mas vai continuar a dar o seu contributo no clube), os também internacionais Von (alcunha de João Gonçalves) e Luís Vaz, entre outros jogadores que formam uma equipa coesa e bem rotinada. Os paraguaios Carballo e Ojeda, que reforçaram a equipa na Euro Winners Cup, também deverão regressar para a fase decisiva da época. Será por enquanto sem eles que a CBL irá lutar por mais 3 pontos na partida diante do GRAP, esperando-se um duelo equilibrado e uma boa promoção para o futebol de praia.


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